sábado, 28 de maio de 2011

Debate com Espírita - Parte 3

LUCIO


“Gostaria de dizer que não ignorei nada do seu texto, apenas não citei todas as partes, pois as que não citei foram superadas com as respostas dadas às que citei, bastando que leves em consideração a essência da minha resposta”



Bom, uma vez que demonstrarei que está equivocado, deverás lidar com eles então... correto?



“gostaria de fazer uma sugestão para que não fiquemos nos estendendo com questões periféricas e que não ajudam a solucionar a essência da questão central, até porque quero introduzir o meu tema, algum dia, né?”



Não acho q entrei em questões periféricas. Se entrei, me desculpe, mas não vi.

Quanto à você introduzir um tema, ‘algum dia’, penso que não é um problema pra nós, já que dispomos de tempo e estamos dispostos a analisar cautelosamente, com a mente e coração aberto, o que o outro tem a dizer. Não é?



“Eu citei uma passagem bíblica em que Jesus deixa claro que ele não é Deus e eu gostaria que você buscasse, de forma direta e objetiva, tentar contrapor(com argumentos lógicos) a minha interpretação a respeito desta passagem com o intuito de mostrar que a sua interpretação se encaixa melhor nela que a minha.”



Bom, eis o cerne de seu argumento. Primeiro, gostaria de mostrar qual é a interpretação cristã sobre o texto, e depois mostrar os motivos que a sua interpretação não se sustenta, e como a minha é apoiada pelas Escrituras (os dados a serem interpretado pela cosmovisão).

A passagem que estamos discutindo é

“João 7:16,17 e18.

Respondeu-lhes Jesus: A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou. Se alguém quiser fazer a vontade de Deus, há de saber se a doutrina é dele, ou se eu falo por mim mesmo. Quem fala por si mesmo busca a sua própria glória; mas o que busca a glória daquele que o enviou, esse é verdadeiro, e não há nele injustiça.



A última coisa que esta passagem faz é ‘demonstrar’ que Jesus exime de sua natureza divina. Primeiro, temos de entender o que a teologia sistemática chama de prisma da ontológico da trindade, e prisma econômico. No prisma ontológico, Jesus é um com o Pai, ambos partilham a mesma essência (esta posição será provada logo adiante). No prisma econômico, onde as funções de cada Pessoa da Trindade são distintas, pode-se existir suborndinação. O dr. Norman Geisler e o dr. Thomas Howe podem nos ajudar com isso: “O Pai é maior que o Filho por ofício, mas não por natureza, já que ambos são Deus [...]. Tal como um pai terreno, que possui a mesma humanidade que o seu filho, mas exerce uma função superior à deste, assim também o Pai e o Filho na Trindade são iguais em essência, mas diferentes em função. De forma semelhante, dizemos que o presidente do país é maior que os demais cidadãos, não em virtude de seu caráter, mas em virtude de sua posição. Portanto, não podemos dizer que Jesus se considerava o mínimo que fosse inferior a Deus em sua natureza” (Manual popular de dúvidas, enigmas e “contradições” da Bíblia, 1999, p. 428). O ofício inferior que Cristo se submetera é o de servo, descrito e explicado em Filipenses 2:5ss (que já analisei).





“...então outras passagens Bíblicas mais ambíguas, como a que você citou("o Verbo se fez carne")”

Esta passagem é ambígua? Podemos discuti-la no grego se você quiser. Ela claramente diz que o Verbo é Deus (kaí Theos ên hó Logos), e se fez carne (a encarnação de Cristo).



“...outras passagens Bíblicas [...] não poderia[sic.] contradizer o próprio Jesus a respeito da condição dele, concorda?”

Exatamente. Parece que aqui você está admitindo a unidade das Escrituras. Vincent Cheung sintetiza esta doutrina assim: “O fato de suas [da Bíblia] palavras procederem da mente divina, única, implica a exibição de uma coerência absoluta” (Introdução à Teologia Sistemática, 2008, p.35). Sendo assim, o que Jesus disse aqui deve se harmonizar com o que ele disser acolá, e, de modo mais abrangente, deve concordar com as Escrituras como um todo.



