sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

COSMOVISÕES parte 4 (segundo teste)


TESTE DA ABRANGÊNCIA                                                Por: Lucio A. de Oliveira


Outro teste que é feito entre cosmovisões é quem explica melhor e mais os fatos. Nash se expressa muito bem quando diz: “Cosmovisões deveriam ser relevantes em termos do que sabemos sobre o mundo e sobre nós mesmos” (NASH, 2008, p.27). Sire esclarece a tarefa desse teste: “Uma [...] característica para uma cosmovisão adequada é que ela deve ser capaz de abranger as informações da realidade – dados de todos os tipos... [...]. Todas essas informações devem ser cuidadosamente avaliadas, primeiramente em seu nível mais inferior (Isso é verídico? É ilusório?). No entanto, se os dados passarem pelo teste, devemos ser capazes de incorporá-los em nossa cosmovisão” (SIRE, 2009, p.307).
As cosmovisões que não explicam ou negam fatos que conhecemos (pelo menos aparentemente)  caem em descrédito. Outra vez as palavras de Nash são pertinentes: “Uma pessoa age apropriadamente quanto objeta à reivindicação de uma cosmovisão que conflita com aquilo que sabemos ser verdadeiro acerca do universo físico” (NASH, 2008, p.27); e Sire arremata a questão: “Visto que nossa cosmovisão nega ou falha em compreender as informações, ela é falsa ou, pelo menos, inadequada” (SIRE, 2009, p.308).
Podemos pensar em alguns exemplos. Uma cosmovisão que inibe a ciência, nega tudo como se fosse uma ilusão e portanto não é digna de ponderação; ou uma cosmovisão que afirma que o espaço sideral não existe (um exemplo grotesco, cômico, mas não impossível) certamente falham no teste da abrangência, pois  a “cosmovisão deveria nos ajudar a entender o que percebemos” (NASH, 2008, p. 28);
Mas isso não só diz respeito às coisas que percebemos no mundo externo (logicamente, não estamos defendendo a existência de dois mundos distintos, o externo e o interno). “Nenhuma cosmovisão merece respeito quando ignora suas inconsistências em relação à experiência humana” (NASH, 2008, p. 28); e “Cosmovisões precisam também ser ajustadas ao que conhecemos a nosso próprio respeito” (NASH, 2008, p. 28).
Nash elabora uma lista de questões quanto à isso:

Exemplos desse tipo de informação incluem os seguintes: sou um ser que pensa, tem esperança, experimenta prazer e dor, crê e deseja. Sou também um ser que geralmente tem consciência do que é moralmente certo e errado, e que se sente culpado e pecador quando falha em fazer o que é certo. Sou um ser que lembra o passado, que é cônscio do presente e que antecipa o futuro. Posso pensa rem coisas que não existem. Posso planejar e executar meus planos. Sou capazes de agir intencionalmente, em vez de só responder a meros estímulos; posso ter vontade e posso executar minha vontade. Sou uma pessoa que ama outros seres humanos. Posso simpatizar com outros e compartilhar suas dores e alegrias. Sei que morrerei um dia e tenho fé em que sobreviverei à morte do meu corpo” (NASH, 2008, p. 28-29).

Uma cosmovisão tem de lidar com esses dados, ou então não são dignas de crédito. O pensador Chesterton nos mostrará uma analogia como uma cosmovisão não abrangente se assemelha à demência.
Primeiro ele faz as chocantes afirmações de que “A explicação oferecida por um louco é sempre exaustiva e muitas vezes, num sentido puramente racional, é satisfatória” (CHESTERTON, 2008, p.34); e que  “...a explicação insana é exatamente tão completa como a do sensato, mas não tão abrangente” (CHESTERTON, 2008, p.35).
Podemos observar que Chesterton está dizendo que o teste da razão não os inibe, nem os contradiz. Então ele observa que a cosmovisão do louco não é tão abrangente quanto a do sensato. Exatamente o ponto que estamos trabalhando aqui.
Chesterton elucida:

Se um homem disser, por exemplo, que os homens estão conspirando contra ele, você não pode discutir esse ponto, a não ser dizendo que todos os homens negam que são conspiradores; o que é exatamente o que os conspiradores fariam. A explicação dele dá conta dos fatos tanto quanto a sua (CHESTERTON, 2008, p.34).

Assim, Chesterton conclui: “A teoria do lunático explica muitas coisas, mas não as explica de um modo amplo” (CHESTERTON, 2008, p.35).
Este pensador, então, observa que ao lidarmos com o lunático devemos mostrar que as cosmovisão nossa é mais abrangente que a dele. O argumento poderia ser assim: “Admito que sua explicação esclarece muitos fatos; mas quantos outros ficam de fora! Não há no mundo outras histórias além da sua? Todos os homens estão ocupados com a sua ocupação?” (CHESTERTON, 2008, p.36).
Outra citação ajuda a reforçar a idéia que, mesmo o teste da razão não conseguindo julgar entre duas cosmovisões, o teste da abrangência o faz:

 Um homem não consegue sair do mal mental só por meio de seu pensamento; pois é exatamente o órgão do pensamento que se tornou doentio, ingovernável e, por assim dizer, independente. Ele só pode ser salvo pela vontade ou a fé. No momento em que a mera razão entra em movimento, ela se move no velho sulco circular, ele dará voltas e mais voltas em seu círculo lógico (CHESTERTON, 2008, p.38).

Parece que Chesterton está dizendo que o lunático deveria mudar seus pressupostos, mudar de cosmovisão.
É interessante notar que cosmovisões que advogam irrealidade ao mundo externo (além do problema com o solipsismo) são extremamente repulsivas e inaceitáveis. Mais uma vez (e finalmente) Chesterton elucida:

 “Em nome da simplicidade, é mais fácil afirmar essa ideia dizendo que o homem pode acreditar que está sempre num sonho. Ora, obviamente não pode haver nenhuma prova positiva de que ele não está num sonho, pela simples razão de que não se pode apresentar nenhuma prova que não se pudesses igualmente apresentar num sonho [...] Mas se o homem começasse a incendiar Londres e a dizer que a sua governanta logo o acordaria para tomar o café da manhã, nós deveríamos prendê-lo e coloca-lo com outros lógicos naquele lugar ao qual aludimos várias vezes no decorrer deste capítulo [um manicômio]” (CHESTERTON, 2008, p.46).

Assim, concluímos que uma cosmovisão deve ser não só razoável, consistente, como abrangente, ajudando-nos a compreender a realidade.

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BIBLIOGRAFIA

CHESTERTON, Gilbert K. Ortodoxia. Tradução de Almiro Pisetta. São Paulo: Mundo Cristão, 2008. 264 p.

NASH, Ronald H. Questões Últimas da vida: uma introdução à filosofia. Tradução de Wadislau Martins Gomes. São Paulo: Cultura Cristã, 2008. 448 p.

