As seitas
que constroem seu império teológico em cima de especulações e interpretações
proféticas andam constantemente em areias movediças. O caso adventista é
notório. Um teólogo adventista escreveu que a religião adventista tem sua
principal sustentação da doutrina de 1844.
“Se
a doutrina de 1844 não era bíblica,
Ellen White pertencia à mesma classe de Mary Baker Eddy e Joseph Smith.”
“Se
o juízo de 1844 não era bíblico, a
igreja [adventista] tampouco o era.”
“A
lógica me dizia que se a data de 1844
não fosse bíblica, o adventismo não seria nada mais do que uma seita.”
(1844:
uma explicação simples das principais profecias de Daniel, pp. 9,10)
Se ele
estiver certo, estamos diante de uma religião construída na areia! Por isso, os
adventistas precisam defender a fábula de 1844, tal como as Testemunhas de
Jeová a fábula de 1914.
Um dos
pilares indispensáveis para o adventismo começar
sustentar qualquer coisa em relação a 1844, é necessário que a interpretação de Daniel 8 case com Daniel 7, na
identificação do chifre pequeno. Consciente disso, os adventistas fazem um
exercício hermenêutico para que essa suposição seja possível.
“O chifre pequeno de Daniel 8 é Roma. O
verdadeiro cumprimento do chifre pequeno de Daniel 8 só pode ser realmente
encontrado em Roma pagã (ou império romano) e sua sucessora, a igreja romana;
estas são vistas propositalmente – tal como em Daniel 7 – sob seu pior aspecto.
As seguintes considerações oferecem apoio a esta conclusão: 1. Baseados no princípio de que as sucessivas
visões de Daniel são paralelas e ampliam as visões de Daniel 8 representa, percebemos que em vários sentidos o
chifre pequeno de Daniel 8 representa um paralelo e uma ampliação das
informações que obtivemos a respeito do chifre pequeno de Daniel 7 e da
besta a partir da qual esse chifre cresceu. Em Daniel 2 e 7 Roma vem depois
da Grécia; portanto, Roma também
deve seguir a Grécia em Daniel 8.” (Uma
Nova Era segundo as Profecias de Daniel, C. Marvyn Maxwell, pp.158,160).*
Para começo
de conversa, há um consenso maciço de que a profecia de Daniel 8.14 se cumpriu
nos dias de Antíoco Epifânio, no período dos Macabeus, por mais que os
adventistas lutem contra a onda dos interpretes. Uma das maiores autoridades em
Velho Testamento da atualidade assevera a respeito dessa interpretação:
“Não
pode haver qualquer dúvida de que o chifre pequeno no capítulo 8 indique um rei
do império grego, a saber, Antíoco Epifânio.” (Gleason L. Archer Jr. Panorama
do Antigo Testamento, p. 504. Edições Vida Nova).
Em segundo lugar, perceba que
a conclusão de Maxwell é totalmente gratuita
– “portanto”, já que seguia lá uma sequencia assim, aqui tem que ser também’, é
a conclusão de Maxwell. Qualquer forma de interpretar desta maneira é possível!!
Desde que queira...
As visões de
Daniel 2 e 7, não esmiuçaram com mais detalhes das sequencias no período do império
Grego (como foi o caso do capítulo 8), e isso não deve ser tomado como prova da
pressuposição adventista.
Em terceiro lugar, a conclusão é forçada,
diante do número de Reinos e figuras abrangidas em cada visão. Na visão do
Capítulo 2, a estátua está em quatro
divisões principais (ouro, prata, bronze e ferro com barro) Na visão do
capítulo 7, também há quatro
divisões principais, mas não com as mesmas figuras (leão, urso, leopardo e um
monstro, um animal não identificado).
Já na visão
do capítulo 8, há apenas duas divisões principais
– um carneiro e um bode. Nos capítulos 2 e 7, o ultimo reino recebe atenção em
divisões subsequentes. No capítulo 8, também o último também possui
subdivisões. Mas é outro reino, não Roma, mas sim a Grécia.
O aclamado
pregador brasileiro, Hernandes Dias Lopes, adverte bem a respeito dos dois
chifres:
“O pequeno chifre do capítulo 8 não deve ser confundido com o
pequeno chifre do capítulo 7.8. A origem do 7.8 é o quarto império (império
romano). A origem do 8.9 é o bode, o terceiro reino: o império grego.”
‘Portanto, a
confusão é facilmente identificada e eliminada: o chifre de Daniel 7.8 é um dos
dez chifres que o quarto animal tem da visão deste capítulo, enquanto o chifre
de Daniel 8.9 sai de outro chifre, que está em um dos quatro ventos cardeis, de
outro reino, de um dos quatro reis que dividiriam o Império Grego. Cronologicamente, o chifre de Daniel 8.9
sai do terceiro animal, o Leopardo com asas e quatro cabeças, da visão de
Daniel 7.6. O chifre de Daniel 7 sai do Império Romano. Na visão de Daniel
8, o Império Grego é um Bode e não um Leopardo, como o é na visão de Daniel 7.’
*No meu
livro A Conspiração Adventista
apresento respostas aos questionamentos de Maxwell contra a interpretação
tradicional de Antíoco Epifânio.