“Lembrando também que a passagem que você citou foram palavras de João, demonstrando que refletia uma percepção pessoal dele a respeito de Jesus, enquanto que esta que citei contém palavras do próprio Jesus.”

Veja bem o quanto você está sendo incoerente. As palavras que conotastes a Jesus foram escritas pelo próprio João que você acusa de vítima de sua idiossincrasia. No mínimo, ele é o melhor intérprete de suas próprias palavras, além de ter muito mais crédito que eu, você e, digamos, Alan Kardec, para dizer algo sobre Jesus. Ele viveu com Ele, foi instruído por Ele. Por fim, são pertinentes as palavras de Pedro: ...nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2 Pedro 1:20,21).







Agora, já que aceitas as palavras que os evangelistas creditam a Jesus (e o faz com muito bom senso), gostaria de lhe dar essas:

João 5:17,18 = E Jesus lhes respondeu: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também”. Por isso, os judeus ainda mais procuravam mata-lo, porque não só quebrantava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus.

Veja que para obter um entendimento correto do que Jesus estava dizendo e da interpretação dos judeus é preciso lançar mão da interpretação histórica e gramatical.



João 17:5 = E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse.

Aqui quero ressaltar que ele tinha a glória junto ao Pai antes que o mundo existisse, de modo que não há espaço de tempo para evolução e progresso até atingir a divindade (a propósito, para não estender, desejo questionar filosoficamente, em outra oportunidade, seu conceito de ‘natureza divina’, pois sua explicação não procedeu).



João 8:12 = Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.

Agora, voltemos um pouco para João 1:1-10. ‘nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens’ (4); ‘ali estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo. Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu’ (9,10). Ele, a luz do mundo, criou o mundo (‘foi feito por ele’). Quem criou o mundo ESPÍRITA [aqui o nome próprio para espírita]? Não foi Deus...



Por último, para não ficar muito extenso, João 8:58 = Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, EU SOU.

Que tal olharmos para o Antigo Testamento e descobrir a origem da expressão EU SOU? Veja Êxodo 3:14 = E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós.

Percebe a auto identificação de Jesus para com o Pai?



Uma vez que Jesus não poderia mentir (como você mesmo disse), parece que a minha interpretação condiz com o resto da história, condiz com o todo dos ensinamentos de Cristo.



Por fim, acho que você deveria lidar com os outros textos que expus, a não ser que você deixe claro que não crê em TODA Escritura. Então, gostaria de lhe questionar qual o critério que usa pra selecionar o que é confiável e de Deus, e o que não é.



No mais, acho que lidei com o cerne de sua resposta. Se esqueci de algo importante, me avise.


ESPÍRITA

"Bom, uma vez que demonstrarei que está equivocado, deverás lidar com eles então... correto?"


Fique tranquilo, estou lendo seu texto atentamente e procurando responder a todas as questões que colocas, em termos de essência.



"Não acho q entrei em questões periféricas. Se entrei, me desculpe, mas não vi.


Quanto à você introduzir um tema, ‘algum dia’, penso que não é um problema pra nós, já que dispomos de tempo e estamos dispostos a analisar cautelosamente, com a mente e coração aberto, o que o outro tem a dizer. Não é?"

Você estava começando a falar de ressurreição de Jesus, por exemplo.

Temos tempo, porém um debate mais dinâmico é sempre bom. Quando você dispor de mais tempo, acho que ficará mais interessante e dinâmico o debate.



"A última coisa que esta passagem faz é ‘demonstrar’ que Jesus exime de sua natureza divina."

Esta me parece a primeira coisa que Jesus faz nesta passagem, e parecerá assim para todo aquele que não buscar fazer malabarismos para interpretar da forma oposta.