SIRE, James W. O universo ao lado: um catálogo básico sobre cosmovisão. Tradução de Fernando Cristófalo. 4. Ed. São Paulo: Hagnos, 2009. 384 p.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Testemunhas Fantasma nos Campos de Concentração Nazistas?

"A Watchtower Society adora o deus dos números. Especialmente se puder ser usado para inflacionar o número de mortes que ocorreram durante os período do domínio Nazi na Alemanha. Uma investigação na literatura da Watchtower é muito reveladora quando se tenta documentar as muitas contradições acerca do que realmente aconteceu durante aqueles anos.
"Um total de 6.019 foram presos, vários deles duas, três ou até mesmo mais vezes, de modo que, somando tudo, 8.917 prisões foram registradas. Juntando-se tudo, foram sentenciados a 13.924 anos e dois meses de prisão, mais de duas vezes o período desde a criação de Adão. Um total de 2.000 irmãos e irmãs foram lançados nos campos de concentração, onde gastaram 8.078 anos e seis meses, uma média de quatro anos. Um total de 635 pessoas morreram na prisão, 253 tendo sido sentenciadas à morte e 203 delas tendo realmente sido executadas. Que belo registro de integridade!" (Anuário das Testemunhas de Jeová de 1975, p. 214)
Conforme podemos ver aqui, a Watchtower Society sabe exactamente quantas Testemunhas de Jeová foram presas na Alemanha durante os anos do regime Nazi. Foram 6.019 pessoas. Os Nazis eram famosos pela forma meticulosa como mantinham os registos de todo o tipo de coisas, portanto é óbvio que não atiravam ninguém para a prisão ou para um campo de concentração sem o prenderem primeiro.
No Anuário acima citado podemos ainda encontrar outra informação muito interessante. Somos informados acerca do número TOTAL de Testemunhas que foram mandadas para campos de concentração durante os anos em que durou o regime Nazi. O número é 2.000! Isto significa que a maioria dos que foram presos foi libertada. Mas quando olhamos mais detidamente para o que várias Watchtowers têm a dizer acerca do número de Testemunhas nos campos, vemos de novo esta tentativa de inflacionar os números e desta vez realmente fora de todas as proporções.
"Hitler não conseguiu fazê-las transigir nas prisões e campos de concentração, onde torturou 10.000 delas, e os Comunistas também não o estão a conseguir nas suas temíveis prisões e campos de trabalho escravo." (The Watchtower, 1.º de Junho de 1960, p. 327)
"Hitler, um Católico Romano, o braço da sua igreja na Alemanha, proibiu as Testemunhas de Jeová de pregar o reino de Deus, e estes Cristãos hodiernos tiveram de dizer à Gestapo, a polícia de Hitler: 'Se é justo à vista de Deus escutar-vos antes que a Deus, julgai por vós mesmos.' Eles continuaram a pregar, embora 10.000 deles tenham sido postos em campos de concentração e mais de 4.000 tenham morrido ali. Os restantes praticamente morreram à fome. O fim da guerra contribuiu para que sobrevivessem." (The Watchtower, 1.º de Janeiro de 1964, p. 13).
A questão aqui é esta: se só foram mandadas para os campos 2.000 Testemunhas, porque é que a Watchtower escreve que 10.000 delas estiveram nos campos? De onde é que as restantes 8.000 pessoas vieram? Será que vieram do mesmo sítio que as 4.000 Testemunhas que se diz terem morrido nos campos? Como é que 4.000 de entre um total de 2.000 pessoas podem morrer? Conforme podemos ver pelos dados do Anuário de 1975, registou-se que o número exacto de mortes foi "um total de 635".
Muitas destas mortes trágicas talvez pudessem ter sido evitadas se não fossem as ordens completamente loucas dadas pelo presidente da Watchtower naquela altura, J. F. Rutherford, que as mandou distribuir literatura da Watchtower sabendo perfeitamente que isto inflamaria os Nazis. Será que a tragédia de 6.019 prisões e a morte de 635 Testemunhas durante a era Nazi não é suficiente para a Watchtower Society? Para que é que eles precisam de estar constantemente a inflacionar estes números?

Sabendo perfeitamente o número real de Testemunhas que foram presas, sofreram e morreram durante os anos do regime Nazi, a Watchtower Society nunca parece estar satisfeita. A tentativa de inflacionar estes números parece não ter fim. Vejamos em seguida um exemplo mais recente:
"Porque é que as Testemunhas de Jeová estavam tão bem familiarizadas com os campos de concentração? Quando a Segunda Guerra Mundial começou, em 1939, já havia 6.000 Testemunhas confinadas em campos e prisões. O historiador Alemão Detlef Garbe estima que as Testemunhas naquele tempo eram entre 5 a 10 porcento da totalidade da população nos campos! Num seminário acerca das Testemunhas e o Holocausto, Garbe declarou: "Das 25.000 pessoas que no princípio do Terceiro Reich admitiram ser Testemunhas de Jeová, cerca de 10.000 foram encarceradas durante algum tempo. Destas, 2.000 foram admitidas a campos de concentração. Isto significa que as Testemunhas de Jeová foram, de todos os grupos religiosos, o mais severamente perseguido pela SS, com excepção dos Judeus."" (Despertai!, 22 de Agosto de 1995, p. 10)


Conforme podemos ver aqui, eles usam o velho truque de citar um historiador que foi buscar muitos dos seus números à literatura das Testemunhas, que tem números inflacionados. Primeiro eles usam o facto de Garbe ignorar a diferença entre uma Testemunha e uma pessoa que assiste ao memorial. Cerca de 24.000 pessoas assistiram ao memorial na Alemanha em 1932/33. Qualquer Testemunha de Jeová sabe que a generalidade das pessoas que assistem ao memorial estão longe de 'admitir que são Testemunhas de Jeová.' Também vemos que com um total de 6.019 Testemunhas presas, nunca podia ter havido 10.000 presos num dado período de tempo, essa afirmação não passa de branqueamento! É apenas mais um número retirado da literatura distorcida deles.

Conforme podemos ver a partir das citações anteriores, as alegadas 10.000 Testemunhas estiveram supostamente em prisões e campos, depois em campos, e depois subitamente todas as 10.000 estiveram "encarceradas." E 2.000 dentre essas estiveram nos campos.
Isto leva-nos a perguntar mais uma vez, será que não há decência em Brooklyn? Porque é que eles têm de estar sempre a mentir sobre esta tragédia? Porque é que 2.000 pessoas a sofrer nos campos e 635 mortos não é suficiente para a Watchtower Society?"
Fonte: Norman Hovland

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O “Jesus Calvinista” da imaginação de Leandro Quadros

Uma postagem do apologista adventista me levou a conclusão, que eu já sabia, que o Jesus adventista é o resto do aborto ariano dos pioneiros adventistas. O suposto diálogo é uma caricatura do Jesus da Bíblia, tendo por pano de fundo o “Jesus de Ellen White”. Sim, aquele mesmo que disse para os adventistas que voltaria em outubro de 1844!!!



