segunda-feira, 5 de junho de 2017

Stephen Charnock: De que maneira o homem faz de si mesmo o seu próprio fim?

De que maneira o homem faz de si mesmo o seu próprio fim?

- Ao aplaudir e abraçar a si mesmo, permanecendo em sua própria percepção de perfeição, ao invés de Deus.
- Ao atribuir glória e honra a si mesmo, levando o crédito por qualquer bem que faça, ou culpando a Deus por qualquer problema.
- Ao insistir em doutrinas que o agradam, e sustentando um falso profeta que o ensina.
- Ao demonstrar maior interesse pelas injúrias cometidas contra si mesmo do que por aquelas cometidas contra Deus.
- Ao confiar em si mesmo e em sua inteligência e sabedoria ao invés de buscar conhecer a opinião de Deus.
- Ao violar a consciência, que é um agente de Deus, a fim de agradar a si mesmo. É desta e de muitas outras maneiras que demonstramos se somos um ateísta prático.

Nós usurpamos a prerrogativa de Deus ao fazer de nós mesmos nosso próprio fim. Difamamos a Deus insinuando que Ele não seja digno do nosso amor assim como nós mesmos somos. Nós praticamente destruímos a Deus, tanto quanto possível, ao negar a Ele, a Sua vontade revelada, e a Sua honra em nossas vidas.

O Homem Estabelece Qualquer Coisa, Exceto a Deus no Lugar de Deus. Somente um ser irracional faria formal e abertamente tal coisa, porém, todo homem por natureza faz estas coisas virtual e implicitamente. Ao invés de cultivar a Deus em todos os seus pensamentos, ele o nega (Salmo 10: 4). Ele pensa muito menos em Deus do que na maioria das outras coisas. Ele não encontra prazer em Deus como sendo Deus. Ele enfática e ansiosamente busca os interesses mundanos. Ele é um adicto aos prazeres da carne e desdenha dos caminhos de Deus, os quais os anjos se deleitam, por causa da gratificação terrena. Ele louva os meios e os instrumentos ao invés da fonte de todas as suas bênçãos. Ele trata a Deus como um mero espectador em sua vida. Ele rebaixa a Deus ao colocar alguém ou algum pecado como o Deus de sua vida. Em tudo e em cada passo ele nega a Deus.

O homem faz de si mesmo o fim de todas as criaturas. Nós somos tão egoístas por natureza, que nos achamos dignos não somente de nossa suprema afeição, mas também da afeição de outros. Nós imaginamos que somos o fim para o qual tudo mais existe. Embora alguns tentem disfarçar isso, todo homem tem uma opinião muito elevada de si mesmo.

O homem faz de si mesmo o fim pelo qual Deus existe. Ele faz que até mesmo Deus seja sujeito ao homem. Como ele faz isso? Faz de maneiras muito sutis, como demonstram os exemplos a seguir.

O homem faz de Deus o seu fim, quando o ama somente por motivos egoístas, e quando Deus lhe garante algum benefício. Isso não passa de amor as bênçãos e não ao Doador.

O homem faz de Deus o seu fim, quando se abstém de certos pecados somente porque isso o ajudará a promover outros propósitos pecaminosos. Por exemplo, ele pode se abster do alcoolismo apenas porque isso preserva o seu corpo para si mesmo. Não é pelo temor a Deus, mas por algum interesse próprio que o ateísmo prático é motivado.

O homem faz de Deus o seu fim, quando cumpre deveres religiosos tão somente para ganhos de ordem pessoal. Os ateístas vestem uma máscara muito fina de religião! Se não houver nenhum proveito claro para si mesmo, ele deixa de cumprir qualquer dever. Se ele pode se virar sem Deus, ele faz isso com satisfação. Ele somente ora em tempos de aflição e necessidades pessoais. A oração normalmente é mais “fervorosa” quando é menos piedosa. O ateísta prático só quer que Deus carimbe as suas idéias pessoais. Ele fica impaciente quando Deus não responde as suas orações e nem segue a sua agenda pessoal.

O homem faz de Deus o seu fim, quando busca objetivos pessoais no cumprimento de seus deveres religiosos. Simão, o mágico, exerceria alegremente os dons milagrosos se por meio deles recebesse reconhecimento e honra dos homens (Atos 8). Aqueles que vêm a Cristo somente para escapar do inferno, não tendo nenhum desejo de santidade pessoal e a glória a Deus, são igualmente culpados neste sentido. Nós detestamos o pecado por que isso primeiramente nos prejudica, ou por que ofende a Deus? A motivação por detrás de toda a nossa obediência é questionada. Por exemplo, nós mantemos o culto familiar somente para reivindicar direitos? Em tudo nós devemos manter a avaliação de Deus em vista, buscando Sua honra e glória.

O homem faz de Deus o seu fim, quando faz uso de Deus somente como uma desculpa para o pecado. Os homens utilizam algumas passagens distorcidas das Escrituras como uma muleta para apoiar suas concupiscências. Por exemplo, usa de um pouco de vinho, por causa do teu estômago (I Timóteo 5: 23), é uma passagem muito citada pelos beberrões. Isso é tentar fazer Deus concordar com o pecado e demonstra um alto grau de ateísmo.

Nós vemos mais evidências do ateísmo prático naquele homem que sustém uma visão indigna sobre Deus.


Ele tenta reduzir Deus a um tamanho que seja manipulável. Este pequeno Deus pode ser satisfeito com uma pequena justiça, pequena santidade, e pequena obediência. As superstições não demoram a surgir. Os homens começam a tratar Deus como se fosse um bebê, bajulando e subornando sua pessoa. Então eles imaginam que as ameaças de Deus são vazias, servindo apenas para assustá-los. Tudo isso se trata apenas idolatria mental, que é uma doença muito comum no mundo inteiro. Se um quadro correto desse deus pudesse ser retratado, que monstro não iria aparecer na tela!

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