"Primeiro, temos de entender o que a teologia sistemática chama de prisma da ontológico da trindade, e prisma econômico. No prisma ontológico, Jesus é um com o Pai, ambos partilham a mesma essência (esta posição será provada logo adiante). No prisma econômico, onde as funções de cada Pessoa da Trindade são distintas, pode-se existir suborndinação."

Isso é o que eu(e qualquer pessoa que use corretamente a navalha de occam) chamo de um malabarismo de interpretação, buscando encaixar uma ideia não só longe de como oposta àquela que Jesus quis, notavelmente, passar, de forma simples e clara.



"Esta passagem é ambígua? Podemos discuti-la no grego se você quiser. Ela claramente diz que o Verbo é Deus (kaí Theos ên hó Logos), e se fez carne (a encarnação de Cristo)."

Não terminei meu cursinho de grego, ainda, deixemos a discussão em grego pra mais tarde ;).

Vamos analisar este interessante capítulo(João 1):

"18 - Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou."

João é alguém e portanto nunca viu Deus. Como poderia estar afirmando que Jesus e Deus sejam o mesmo, se não conhece Deus?

Além do mais, veja que ele diz que "Deus nunca foi visto por alguém" e que Jesus "o revelou", ou seja, se Jesus fosse Deus, isto não poderia ser dito, pois ele foi visto por muitos. Oras, ou Jesus é Deus, ou não é. Se é dito como sendo outro, então não é o próprio Deus.

"31 - E eu não o conhecia..."

João afirma aqui que não conhecia Jesus. Como poderia estar afirmando que Jesus é Deus se nem o conhecia também(assim como não conhecia a Deus)? Com certeza não era isso que ele quis dizer, pois não se pode afirmar que alguém é ou deixa de ser algo sem nem conhecer esse alguém.

"32 - E João testificou, dizendo: Eu vi o Espírito descer do céu como pomba, e repousar sobre ele."

Aqui João declara que viu o Espírito de Jesus vindo encarnar nele, e isto está em conformidade com o que diz o Espiritismo, que Jesus é um Espírito, enquanto que na outra ideia(a de que Jesus é Deus) ele não poderia "chegar" como um Espírito, pois Deus é onipresente, está em toda parte, e, portanto, não precisaria chegar. Além do mais, Deus não é um Espírito.

"33 - E eu não o conhecia, mas o que me mandou a batizar com água, esse me disse: Sobre aquele que vires descer o Espírito, e sobre ele repousar, esse é o que batiza com o Espírito Santo."

Novamente João afirma que não conhecia Jesus, mas revela algo a mais, e bem importante nesta passagem: A sua mediunidade.

João fala que "alguém" disse a ele aquelas coisas, porém não diz quem. É de se imaginar que tenha sido um Espírito superior que o falou da vinda de Jesus e qual era o sinal para reconhecer Jesus(ver o Espírito descer sobre ele).



"As palavras que conotastes a Jesus foram escritas pelo próprio João"


Palavras escritas por João, porém do próprio Jesus. Você não concorda que sejam palavras de Jesus? João apenas as reproduziu.



" além de ter muito mais crédito que eu, você e, digamos, Alan Kardec, para dizer algo sobre Jesus"

Teria mais crédito que o próprio Jesus? Ainda estou no aguardo de palavras do próprio Jesus que dêem a entender que ele é Deus.



"Aqui quero ressaltar que ele tinha a glória junto ao Pai antes que o mundo existisse, de modo que não há espaço de tempo para evolução e progresso até atingir a divindade"

Há quanto tempo existe o Universo? Bem mais que a Terra, isso é fato.

O mundo a que ele se refere na passagem é, logicamente, o nosso mundo, o planeta Terra. Isso então reforça ainda mais a crença Espírita, pois Jesus teria já vivido desde antes da Terra existir, sendo, portanto, um Espírito bem mais antigo, o que o deu tempo de passar pelos estágios de evolução até atingir um grau muito elevado bem antes de nós.