Nessa postagem (AQUI) o Jesus da Bíblia, segundo a cabeça de Leandro Quadros, tem problemas de argumentos e de autoridade. Mas gostaria, por enquanto, contrapor aquela "conversa" com algumas observações:



1º) O Jesus da imaginação de Leandro Quadros não é o mesmo de Romanos 9.



2º) O Jesus da imaginação de Leandro Quadros não é o mesmo que enfrentou o diabo e seus argumentos no deserto em Mt 4.



3º) O Jesus de da imaginação de Leandro Quadros tinha até problema moral, visto que satanás aparentava estar mais preocupado com o bem! (Nossa, só a cabeça de um adventista para achar isso!!!)



4º) O Jesus da imaginação de Leandro nunca poderia ser o da Bíblia, visto que o livro santo nunca revelou que o Juiz dará explicações para o diabo! Ele cita o texto de Mt 25.41, mas o contexto ali só diz que o fogo do inferno já está preparado para o diabo. (Vemos Jesus dizendo aos humanos as razões de seu julgamento, mas não encontrei na Bíblia Jesus sofrendo um debate com o diabo no Julgamento!)



A construção do argumento foi uma “fragilização” da visão Calvinista sobre Deus. Nenhum Cristão Bíblico sofreria com isso. Leandro Quadros se esbanja nos argumentos do diabo e também de seus agentes. Veja, que alguém como Pinnok figura junto com ele na crítica. Esse indivíduo rejeita as marcas da Divindade (Onisciência, Onipresença e Onipotência, colocando-as apenas em “possibilidades”). O “deus” do Teísmo aberto de C. Pinnok deve agradar muito a Leandro Quadros.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

COSMOVISÕES parte 3 (primeiro teste)



Por: Lucio Antõnio de Oliveira

Existem testes para averiguarmos qual é a melhor cosmovisão, qual é a verdadeira. Muitos autores estão cientes disso, e sistematizam uma metodologia de confrontar as outras cosmovisões com esses testes, mostrando a falsidade das outras cosmovisões e/ou a superioridade da cosmovisão cristã (por exemplo, o caso de Ronald Nash e James Sire).
Alguns outros escritores não estão plenamente cônscios dessa metodologia, mas desenvolvem bons argumentos sobre os testes que iremos expor (por exemplo, o caso de Chesterton).
Observemos, então, os testes para as cosmovisões:

1 - TESTE DA RAZÃO


Também pode ser chamado de teste da lógica. De forma bem direta, ele afirma que não pode haver uma contradição em uma cosmovisão. Sproul, expondo Aristóteles, é muito pertinente em observar que coisas contraditórias (que ferem a lógica) não podem coexistir (ou existe um, ou existe outro):

 “... a idéia de um objeto imóvel é perfeitamente lógica, assim como a idéia de uma força irresistível. O que não é lógico é a idéia de um objeto imóvel real coexistindo com a idéia de uma força irresistível real. Os dois não podem existir no mundo real. Por quê? O que aconteceria no mundo real se uma força irresistível encontrasse um objeto imóvel? Um deles teria de ceder. Se a força irresistível move o objeto imóvel, este na verade era móvel. E se é móvel, não pode ser imóvel ao mesmo tempo e na mesma relação. Por outro lado, se o objeto imóvel não se move, a força irresistível é na verdade resistível. Uma força não pode ser resistível e irresistível ao mesmo tempo e na mesma relação” (SPROUL, 2002, p. 44-45).

Ou seja, uma vez que se entende que a lógica é uma lei do ser, não se pode existir uma contradição no mundo real. Sproul ainda faz uma ressalva importante: “Isso não quer dizer que tudo o que é racional seja real [...] Tudo o que é real, porém, é racional. O que é ilógico não pode existir na realidade” (SPROUL, 2002, p.44).
É por isso que alguns filósofos vão concluir que:“Se um sistema conceitual contém como um elemento essencial (um ou mais membros) um conjunto de proposições que sejam inconsistentes, logicamente falando, tal sistema é falso” (YANDELL apud SIRE, 2009, p.307); e : “A presença de uma contradição lógica é sempre sinal de erro. Por isso temos o direito de esperar que um sistema conceitual seja logicamente consistente tanto nas suas partes (suas proposições individuais) quanto na sua totalidade” (NASH, 2008, p. 27); e finalmente com Cheung: “...as proposições contidas numa cosmovisão não podem se contradizer. Por exemplo, o princípio primeiro de uma cosmovisão não pode produzir uma proposição na ética que contradiga outra proposição na ciência” (CHEUNG, 2009, p.43-44).
O apologista pressuposicionalista (clarkiano) é perito em observar contradições nas cosmovisões alheias. Essa é uma estratégia que podemos chamar de reductio ad absurdum.
Pode ser que encontremos Cheung sugerindo isso quando ele comenta sobre  argumentação ad hominem: “Por ad hominem não nos referimos à falácia do ataque pessoal irrelevante. Em vez disso, essa forma de argumento ad hominem assume premissas acolhidas pelo oponente e a partir delas validamente deduz conclusões que contradizem sua posição ou que seriam inconvenientes ou repulsiva a ele” (CHEUNG, 2009, p.20).
Um ponto interessante de se observar é que objetores ao cristianismo também podem tentar observar supostas contradições na teologia cristã, ou na Bíblia. Cabe aos cristãos refutarem essas críticas. Neste sentido, teólogos bíblicos e sistemáticos são trazidos à baila para defender a fé cristã, e não só os filósofos e apologistas em geral (veja um exemplo).
Porém esse teste pode não ser suficiente para averiguar a veracidade de uma cosmovisão. Nas palavras de Nash:

...o teste da consistência lógica jamais pode ser o único critério pelo qual avaliamos as cosmovisões. O teste da consistência lógica pode ser apenas um teste negativo. Conquanto a presença de contradição nos alerte quanto à presença de erro, a ausência de contradição não garante a presença da verdade (NASH, 2008, p.27).

Apesar disso, Sire, em uma das últimas notas de seu livro sobre cosmovisões, declara: “para cada uma das cosmovisões, tenho ponderado e descoberto que todas elas [exceto o teísmo cristão, naturalmente. Cf. p. 310] contêm problemas de inconsistência” (SIRE, 200, p.372).

 Parte 4
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BIBLIOGRAFIA
CHEUNG, Vincent. Questões Últimas. Tradução de Marcelo Herberts. Brasília: Monergismo, 2009. 143 p.

NASH, Ronald H. Questões Últimas da vida: uma introdução à filosofia. Tradução de Wadislau Martins Gomes. São Paulo: Cultura Cristã, 2008. 448 p.

SIRE, James W. O universo ao lado: um catálogo básico sobre cosmovisão. Tradução de Fernando Cristófalo. 4. Ed. São Paulo: Hagnos, 2009. 384 p.

