terça-feira, 15 de novembro de 2011

O Espiritismo: uma avaliação – Parte 2 (Rev. Júlio Andrade Ferreira)

"ESPIRITISMO E INTERPRETAÇÃO

Entendemos que todo o sistema espírita é contrario à Escritura. Visto que citam às vezes a Escritura, pretendendo tê-la a seu lado, importa demonstrar, não só incoerência da citação de um livro cuja autoridade negam, mas também convêm lembrar que não obedecem às regras de sã interpretação ao fazerem tais citações. De fato, as declarações da Escritura devem ser entendidas, não isoladamente, mas em relação ao conjunto, essa relação chamamos de “analogia da fé”. A interpretação deve respeitar o contexto, isto é, as informações do autor, o escopo da obra, os textos paralelos. Toda interpretação tem de ser, por isso mesmo, cristocêntrica.

TEXTOS A RESPEITO DE COMUNICAÇÃO COM OS MORTOS: Essa pretensão de comunicação com os mortos é condenada na Escritura. Os textos explícitos a este respeito são: Deut 18.11; 1 Sam 28; Isaias 8.19; Lucas 16.30,31.

1- Deut 18.11: “Entre ti (Israel) não se achará... nem quem consulte mortos”.
Para tal declaração, Allan Kardec encontra desculpas: a) “Se a lei de moisés deve ser tão rigorasamente observada neste ponto, força é que o seja igualmente em todos os outros”

RESPOSTA: Só por um principio do Novo Testamento devemos abandonar algum preceito da lei mosaica. Esse está confirmado. Veja-se Lucas 16. 30,31
b) “O legislador hebreu queria que seu povo abandonasse todos os costumes adquiridos no Egito, onde as evocações estavam em uso e facilitavam abusos...”

RESPOSTA: “Deus não proíbe bons costumes só por serem de outros povos”
c) “Moisés devia, pois, por política, inspirar aos hebreus aversão a todos os costumes que pudessem ter semelhanças ou pontos de contato com o inimigo.” 

RESPOSTA: “Como se vê, o argumento aqui é o mesmo, acrescido apenas de um novo motivo que só a moral do espiritismo poderia justificar, a saber- que uma coisa lícita ou boa, foi condenada simplesmente por política de moisés contra seus inimigos! E ainda que, por política, se pode caluniar a Deus, atribuindo-lhe a condenação do Ele mesmo realmente condena.”

d) “A evocação dos mortos não se originava no sentimento de respeito, afeição ou piedade para com eles.”

RESPOSTA: “A verdade, porém, à luz da história, pe que não houve povo, na antiguidade oriental, que respeitasse mais os mortos.” Refere-se aos egípcios.

Em face dos textos citados (Deut. 18.11; Isaias 8.19; Lucas 16.30,31) há ainda outrs posição que importa seja esclarecida. O prof. Henrique Mauter acha que a proibição de consultar mortos (implica os textos) de os mortos voltarem. E acha mais que uma possibilidade, se vier a ser provada experimentalmente, não invalidará o valor do Cristianismo como verdadeira fonte de orientação espiritual de formação de caráter.

Quanto a esta posição do Cristianismo não há mesmo dúvida. Há contudo, outros textos como 2 Co 5.1-10; Fl 1.21-25; 2 Pe 2.4-9; Jd 6,7; Ap 6.9-11 que esclarecem algo sobre a situação dos mortos. A possibilidade de sua volta ao mundo, além de inútil e perigosa conforme patente, é tão avessa à situação deles que... o melhor é não esperá-lo [...]

2- Mt 17.1-13: Trata-se da transfiguração que os espíritas pretendem  [que] tenha sido uma sessão espírita. 

Fazemos as seguintes observações: a) Cristo podia ser intermediário entre vivos e mortos, mas não andou envolvido em sessões dessa natureza. A transfiguração foi um fenômeno excepcional (Mt 16.28). b) Cristo preferiu ser “mediador” a ser “médium” ( 1 Tm 2.5,6). C) Cristo proibiu a divulgação da transfiguração, enquanto os homens não tivessem a compreensão de seu papel verdadeiro após a ressurreição (Mt 17.19). d) O s discípulos apresentaram o fato como indicativo da divindade de Cristo; não como espécime de invocação de mortos (1Jo 1.1-4; 2 Pe 1.16). e) Os discípulos viram Moisés e Elias; não consta que estes tivessem falado com eles ou que os tivessem visto. O objetivo da vinda de Moisés e de Elias não foi evidentemente o que o Espiritismo preconiza em outras sessões. f) A lição do incidente coloca Cristo, e não os mortos, como mestre. “Ouvi-o” (Mt 17.5).

Pudesse os espíritas aproveitar todos esses ensinos dos textos citados!"
...(continua)

Rev. Júlio Andrade Ferreira

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