Lembre-se que a Terra não é o único mundo do Universo.



"Ele, a luz do mundo, criou o mundo (‘foi feito por ele’). Quem criou o mundo ESPÍRITA [aqui o nome próprio para espírita]? Não foi Deus..."

Novamente evoco João 1:18 > "Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou."

Se Deus nunca foi visto por alguém, então Jesus não é Deus, pois ele foi visto por muitos.



"Percebe a auto identificação de Jesus para com o Pai?"

Possivelmente o próprio Jesus falou com Moisés mediunicamente naquele momento, e Moisés imaginou que fosse Deus.



"Uma vez que Jesus não poderia mentir (como você mesmo disse), parece que a minha interpretação condiz com o resto da história, condiz com o todo dos ensinamentos de Cristo."

Sugiro que usemos então as palavras do Cristo, somente, assim fica tudo mais claro e poderemos saber o que ele de fato ensinou e o que não ensinou.



"Por fim, acho que você deveria lidar com os outros textos que expus, a não ser que você deixe claro que não crê em TODA Escritura. Então, gostaria de lhe questionar qual o critério que usa pra selecionar o que é confiável e de Deus, e o que não é."

Você sabe bem que eu não creio em toda a Bíblia, porém creio nas palavras de Jesus nela contida, e não vejo nenhum problema em debatermos apoiados nas palavras dele.

O critério é simples: O que Jesus disse tem valor maior que o que qualquer outro disse, não podendo então a fala de outro contradizer a de Jesus.

Seguindo as palavras de Jesus temos uma doutrina realmente cristã.



"No mais, acho que lidei com o cerne de sua resposta. Se esqueci de algo importante, me avise."

Esqueceu, novamente, de dizer qual a sua religião, já que disse não ser católico.



Eu não sei, mas acho que se ficarmos debatendo sobre interpretações de passagens da Bíblia, não vamos acabar nunca este tema, e eu estou ávido para passar pro meu tema hehehe. Além do mais, gosto mais de um debate baseado em lógica, pois esta é mais segura para indicar a verdade que escrituras. Que acha?

Eu sugiro que passemos ao próximo tema, já que o atual parece que pode se estender infinitamente(por se basear somente em escrituras), já que cada um vai apresentar sua própria interpretação de cada passagem.

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CONTINUA http://mcapologetico.blogspot.com/2011/06/debate-com-espirita-parte-4-final.html

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Refutação do livro antitrinitariano - Eu e o pai Somos Um - Parte 3

A avaliação de alguns textos trinitários:
Embora ‘sejam poucos’, segundo Ricardo Nicotra, ele fez uma breve analise dos textos que são usados pelos trinitarianos. Vejamos suas objeções.
1) Sobre Mateus 3.16,17 Nicotra diz: “A Bíblia em nenhum momento diz que o espírito que desceu em forma de pomba era uma terceira pessoa [...]O verso mostra uma manifestação dupla do Pai: manifestou-se através do seu Espírito e da sua voz.” (EPSU, p. 56).
Para começar, a Bíblia ensina que o Espírito é uma pessoa. Quanto a dizer que é uma ‘terceira’ pessoa é uma conclusão teológica e uma acomodação.
Em uma parte do livro ele diz que Espírito é a 'mente de Deus', e o mesmo Espírito, mente, é de Deus e de Cristo (não da maneira trinitária). Logo, se assim fosse, o que temos aqui em Mt 3.16,17?
Outro aspecto é a comparação com a Voz e o Espírito de Deus. Ele diz que se ‘a voz de Deus’ não é outra pessoa, então ‘o Espírito de Deus’ também não pode ser outra pessoa! Tudo errado com suas premissas: Se a Bíblia classificasse uma pessoa divina com o nome de Voz, teríamos uma pessoa, e pronto, não é mesmo? Ele mais uma vez fia-se em torno do minúsculo, espírito (nos manuscritos originais). Ora, será que se você encontrar filho de Deus, vai concluir também que tal filho não é uma pessoa por estar com letra minúscula?
2) 2 Co 13.13, ele afirma: “A doutrina da Trindade ensina que Deus é o primeiro, também chamado de “primeira pessoa da Trindade”, Jesus Cristo é a segunda pessoa e, finalmente, o Espírito Santo é a terceira pessoa da Trindade. Este é o ensino clássico trinitariano. Mas parece que esta sequência de primeira, segunda e terceira pessoas não estava muito clara para o apóstolo Paulo. Perceba que Jesus Cristo é o primeiro a ser mencionado em II Coríntios 13:13. Ora, se a doutrina da Trindade que hoje é ensinada fosse um consenso entre os apóstolos, Paulo certamente obedeceria a ordem das pessoas, no entanto não o fez.” (EPSU, p. 56).