SPROUL, R. C. Filosofia para iniciantes. Tradução de Hans Udo Fuchs. São Paulo: Vida Nova, 2002, 208 p.

domingo, 11 de dezembro de 2011

COSMOVISÃO parte 2

OBJEÇÕES CONTRA O ESTUDO DE COSMOVISÃO                            por Lucio Antônio de Oliveira

Jostein Gaardner, no seu famoso ‘O mundo de Sofia’, expondo Marx, escreve que:

De modo muito geral, podemos dizer que a era dos grandes sistemas filosóficos terminou com Hegel. Depois dele, a filosofia toma um novo rumo. Os grandes sistemas especulativos dão lugar às ’filosofias da existência’ ou ‘filosofia da ação’, como também podemos chama-las. É a isso que Marx se refere quando diz que até então os filósofos sempre tinham tentado interpretar o mundo, em vez de tentar modifica-lo. E são exatamente essas palavras que determinam uma virada importante na história da filosofia (GAARDNER, 1996, p.418).

Mais adiante, Gaardner afirma que a filosofia termina em Sartre e o existencialismo como os últimos sistemas filosóficos, e que, o que temos agora, são renovações, ressurgimentos de sistemas antigos (cf. GAARDNER, 1996, p.492-493). Uma declaração em especial merece destaque: “...as perguntas com as quais começamos este curso ainda não foram respondidas” (GAARDNER, 1996, p.492).
É exatamente isso o que Ronald Nash tinha em mente quando observa um desafio ao estudo de sistemas conceituais. Ele observa que as pessoas observam que sistemas muito bem conceituados como os de Platão e Aristóteles possuem inconsistências, problemas, e ficam sem esperança de que se possa admitir um sistema conceitual (isto é, uma cosmovisão) verdadeiro (talvez aqui se encaixe o ceticismo da última citação que fizemos de Gaardner). Hegel e cia, observa Nash, pioraram bastante as coisas quando “construíram sistemas conceituais que pareciam menos ainda tentar entender a realidade, sendo mais um esforço para encaixar o mundo em compartimentos artificiais e arbitrários” (NASH, 2008, p. 23).
Assim, o que aconteceu foi que “muitos filósofos americanos e britânicos se afastaram da construção de sistemas e concentraram seus esforços na aquisição de melhor entendimento de questões isoladas, de problemas e de enigmas” (NASH, 2008, p.23); ou ainda, nas palavras de Corliss Lamont, “filósofos contemporâneos tendem a se confiar a certos problemas e áreas circunscritos, em vez de atacar com coragem a questão de uma cosmovisão...” (LAMONT apud NASH, 2008, p.23).
A refutação de Nash, seguindo e ampliando Lamont silenciam essa objeção, de modo que não precisamos recorrer a outra fonte. Lamont observa que os filósofos analíticos [filosofia analítica é “uma maneira de entendera filosofia preferida por muitos filósofos britânicos e americanos recentes que aplicam a análise filosófica a problemas particulares, tendendo a ignorar a antiga prática de construção de sistemas filosóficos” (NASH, 2008, p.428)] e afins

 não podem realmente escapar da responsabilidade do esforço para prover uma resposta sistemática com respeito aos assuntos principais da filosofia [presumimos que ele esteja se referindo às questões últimas], por mais incompletas e experimentais que possam ser suas conclusões (LAMONT apud NASH, 2008, p.23).

E Nash observa, semelhantemente, que todo filósofo analista tem uma cosmovisão, mesmo que não saibam.
Ainda, uma observação perspicaz, pertinente e plausível deve ser feita. Temos de lidar com uma questão natural que surge quando estudamos esse assunto. É a questão da pluralidade, aparentemente infinita, de cosmovisões. O pluralismo hodierno reforça a confusão, e faz-nos pensar que escolher uma cosmovisão parece um desafio semelhante ao dizer qual é a estrela mais brilhante que existe. Nash observa que “muitas pessoas estão confusas, e o que torna a situação mais depressiva é a inabilidade delas para ver a própria confusão” (NASH, 2008, p. 25), de modo que pessoas passam até a colocar “fragmentos de cosmovisões, lado a lado, sem pensar sobre a incompatibilidade [a questão da incompatibilidade, ou incoerência, é um dos itens que desclassificam uma cosmovisão, como veremos doravante] deles” (MOUW apud NASH, 2008, p.26). Porém, aqui Sire faz boas colocações: “O fato é que, embora, a princípio, as cosmovisões pareçam proliferar, elas são constituídas de respostas a questões para as quais há apenas um limitado número de respostas” (SIRE, 2008, p.303); e “... quando examinamos cada opção, descobrimos que cada uma delas é uma subdivisão ou uma versão específica de uma ou mais opções já discutidas [no livro]” (SIRE, 2008, p.302).
Há ainda, para finalizar, aqueles que acham desnecessário nos preocuparmos com as questões últimas agora. Eles falam como se isso estivesse num alto nível especulativo (como foi o caso de Hegel e cia.), e que na prática não fosse algo relevante (presumimos ser isso uma influência de Marx). Cheung observa que “algumas pessoas dizem que pretendem refletir sobre as questões últimas quando estiverem velhas, se tornarem ricas ou se aposentarem” (CHEUNG, 2009, p.56-57); e “ ‘As pessoas não se importam com as questões últimas da vida’, disse um experiente negociante. ‘As pessoas se importam com dinheiro. Elas se importam com sua aparência pessoal. Elas querem ter mais tempo para o lazer, maior conforto físico...’” (HEEREN apud CHEUNG, 2009, p.55).
O que os detentores te tais posições não perceberam, é que eles também têm uma cosmovisão, e que pensaram desta maneira, conceberam tal pensamento, dentro de um sistema conceitual (ainda que, como acontece na maioria dos casos, não muito bem elaborado).

As questões últimas são inevitáveis, e quem nunca deliberou e sinceramente considerou sua importância faz, contudo, inevitavelmente diversas suposições a seu respeito e então deriva uma posição pessoal sobre diversas questões subsidiárias com base em suas suposições sobre as questões últimas [...] Portanto, as pessoas não apenas devem ter essas questões em mente como também lhes dar a prioridade mais alta, propondo-se desde já a refletir a seu respeito (CHEUNG, 2009, p.59).

Sire também é incisivo:

Sempre que refletimos sobre alguma coisas, desde um pensamento casual (Onde será que deixei o meu relógio?) até uma questão profunda (Quem sou eu?), estamos operando dentro de uma estrutura. Defato, somente a hipótese de uma cosmovisão, ainda que seja básica ou simples, é que nos permite pensar (SIRE, 2009, p.15).

