segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A crença ateísta. Parte 1


Olhando para a cosmovisão ateísta, ela basicamente defende, pelo menos, duas doutrinas básicas:
1) Nega a existência de Deus= “É a descrença na existência de um deus, Deus ou deuses específicos, a descrença em conceitos que os homens têm de deus, Deus ou deuses” (CHAMPLIM, p. 363, ).
2) Nega a existência do Sobrenatural= Aqui o ateu está em uníssono com o deísta .Além de ser uma doutrina afirmada por deístas como Voltaire e Antony Flew, bem como por panteístas como Spinoza (apesar e o fazerem por princípios distintos), ela é básica para o ateu. As doutrinas postuladas para chegar a esse objetivo são o naturalismo , que Philip E. Johnson define assim: “O naturalismo supõe que todo o domínio da natureza seja um sistema fechado de causas e efeitos materiais, que não podem ser influenciados por nada do ‘exterior’. O naturalismo não nega explicitamente a mera existência de Deus, mas ele nega que um ser sobrenatural possa de algum modo influenciar os eventos naturais...” (JOHNSON, p. 120); e o materialismo, descrito no livro de Alan Richardson assim: “ O materialismo é aquela doutrina filosófica que diz que as únicas coisas que existem são substâncias materiais. Os fenômenos mentais, a consciência, as sensações e os sentimentos são explicados como modificações da substância matéria _ sem a introdução de substâncias mentais ou espirituais distintivas” (RICHARDSON apud CHAMPLIM, p.158), ou, se o leitor preferir, Geisler e Feinberg definem de maneira mais simples: “ A crença de que a totalidade da realidade é material, que não existem entidades espirituais tais como a alma ou Deus” (GEISLER; FEINBERG, p. 344).
Como argumentos, podemos citar alguns que sempre são trazidos à tona, ainda que com uma roupagem diferente:
O problema do mal: Há várias formulações para esse argumento, mas em Epícuro temos a sua formatação clássica: “Ou Deus quer abolir o mal, e não pode; ou ele pode, mas não quer; ou ele não pode e não quer. Se ele quer, mas não pode, ele é impotente. Se ele pode, e não quer, ele é cruel. Mas se Deus tanto pode quanto quer abolir o mal, como pode haver maldade no mundo?” ( < http://www.apologia.com.br/?cat=9 > acesso em 13 de set, às 15: 15)
O positivismo lógico: O positivismo lógico diz que temos dois padrões para julgar a veracidade de uma proposição:
”A afirmação verdadeira é um raciocínio abstrato como uma equação matemática ou uma definição (e.g., "2 + 2 = 4" ou "todos os triângulos têm três lados"); ou
A afirmação verdadeira pode ser verificada empiricamente por meio de um ou mais dos cinco sentidos” (GEISLER; TUREK, 2004,p.57).

O ônus da prova: Bertrant Russell demonstra essa questão da seguinte maneira: “ Muitos ortodoxos falam como se fosse obrigação dos céticos contraprovar dogmas consagrados, e não dos dogmáticos comprová-los. Isso é, claro, um equívoco. Se eu sugerisse que entre a Terra e Marte há um bule de chá chinês rodando em torno do Sol numa órbita elíptica, ninguém seria capaz de contraprovar minha afirmação, desde que eu tenha tido o cuidado de acrescentar que o bule é pequeno demais para ser revelado até pelos nossos telescópios mais potentes. Mas, se eu prosseguisse dizendo que, como minha afirmação não pode ser refutada, é uma presunção intolerável por parte da razão humana duvidar dela, imediatamente achariam que eu estava falando maluquices. Se, porém, a existência do bule tivesse sido declarada em livros antigos, ensinada como a verdade sagrada todos os domingos e instilada na cabeça das crianças na escola, a hesitação em acreditar em sua existência se tornaria um traço de excentricidade e garantiria ao questionador o atendimento por psiquiatras numa era esclarecida ou por um inquisidor em eras anteriores” (RUSSELL apud DAWKINS, 2006, p. 81). O que ele quer dizer é: se dizemos que Deus existe, devemos apresentar provas, e não o ateu que deve provar que ele não existe.
Na próxima postagem, eu continuo...

Lucio - MCA

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