terça-feira, 8 de outubro de 2013

Profecias Messiânicas em Gênesis - uma avaliação

excelente Manual Bíblico de Halley, nas páginas 394 a 405 oferece uma lista de profecias messiânicas no VT. No manual de Halley, alguns textos não parecem, pelo menos para mim, ter uma clara predição messiânica. Outros, no entanto, são claramente uma profecia messiânica. Nesta postagem irei fazer algumas observações naquilo que o Manual aponta como profecias messiânicas em Gênesis (Veja AQUI uma elucidação sobre Tipos e Profecias). Em postagens futuras, continuarei a avaliação da lista.

O livro de Gênesis é um livro repleto de predições e acontecimentos que tipificaram a vinda salvadora do Redentor da humanidade. A Bíblia de Estudo de Genebra, página 7 diz: “As ousadas profecias e os sutis tipos em Gênesis mostram que Deus estava escrevendo uma história que se completaria com Jesus.”

Tomando o devido cuidado para não ultrapassar os limites da tipologia, a adentrar no campo perigoso e místico das alegorias (mesmo que algumas são legítimas), é possível ver um quadro amplo sobre a redenção bem cedo na história bíblica.

1) Adão: Indicar Adão como um tipo de Cristo no AT pode parecer estranho para o leitor judaico, mas é um tipo legítimo para os cristãos. Um autor cristão inspirado por Deus, em 1 Co 15.45 diz que Jesus é um segundo Adão. Em Rm 5.12 fica evidente qual é o princípio tipológico. Adão representou um grupo de homens diante de Deus. E por seu erro esse grupo recebe punição assim como ele. Cristo, por sua vez, representa também um grupo de pessoas diante de Deus. E por sua obediência recebe por eles a aprovação graciosa de Deus. A vida eterna. Deus prefigurou a salvação no Éden, onde se encontrava a árvore da vida.

3) Gênesis 3.15: Essa é uma passagem que historicamente é considerada o proto evangelho (ou primeiro evangelho). Se essa interpretação da igreja estiver certa, o próprio Deus já antecipa a obra redentora do Messias logo após a queda.

Porém, não existe evidencia clara no texto de quem é que se fala. Quem é esse descendente que esmagará a cabeça da serpente, quando Deus está falando com Eva e o diabo (a serpente)? Uma leitura simples levaria a conclusão que algum filho direto de Eva esmagaria a cabeça da serpente. Palmer Robertson indica outras sugestões para justificar a interpretação da igreja. Entre elas, referências que indicam a batalha de Cristo e de seus discípulos contra o diabo ([Mt 12..27,28] Rm 16.20; 1 Jo 3.12).

Provavelmente Apocalipse 12 é a melhor referência no NT que substancia a interpretação tradicional de Gn 3.15. A passagem lembra que a identidade antiga de Satanás era a serpente. E em Ap 12 existe uma luta intensa. Onde acontecimentos são bem parecidos ao que Deus predisse em Gn 3.15. Descendentes, uma mulher e perseguição.

Esse texto bíblico recebe atenção especial por essas amplas aplicações e associações com outras passagens. O contexto, porém, permite que algo inicial teria ligação com a declaração. Colocar o versículo 15 como uma ilha contextual não é um procedimento interpretativo seguro, nem correto. Ao adentrar o versículo 16 a atenção de Deus volta-se para Eva, que era a mulher da cena, e ainda refere-se a dores de partos para produzir descendentes. Não existe outra referência no contexto de Gn 3 que leve a uma contemplação futura da vinda do Messias e sua obra redentora. 

O que temos logo em Gn 4.1 é que Eva afirma que produziu um filho com a ‘ajuda do SENHOR’. Pensou Eva na promessa de um descendente que esmagaria a serpente, revertendo os efeitos nocivos do pecado? À luz desse contexto, não seria próprio negar. Uma afirmação que poderá receber critica é que: segundo o contexto geral bíblico e da percepção da igreja, Gn 3.15 é a primeira profecia messiânica, sem base estrita no contexto. Entra aqui em cena o sensus plenior.

4) Gn 4.4-7: O objetivo aqui é encontrar um tipo, uma correspondência da redenção feita por Cristo, pela oferta que Abel sacrificou a Deus. É muito própria a associação que Halley faz. Mas excluir a oferta de Caim não é correto. A oferta de sangue que Abel fez, prenunciou sim os sacrifícios mosaicos posteriores e o do próprio Cristo. Mas a oferta de Caim também pode ser colocado nessa tipologia (ainda que G. Archer a negue), tendo em vista que as ofertas agrícolas foram instituídas posteriormente no sistema mosaico de oferendas. Ademais, o apóstolo Paulo chamou Cristo de ‘primícias’, nomenclatura desse tipo de oferta (1 Co 15.20,23). Desta maneira, se há algum tipo em Gn 4.4-7, esse não é propriedade da exclusiva da oferta sangrenta de Abel cruenta, mas também a de Caim.