De fato, não podemos dar importância ao mundo a nosso redor a menos que pensemos que ele realmente exista (metafísica), que corresponde ao que percebemos pelos sentidos (epistemologia). Certamente faremos julgamentos éticos, e agiremos com propósito (ainda que seja o de sobreviver... e ainda teríamos que nos perguntar o pra quê ficar vivo). Esses, e uma infinidade de outros exemplos podem mostrar como é inevitável que tenhamos uma cosmovisão. A questão é que, “em geral, nossas cosmovisão repousa tão profundamente entremeada em nosso subconsciente que, a não ser que tenhamos refletido longa e arduamente, não temos consciência do que ela é” (SIRE, 2009, p.19). Podemos deter uma cosmovisão falsa e estarmos enxergando o mundo de maneira errada, uma vez que, como observa Nash:

Cosmovisões funcionam de modo semelhante aos óculos. As lentes corretas, tal como a cosmovisão correta, podem mostrar o mundo de maneira mais clara. Quando as pessoas olham o mundo por meio de cosmovisões erradas, a realidade não lhes fará sentido (NASH, 2008, p.14).]
Nós propomos que a cosmovisão cristã é a única verdadeira e satisfatória. Doravante, analisaremos como testar a veracidade das cosmovisões (uma abordagem útil para todo tipo de apologista).

parte 3
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BIBLIOGRAFIA:

CHEUNG, Vincent. Questões Últimas. Tradução de Marcelo Herberts. Brasília: Monergismo, 2009. 143 p.

GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia: romance da história da filosofia. Tradução de João Azenha Jr. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. 560 p. 

NASH, Ronald H. Questões Últimas da vida: uma introdução à filosofia. Tradução de Wadislau Martins Gomes. São Paulo: Cultura Cristã, 2008. 448 p.

SIRE, James W. O universo ao lado: um catálogo básico sobre cosmovisão. Tradução de Fernando Cristófalo. 4. Ed. São Paulo: Hagnos, 2009. 384 p.

sábado, 10 de dezembro de 2011

“As ‘NOVAS’ línguas”... segundo o irmão Clóvis

O nosso irmão Clóvis, do excelentíssimo Blog Cinco Solas, defende que o termo, para ‘novas’, usado por Jesus em Mc 16.17 é uma evidência que as línguas faladas nas igrejas pentecostais, é um tipo de língua não conhecida em nosso mundo (Veja AQUI). Nova em sentido de origem. Nos dizeres dele:

... as novas línguas não são a mesma coisa que idiomas terrenos que os que cressem iriam passar a falar, mas sim línguas novas no sentido que são distintas e mais elevadas em natureza.

Visto que os que não são pentecostais dizem que as ‘novas’ línguas seriam novas para quem fala. O assunto em mira parece ser bem essencial para estabelecer legitimidade da prática atual de falar em línguas.

Pretendo usar duas linhas de argumentação para mostrar que o irmão Clóvis, e de fato, todos os pentecostais, estão equivocados nesse ponto. Usarei um argumento bíblico e o linguistico.

1º) O que a Bíblia diz sobre as novas línguas não apóia o argumento do irmão Clóvis. Onde e quando se cumpriu, ou pelo menos começou a se cumprir, o que Jesus prometeu em Mc 16.17? Podemos dizer que Atos 2  descreve o cenário do começo do Dom de Línguas, decorrente, naquele caso, do Batismo com o Espírito Santo sobre a Igreja. E lemos alguns trechos ali:

“... os ouvia falar em sua própria língua.”

“... em nossa própria língua materna?”

“... como ouvimos falar em nossas próprias línguas as grandezas de Deus?”

O caso é diferente do que pretende os pentecostais, e o irmão Clóvis, ao defenderem que ‘nova’ seria um idioma não conhecido no mundo inteiro. Aqui encontramos um descompasso com a existência até mesmo da nomenclatura ‘pentecostal’ (At 2.1).

Se esse não é o caso que Jesus predisse, então vocês não são pentecostais! Seria mais próprio dizer que quando se fala em idiomas conhecidos sob a influência do Espírito, aí sim seria pentecostal. Não o que o Clóvis pretende, falar línguas desconhecidas mundialmente (= ‘novas’). Mas é exatamente em At 2 que o movimento ‘pentecostal’ se estriba para exibir sua identidade.

O uso que a Bíblia faz do assunto em 1 Co 14 não muda de figura. Para começar, se esse aspecto do termo ‘novas’ (línguas) fosse um fator preponderante no assunto em pauta, o que é necessário para o argumento do irmão Clóvis, não o era para Apóstolo Paulo. Ele não usa “novas” línguas em parte alguma de 1 Co 14 onde ele trata exaustivamente sobre o dom de línguas. Para piorar a situação do argumento de nosso irmão, no contexto aparece uma clara referência aos idiomas ‘estrangeiros’. Veja o que a Palavra diz:

“... Falarei a este povo por homens de outras* línguas e por lábios de outros povos, e nem assim me ouvirão, diz o Senhor.” (v. 21).
*Faz alguma diferença se aqui é állos ou héteros?

O argumento bíblico é que o uso de novas línguas em Mc 16.17 não está carregado de mistério, antes é o seu uso natural. Jesus está dizendo que a Igreja atingiria novas terras, novas nações, novos povos, por meios extraordinários [ou não] (Mt 28.19).

2º) “Novas” em que sentido?: Um erro muito comum é você pegar um dicionário bíblico, ver o sentido primário e sair aplicando em todos os lugares em que você encontra a palavra na Bíblia. Nós não usamos assim os vocábulos, verbos, etc. Talvez a melhor sugestão é que ouvi de um professor de grego: “O contexto é soberano. É ele que determina qual o sentido que o autor usa-o.”

Existem várias definições acopladas em um termo. Por vezes, a carga semântica é tão grande, e mutante, que pode ocorrer sentidos nunca pretendidos na filologia e/ou etimológica da palavra.

Segundo o irmão Clóvis, o termo que Jesus usou em Mc 16.17 foi aplicado com o fim de representar uma novidade linguística. Ele prossegue dizendo que "novas línguas em Mc 16:17 também não são os já existentes idiomas."

Mas gostaria de mostrar algo, para expandir o tema, que a meu ver, desloca a interpretação pentecostal do Clóvis para a área de especulação dogmática.

Veja como os autores bíblicos, inspirados por Deus, usaram o termo  (kainos)como sinônimo de (neos).

“... Este é o cálice da nova (o mesmo termo em Mc 16.17) aliança no meu sangue derramado em favor de vós.” (Lc 22.20).

“...diz o Senhor, e firmarei nova (o mesmo usado em Mc 16.17) aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá.” (Hb 8.8)

“... e a Jesus, o Mediador da nova (termo diferente do que foi usado em Mc 16.17) aliança ..."

Visto que os textos falam da mesma Aliança, o termo não serve ao que o irmão Clóvis almejou!
Mas alguém pode responder dizendo que ‘os termos são diferentes, mas não completamente diferentes. Existe um, ou alguns, aspectos semelhantes, por isso que eles podem figurar como sinônimos em alguns textos’. Tudo bem... Mas pelo que foi posto no argumento 1, pode-se inferir um outro problema por causa desta resposta: Quem garante que Jesus não usou o termo tendo em mente o ponto de semelhança? (Na verdade, Atos 2 me garante que sim!)

