sábado, 9 de março de 2013

Motivo do fracasso das mensagens da cruz

"Homens e mulheres que não foram crucificados não podem proclamar a palavra da cruz e são indignos de fazê-lo. A cruz que pregamos aos outros deve, primeiro, crucificar-nos. A palavra que pregamos deve, primeiro, queimar-se profundamente em nossa vida de modo que nossa vida seja uma mensagem viva. A cruz que proclamamos não deve ser simplesmente uma mensagem. Devemos permitir que a cruz seja nossa vida diária. Então o que pregamos será mais do que uma simples mensagem: será uma espécie de vida que exibimos diariamente. Então poderemos conceder essa vida a outros enquanto pregamos.

  • "Pois a minha carne é verdadeira comida, e meu sangue é verdadeira bebida" (João 6:55).


Quando exercitamos fé a fim de nos nutrirmos da cruz do Senhor Jesus, é como se comêssemos da sua carne e bebêssemos do seu sangue. Em tal exercício espiritual, comer e beber não são meras palavras. Como no reino natural, depois de comermos e bebermos, digerimos o que comemos, de forma que isso se torna parte de nós — isto é, torna-se nossa vida. Nosso fracasso repousa no fato de que demasiadas vezes usamos somente nosso intelecto para examinar Palavra de Deus e somente tomamos com nossa mensagem o que lemos em livros e ouvimos dos pregadores e amigos, e então usamos nossa mente a fim de organizar esse material. Embora tenhamos excelentes pensamentos e tópicos, embora nosso auditório ouça com muita atenção e interesse, nossa obra termina aí, pois somos incapazes de conceder a vida de Deus a eles. A palavra que pregamos é, deveras, a cruz, mas não podemos partilhar a vida da cruz com eles. Tudo o que fizemos foi comunicar-lhes alguns pensamentos e idéias. Não sabemos nós que a necessidade das pessoas não são pensamentos, mas vida?


Vida -  Não podemos dar o que não possuímos. Se tudo o que possuímos é pensamento, só podemos dar pensamentos. Se em nossa vida não possuirmos a experiência da co-morte com Cristo a fim de vencer o pecado e o ego, nem a experiência de tomar a cruz e seguir o Senhor e com ele sofrer; se nosso conhecimento da palavra da cruz é conseguido de livros e das pessoas, conhecimento que nós mesmos não experimentamos, então é certo que não podemos conceder vida; tudo o que podemos fazer é instilar a idéia da vida de cruz na mente das pessoas. Somente quando nós mesmos somos transformados pela cruz e recebemos seu espírito como também sua vida somos capazes de conceder a cruz às outras pessoas.


A cruz deve fazer sua obra mais profunda em nossa vida diária para que possamos ter experiências reais de vitória e também de sofrimentos da cruz. Então, ao proclamarmos a mensagem nossa vida propagar-se-á em nossas palavras, e o Espírito Santo pode fazer fluir sua vida através de nossa vida a fim de saciar a aridez das vidas dos que nos ouvem. Pensamento, palavra, eloqüência e argumento humanos só estimulam a alma humana, pois estes só alcançam o intelecto. Meramente excitam a emoção, a mente e a vontade do homem. A vida, entretanto, pode alcançar o espírito do homem; todas as obras do Espírito Santo são realizadas em nosso espírito — isto é, em nosso homem interior (veja Romanos 8:16; Efésios 3:16). À medida que nós, em nossa experiência espiritual, deixarmos fluir nossa vida no espírito, o Espírito Santo enviará sua vida aos espíritos dos outros e fará com que recebam a vida regenerada, a vida mais abundante.


É vão tentarmos salvar pecadores ou edificarmos os santos usando psicologia, eloqüência e teoria. Embora a aparência exterior do que dizemos possa ser bem atraente, sabemos que o Espírito Santo não opera conosco. Se o Espírito Santo não emprestar sua autoridade e poder às nossas palavras, os ouvintes não sofrerão mudança alguma em suas vidas. Embora possam, às vezes, tomar uma decisão ou mudar sua vontade, tudo não passa de mera excitação da alma. Por não existir vida em nossas palavras, não há poder a fim de fazer com que os outros recebam o que não possuímos. Ter vida é ter poder. A menos que permitamos que o Espírito Santo emane de nossa vida a fim de alcançar o espírito do homem, as pessoas não podem receber a vida do Espírito Santo e não têm poder algum para pôr em prática o que pregamos. O que buscamos, portanto, não é persuasão por meio de palavras, mas a vida e o poder do Espírito Santo.


A vida que mencionamos aqui refere-se à Palavra de Deus que experimentamos em nossa caminhada ou à mensagem que experimentamos antes de proclamá-la. A vida de cruz é a vida do Senhor Jesus. Devemos conhecer nossa mensagem pela experiência. O ensino que conhecemos é somente ensino até que permitamos que opere em nossa vida de modo que o ensino que conhecemos se torne parte de nossa experiência e elemento integral de nossa caminhada diária. Então o ensino já não é meramente ensino mas a própria essência de nossa vida — assim como o elemento que comemos tornou-se carne de nossa carne e osso de nossos ossos. Tornamo-nos o ensinamento vivo e a palavra viva; e o que pregamos não é mais simplesmente uma idéia, mas nossa vida real. Este é o significado de "praticantes da palavra" no sentido bíblico."



W. Nee: O Mensageiro da Cruz

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