Como coloca a Bíblia de Estudo de Genebra, o fato de Deus rejeitar a oferta, talvez seja que Caim não levou as primícias do fruto da terra. Outros, porém, indicam uma indisposição para com a graça de Deus por parte de Caim como o motivo da rejeição divina de sua oferta (Enciclopédia de Temas Bíblicos, p.82).

Em Gn 4.4-7 existe um tipo da redenção de Cristo nos sacrifícios oferecidos a Deus. No caso da oferta de Abel a oferta de sangue tem uma associação precisa em um sistema que seria normatizado por Deus e interpretada pelos inspirados escritores bíblicos do NT, especialmente, como sendo um tipo da morte de Cristo pelos ele.

5) Gn 12.3; 18.18; 22.18: Existe um tipo aqui com base em Gl 3.16. Uma autorização inspirada para dizer que quando Deus disse 'teu descendente' para Abraão, Ele pensava não apenas em Israel, mas no próprio Jesus. A benção aqui, que seria espalhada a todas as nações, era sem duvida alguma a salvação multinacional em Cristo( Mt 28.19).

No entanto, algo estava sendo estabelecido nesse contexto. Um modelo salvífico, revelando a salvação em Cristo no AT. Os leitores imediatos dessa promessa estariam conscientes que era entre os descendentes de Abraão que a benção de Deus seria derramada. A atenção das nações deveria voltar-se a esses futuros descendentes de Abraão, sendo então desta maneira salvação administrada ordinariamente. A missão era para o centro da adoração do Deus verdadeiro em Israel (Is 2.1,2).

6) Gn 14.18-20: O sacerdote Melquisedeque tipificou a Cristo. Um dos três oficios de Cristo é o de sacerdote. O autor aos Hebreus e o salmista descrevem que esse sacerdote 'enigmático' serviu de representação do sacerdócio do Messias ( Sl 110.4; Hb 7).

O sacerdote fazia mediação pelo povo. Conduzia a reconciliação do povo com Deus por meio de sacrifícios e ofertas. Nada mais próprio que um sacerdote tipificar Cristo e sua redenção. Sempre que alguém no AT chegava-se diante dum sacerdote, ele demonstrava incapacidade de aproximar-se aceitavelmente a Deus. O aparecimento súbito, e de igual maneira, seu desaparecimento no relato bíblico, está justamente posto com Abraão. O 'pai' de todos os que seriam salvos pela fé em Cristo Jesus. Quando Cristo disse que Abraão viu o Seu dia e alegrou-se, não pode ser dispensada a possibilidade de que o encontro com Melquisedeque amadureceu a vida espiritual de Abraão, sendo aquele o tipo de Cristo ( Jo 8.56). Não apenas o sacerdócio de Melquisedeque, mas também o de Araão tipificaram a redenção de Cristo.

7) Gn 22.1-19: Quando Abraão tentou oferecer Isaque, talvez algum tipo foi ensaiado ali (nesse caso aproxima-se muito de uma alegoria). Naquele caso de alguma maneira lembra Deus Pai ofertando Seu único Filho a Si mesmo em lugar da Igreja. O principio de associação de termos é muito particular. Deus entregou seu único Filho(Jo 3.16). Parece que esse lembra aquele quando Hebreus 11.17 é comparado: “Pela fé ofereceu Abraão a Isaque, quando foi provado; sim, aquele que recebera as promessas ofereceu o seu unigênito.

Porém, a comparação não tem base em nenhum escritor direto do NT. E como observado no inicio, isso não é autorizado, ainda que poderia ser apropriado. (Podemos pensar no sensus pleniorhttp://mcapologetico.blogspot.com.br/2013/03/a-salvacao-no-antigo-testamento-tipos-e.html)

8) Gn 49.10,11: Uma profecia que de Judá o reinado não se afastaria. E por este, as nações seriam regidas. Para fazer justiça ao que é predito, isso é uma garantia que os reis em Israel seriam sempre vindo dessa tribo. (o caso de Saul é exceção.) Davi era dessa tribo e seus descendentes receberam garantias que seriam governantes em Judá. As nações estão incluídas aqui. Não apenas o povo judeu.

A genealogia de Jesus garante sua linhagem judaica ( Mt 1). Porém, o que fica mais claro nesse assunto é Ap 5.5. A revelação divina dada ao apóstolo João afirma que Jesus é o leão da tribo de Judá. Gn 49.9 chama Judá de leão.

Como pensar em salvação num contexto de realeza? É evidente na Bíblia, como mostra-nos a CFW, quando classifica o Mediador como tendo um ofício de Rei, com base nisso (CFW cap.VIII,1), um rei teria prerrogativas. Na parábola dos bodes e ovelhas Jesus mostra que ele é Rei( Mt 25:31-46). Pelo que fica posto na parábola, a realeza está associada com salvação.

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