CONCLUSÃO
A prova apresentada pelo irmão Clóvis não é conclusiva. E é aparentemente, uma falácia. O que ele precisa se perguntar é como o autor bíblico usou o termo, com base no contexto, imediato e geral, para depois decidir em segundo plano, qual das possibilidades etimológicas, deve ser destacada.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

‘Afinal, os apóstolos obedeceram Mt 28.19 ou não?’


Um apologista de William Marrion Branham, que gentilmente tem postado comentários aqui no MCA, questionou a postagem “O Batismo em Nome de Jesus”. Entre as diversas objeções lançadas, creio ser essa a mais séria e que merece uma resposta mais acurada.
A diferença entre a forma batismal: Notamos que os registros de Lucas sobre os batismos são diferentes da ordem que Jesus Cristo deu em Mt 28.19. Acredito que a única opção viável é a que apresentei na postagem. Mas nem mesmo nos relatos de Lucas sobre o batismo em Atos existe ‘100%’ de semelhança. Como observei na postagem citada.
Nosso amigo fez a seguinte pergunta: ‘Os apóstolos obedeceram a ordem de Jesus Mt 28.19? Sim ou Não?’. É obvio que a pergunta foi feita para colocar em ‘xeque’ ou a minha argumentação, ou, e especialmente, o Batismo Trinitário.
Discrepâncias nos evangelhos: A resposta está na concepção correta do que são realmente as diferenças. Por exemplo, as discrepâncias nos Evangelhos sinópticos. Vamos citar um exemplo bem conhecido. O que foi escrito na Cruz em Mt 27.37; Mc 15.26; Lc 23.38; Jo 19.19.
“[...] ESTE É JESUS, O REI DOS JUDEUS.” Segundo Mateus.
“[...] O REI DOS JUDEUS.” Segundo Marcos.
“[...] ESTE É O REI DOS JUDEUS.” Segundo Lucas.
“[...] JESUS NAZARENO, O REI DOS JUDEUS.” Segundo João.
O médico Lucas e o ex-publicano, Apóstolo Mateus: Agora vamos ver trechos onde Jesus disse algo, para percebemos a diferença entre a maneira que Lucas escreveu, e como Mateus usou a sua ‘pena’. Ainda creio que temos, nas características do escritor, mais respostas ao questionamento apresentado.
1) As bem-aventuranças: Uma simples comparação entre Mt 5.1-12 com Lc 6.20-23, percebemos que alguém acrescentou, ou omitiu (comparando um com o outro, por favor entenda!). Um diz que Jesus falou 9 bem-aventuranças, ao passo que o outro 4.
2) O Pai Nosso: Todos nós repetimos a oração do Senhor conforme Mateus. Mas aqui também compararmos em Mt 6.9-13 com Lc 11.2-4, percebemos diferenças em como o Senhor ensinou a oração.
3) O sermão escatológico: Por último  chamo atenção ao que o Senhor Profetizou em Mt 24.3-44 com o que Lucas registrou (21.7-36). Percebe-se várias nuanças naquilo que foi predito, além de termos uma expressão que é tema de debates teológicos “os tempos dos gentios”, que Mateus não nos diz que Jesus tenha dito.
4) Lucas que Paulo disse algo que Jesus disse, mas não sabemos onde: Ficou meio confuso mas é isso mesmo. Segundo Lucas, no sermão aos presbíteros de da Igreja em Éfeso, Paulo disse o seguinte: “[...] socorrer os necessitados e recordar as palavras do próprio Senhor Jesus: Mais bem-aventurado é dar do que receber. (At 20.35). Ou seja, existiam algumas informações que eles possuíam que não nos chegou (veja Lc 1.2-4).
CONCLUSÃO
Esses foram apenas alguns exemplos. O caldo poderia engrossar ainda mais. Se formularmos uma pergunta tal como o apologista do Tabernáculo da Fé formulou diante dessas discrepâncias, estaríamos desconsiderando toda a explicação teológica e cristã que sempre foi dada a essas diferenças.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Os Pedobatistas Valdenses contra os Batistas


“Os valdenses, ao contrário do que às vezes se afirma, adotaram o batismo de crianças.

Continuamos a colher as nossas informações históricas, principalmente no livro do dr., Fairchild sobre "Scrípture Baptism".

O testemunho da história da Igreja Cristã, com referência ao batismo infantil, demonstra ser errónea a opinião daqueles que afirmam ser o batismo de crianças inovação do romanismo. As inovações do romanismo como o culto das imagens, as indulgências, o purgatório, a missa, a confissão auricular, a infalibilidade do papa e outras semelhantes novidades são bem conhecidas e a história eclesiástica nos diz exatamente como e quando surgiram. E, no entanto, vemos, pelo estudo cuidadoso da mesma história eclesiástica, que o batismo infantil não foi obra de nenhum papa ou concílio da Igreja Romana, visto que sempre existiu como prática da Igreja Cristã desde os tempos apostólicos.

É a negação do batismo infantil que aparece como novidade, cerca do ano 1120, quando no Sul da França surgiu a seita dos petrobrussianos fundada por Pedro de Bruis. Essa seita rejeitou o batismo de crianças por julgá-las incapazes de ser salvas. É esse o primeiro aparecimento na história da seita que combatia o batismo infantil, excetuando-se, unicamente, os paulicianos, aos quais já aludimos. Não se deve confundir os petrobrussianos com os valdenses, como fazem alguns historiadores, pois os valdenses praticavam o batismo de crianças. Extraímos do livro "Scripture Baptism" do dr. Fairchild, às páginas 122 e 123, as seguintes informações sobre os valdenses.

Os valdenses, ou vaudois, do Piemonte são afamados como testemunhas da verdade naqueles tempos tenebrosos em que a verdadeira religião parecia estar quase extinta. Isolados do resto do mundo nos seus vales solitários, parecem ter conservado a simplicidade e a pureza dos tempos apostólicos, quando todos os demais homens estavam dominados pelo erro. Todo o mundo sabe que esses valdenses se opuseram as pretensões da Igreja de Roma e que, por isso 'mesmo, foram brutal e cruelmente perseguidos. Sir Samuel Morland, que os visitou em 1657, por nomeação do Governo Britânico, escreveu a sua história, baseado em livros e manuscritos que haviam escapado às fogueiras da Inquisição. De uma das suas mais antigas confissões, fornecida pelo referido autor, citamos o seguinte trecho:

"Temos, apenas, dois sinais sacramentais deixados por Jesus Cristo: um é o batismo e o outro é a eucaristia, recebidos para mostrar que a nossa perseverança na fé é aquela que prometemos, quando fomos batizados, sendo crianças pequeninas; e, além disso, em lembrança daquele grande benefício que nos foi concedido por Jesus Cristo, quando morreu pela nossa redenção e lavou-nos com o seu precioso sangue". (Pág. 39).

João Paulo Perrin, descendente dos valdenses, escreveu um tratado minucioso sobre as doutrinas e ordem dos mesmos valdenses. Parece que os seus inimigos os haviam acusado de negarem o batismo às crianças, ao que esse historiador replica:

"A quinta calúnia foi com referência ao batismo que se diz terem êies (os valdenses) negado às criancinhas; mas desta acusação se defendem da seguinte forma: o tempo e o lugar daqueles que devem ser batizados não são ordenados; mas a caridade e a edificação da Igreja e da congregação devem servir de regra nesse particular, etc; e, portanto, aqueles a quem eram mais inteiramente ligadas as criancinhas as traziam para serem batizadas, quer fossem os pais que as traziam ou quaisquer outras pessoas que Deus fizera caridosas nesse mister". (Livro I, cap. IV, pág. 15).

Continua o mesmo historiador Perrin:

"O rei Luiz XII, tendo sido informado pelos inimigos dos valdenses, moradores na Provença, de muitos e graves crimes de que eram acusados, ordenou a Lord Adam Fumee, Mestre de Requerimentos, e a um doutor da Sorbonne, por nome Parne, seu confessor, que procedessem a um inquérito nessas localidades. Visitaram todas as paróquias e todos os templos e não acharam nem imagens, nem o menor vestígio de quaisquer enfeites das suas missas ou cerimónias da Igreja de Roma; e muito menos tais crimes de que eram acusados, mas antes que observavam devidamente os seus sábados e jaziam balizar as crianças, de acordo com a ordem da Igreja primitiva, ensinando-lhes os artigos da fé cristã e os mandamentos de Deus" (Perrin, Livro I, cap. VI, págs. 30 e 31).

A história dos valdenses nos oferece mais uma prova histórica de não ter sido o batismo infantil inovação do romanismo, mas antes uma prática oriunda dos tempos apostólicos.”

Fonte:“Estudos bíblicos sobre o batismo de crianças”, Philippe Landes.

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Já postamos evidências conclusivas em favor do Santo Batismo Infantil AQUI. A informação acima é apenas uma corroboração histórica do tema. A base bíblica dispensa a necessidade dessa prova, bem como a dos Pais da Igreja.

sábado, 3 de dezembro de 2011

William Marrion Branham sob escrutínio – Parte 2


Na primeira postagem desse tema fiz uma abordagem geral do principal livro de WMB, ‘As Sete Eras da Igreja’. Agora começarei a pesar as interpretações dele em torno do livro de Apocalipse. Não sei ainda qual seria o resultado para fé dos seguidores de WMB se ficar provado que muitas interpretações dele não passam de exposições alucinantes e infantes, advindas de uma hermenêutica errada, fantasiosa. Mas sei que o pessoal do Tabernáculo da Fé insiste em dizer que WMB é o profeta de nossa era.
No entanto precisa ficar provado biblicamente SE a Igreja de Jesus Cristo teria mesmo ‘um profeta’ com um calibre extra (1 Pe 2.9,10).
(Em muitas partes do livro WMB desfere suas criticas contra a doutrina da Trindade, não raro construindo ‘o monstro de palha’. Ele chega a ter um sonho-visão contra a trindade que é até divertido... Além de dizer sempre sobre o batismo em nome de Jesus. Já tratei desses assuntos no blog, não irei tornar a falar desses assuntos nesta série.)
O ESQUEMA DE WMB:
1ª Era de Éfeso: de 53 a 170. Mensageiro Paulo 2ª Era de Esmirna: de 170 a 312. Mensageiro Irineu. 3ª Era de Pérgamo: de 312 a 606. Mensageiro Martin. 4ª Era Tiatira: de 606 a 1520. Mensageiro Columba. 5ª Era de Sardes: de 1520 a 1750. Mensageiro Lutero. 6ª Era de Filadelfia: de 1750 a 1906. Mensageiro Wesley. 7ª Era de Laodicéia: de 1906 a [bem próximo de seus dias, especulou no livro que a ultima era terminaria em 1977, mas apresentou a possibilidade de estar errado em algumas mensagens]. Mensageiro; subtende que seja ele mesmo, isto é: Willian Marrion Branham. Mostrarei isso em postagens futuras.
QUAL A BASE BIBLICA PARA DIZER QUE A IGREJA TERIA ALGUM PROFETA ESPECIAL?
Isso obviamente não existe. É o sonho de toda Testemunha de Jeová, Adventistas e Mórmons dizer pelos quatro cantos do mundo: ‘APENAS NÓS Temos um Profeta Especial!’. Infelizmente (na verdade felizmente) a turma do Tabernáculo tem um viés desse exclusivismo papista.
Primeira objeção contra ‘As Setes Eras’:
‘As Sete Eras da Igreja’... MAS QUE ERAS???
Vamos começar do começo... Sim...
Veja algumas das declarações de WMB sobre a importância de se saber a divisão das ‘sete eras’ da igreja: a exposição das sete eras “é necessário a fim de estudar e compreender o resto do Apocalipse, pois das Eras vêm os Selos, e dos Selos vêm as Trombetas, e das Trombetas vêm as Taças.” (Introdução ‘IX’) “Apocalipse é a revelação de Jesus e o que Ele está fazendo nas igrejas durante essas sete eras.” (pg 3).
Quem disse que as Sete Igrejas do Apocalipse são símbolos de períodos fixos de tempo profetizados e assim necessariamente vivenciados pela Igreja de Cristo desde o fim do primeiro século até a volta de Jesus? Qual a prova bíblica desta interpretação?
William Marrion Branham apresenta um suposto argumento que tratarei nesta postagem. Antes porém, devemos considerar:
1) As sete igrejas eram igrejas literais, tal como as que Pedro e Paulo escreverem. Jesus Cristo falou para aquelas igrejas como falou para Timóteo, Éfeso, etc, por meio de Paulo. Nossa prova é textual: “Ao anjo da igreja que ESTÁ EM ESMIRNA...” Não disse: ‘Ao anjo DA ERA, DO TEMPO, DO PERÍODO, ETC, de Esmirna...’
2) O livro de Apocalipse tem várias referências de tempo. Não seria desproporcional achar que as Sete Igrejas seriam assim identificadas, caso elas o fossem. O conteúdo dos capítulos 2 e 3 não são visões simbólicas. O que, poderia, de alguma maneira ser ‘alegorizado’. Antes, são mensagens recebidas em visões para serem entregues para igrejas físicas, literais.
3) Dizer que essas igrejas existiram e mesmo assim era símbolo de tempo, não resolve a problemática nevrálgica. Não existe prova do fator primordial. O que Deus ensinou é válido como princípio moral, tal como as demais cartas. Mas dizer o que WMB diz é imaginar demais. Do nada ele diz “A Era de TAL iniciou-se EM”.
Tem que ser crédulo demais para aceitar. Os seguidores de WMB não fazem com o tal ‘profeta’ o que os de Beréia faziam, mesmo com o Apóstolo Paulo (At 17.11). Qualquer coisa então poderia ser dito por WMB que os seus seguidores engoliriam sem sombra de dúvidas. E de fato ele disse muita besteira, e seus seguidores hoje lutam para promover seus ensinos.
Não existe prova alguma para outras três interpretações inerentemente essenciais e vitais para WMB pelo menos prosseguir escrevendo a introdução do livro...
1º) Prova de quem era o mensageiro de certa Era.
2º) Prova de quando iniciaria e quando terminaria certa Era.
3º) Prova de que a Era da igreja seguinte substituiria a anterior.
Se você ler as cartas do Senhor ás igrejas da Ásia nada disso é respondido. Agora se você está disposto de ajoelhar-se diante de WMB e dizer ‘Amém’ para tudo que ele disse a escolha é sua. Só quero lembrar que ele não soube interpretar direito uma visão que teve, sustentando por 30 anos que o fim da Última Era poderia ser em 1977... mais coisas poderiam estar erradas aí, certo?

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Teologia da Prosperidade – o 'evangelho' segundo o diabo!

Ao ler os Evangelhos percebemos que Jesus Cristo NUNCA fez ninguém ficar rico. Ao contrário, parece que ele mais trabalhava em favor de uma modéstia do que em conceder bênçãos financeiras.


De modo oposto, noto que na verdade o diabo usou a mesma linha de interpretação dos proponentes da Teologia da Prosperidade ao tentar Jesus conforme revela-nos Mateus 4 (Quem me ajudou a ver isso foi o Pr Ed René). Veja:


1) Disse para Jesus transformar a pedra em pão: determinar que as coisas acontecessem segundo as suas necessidades.


2) Disse para Jesus pular do templo: se aventurar em grandes desafios financeiros pois ‘Deus é contigo!’


3) Disse para Jesus se apoderar das riquezas do mundo por meio da 'adoração': que em atos de adoração proféticas (velas, fotos, documentos ungidos, etc) você receberá ‘o melhor desta terra!’


Além disso, notamos que o diabo tentou Jesus varias vezes para ele usar sua autoridade em favor próprio.

Veja uma série de estudos sobre esse assunto aqui no Blog @prendei.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

‘Ellen White, secretária de Deus!’ E eu acredito em Papai Noel...

“Ellen White sempre insistia em dizer que tudo vinha de Deus. Já para o segundo tomo de Spiritual Gifts (1860), disse:

"Eu dependo do Espírito do Senhor tanto para relatar ou escrever as visões, como para tê-las. É-me impossível recordar as coisas que se me mostraram, a não ser que o Senhor mas apresente no momento em que a Ele lhe aprouver motivar-me a relatá-las ou escrevê-las.”( Spiritual Gifts, tomo 2, p. 293)

Esta assombrosa declaração ia muito além do que os escritores bíblicos jamais reclamaram para si mesmos; e, em realidade, ia muito além de qualquer coisa do que ela tivesse afirmado jamais. Este chamado às armas foi contagioso. Outros se fizeram eco do clamor e o têm estado usando desde então. George A. Irwin (presidente da Conferência Geral Adventista desde 1897 até 1901) seguiu o exemplo dela ao afirmar num tratado titulado "The Mark of the Beast" (1911) que:

“É desde o ponto de vista da luz que veio por meio do Espírito de Profecia [os escritos da Sra. White] que a questão será considerada, crendo como cremos que o Espírito de Profecia é o único intérprete infalível dos princípios bíblicos, já que é Cristo, por meio de seu agente, quem proporciona o verdadeiro significado de suas próprias palavras”.

(FONTE: A Mentira Branca. Caso queira esse livro em pdf, me envie um e-mail: blogapologetico@gmail.com )

Isso é Ellen White!

Depois os adventistas dizem que é o dom de profecia...

Será que outros tem esse dom hoje na seita Adventista?

Se sim, Papai Noel existe?

sábado, 19 de novembro de 2011

Mais uma confusão Adventista: Três ou Dois ‘sacramentos’?

O Protestantismo fiel, sempre ensinou que a Bíblia ensina dois sacramentos. O Santo Batismo e a Santa Ceia. Visto que a palavra ‘sacramento’ tem sempre certa associação com as superstições Papistas, vários crentes, como é o caso dos Batistas e Pentecostais, preferem usar apenas ‘ordenança’.

E como toda seita gosta de ter marcas que lhes dão algum estereótipo peculiar, a seita adventista diz que Jesus deixou três sacramentos (ou como dizem eles também) ‘ordenanças’. Veja quais são:

“A Igreja é o instrumento de Deus para administrar as ordenanças do batismo – rito de entrada na Igreja [...] e da Ceia do Senhor e lava-pés [...]” (Nisto Cremos, pg 202).

“As ordenanças do Lava-pés e da Ceia do Senhor constituem o serviço da Comunhão. Portanto, Cristo instituiu essas duas ordenanças para nos assistir ao entrarmos em comunhão com Ele.” (Nisto Cremos, pg 267).

A Ordenança do Lava-pés [...] Jesus instituiu a ordenança do Lava-pés. Ele não apenas deixou o exemplo como também insistiu em que deveríamos segui-lo [...] Essa ordenança, que precede a Ceia do Senhor” (Nisto Cremos, pg 267).

E caso alguém ache que o Nisto Cremos está apenas usando ‘ordenança’ como sinônimo de algum ato litúrgico, veja agora esses dois  trechos: “Ao transformar essa cerimônia preparatória numa ordenança [...]” “O serviço do Lava-pés [...] Aqueles que desejam desfrutar de contínuo companheirismo com Cristo, devem participar da ordenança.” (Nisto Cremos, pg 268, 270).

Exatamente, o livro oficial de crenças adventistas diz que ‘lavar os pés uns dos outros’, como ato cerimonial, é uma ordenança, ou sacramento. Mas o que é ordenança para os adventistas? Deixemos o Nisto Cremos dizer: “Uma ordenança corresponde a um rito religioso simbólico estabelecido ou observado, o qual carrega consigo as verdades centrais do evangelho e que é de obrigação perpétua e universal.” (Nisto Cremos, pg 263).

Porém, a informação fica confusa quando notamos em outros trechos do livro:

“Duas grandes ordenanças beneficiam a fé cristã – Batismo e Ceia do Senhor.” (Nisto Cremos, pg 276).

“Cristo prescreveu duas ordenanças – o batismo e a Ceia do Senhor.” (Nisto Cremos, pg 263).

Bem confuso não é mesmo?

Pergunto aos Adventistas:

São duas ou três ordenanças? O Lava-pés é uma ordenança ‘menor’? Sendo menor do que o Batismo e Santa Ceia, ainda pode ser classificada como ordenança? É menor em que sentido?