Inútil o argumento. Como o próprio Ricardo sabe (?) a crença Trinitária não coloca primeiro por causa de alguma preeminência na natureza, mas por acomodação e apresentação na Escritura. Até mesmo o Credo Atanasiano diz que ‘E nesta Trindade nada é anterior ou posterior [...]’
Na verdade 2 Co 13.13 destrói o atitrinitarismo dele, pois coloca Cristo antes do Pai (e como já demonstrei, vários textos seguem uma ordem diferente). Ora, para os trinitários isso não existe dificuldade alguma. Mas e para eles? No caso de Nicotra, Jesus é coeterno com o Pai, criador com o Pai, mas distinto e menor que o Pai em sua Divindade?

Lamentamos que o Ricardo Nicotra omitiu dezenas de versículos bíblicos conforme exposto pelo irmão Cláudio em sua Teologia Sistemática Trinitariana nas páginas 138 a 151.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Debate com Espírita - Parte 2

As falas em negrito correspondem às falas do adversário do orador. Assim, nas minhas falas (Lucio), negrito corresponderão às falas do Espírita; enquanto que nas falas dele, o negrito corresponderá às minhas falas que foram selecionadas.

LUCIO

“A diferença é que Jesus já estava muito mais evoluído e, conforme sua fonte Espírita diz, seria um Espírito puro(está mais além de um Espírito superior, é o ponto máximo da perfeição)”

Conforme tal postulado, gostaria de te fazer a seguinte pergunta: nós, então, poderemos atingir o mesmo status e/ou perfeição ontológica de Jesus? Tal afirmação nos leva a entender que sim... me corrija se eu estiver errado.

“Jesus estaria já totalmente purificado, o que significa que sua natureza é totalmente divina, sem as impurezas da matéria que nós ainda temos a obstruir a centelha divina em nós”

Bom, aqui vc deixa bem explícito a viés gnóstica presente no espiritismo. Como estamos discutindo a ‘biblicidade’ do Espiritismo, não discutirei as implicações filosóficas de tal posição. Só quero confrontar tal visão com alguns pensamentos (e creio que isso abrirá mais um leque em nosso debate, mas será proveitoso):

Tal visão de que a matéria é intrinsicamente má (o que me pareceu estar implícito na sua proposição) não contraria a visão Bíblica de que o mundo físico também é bom? Veja Gêneses 1:1 ‘ No princípio, criou Deus os céus e a terra’; v. 31 ‘Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom...’.

Outra questão que me vem à mente é se você está dizendo que ele possui uma matéria pura em seu ser, ou se ele é agora imaterial (pelo fato de a matéria conotar impureza... etc.). Se for o segundo caso, você seria novamente confrontado com a Bíblia que afirma que a ressurreição de Jesus é literal, que ele ainda tem um corpo (João 20, especialmente o versículo 27).

Junto à questão anterior, tenho que me questionar sobre quando foi que Jesus adotou uma matéria pura, visto que na encarnação ele tinha um corpo como o nosso (1 João 4.2-4 é um texto bem explícito nesse sentido. Vou me ater a este texto para que o debate não abra muito; porém, se for preciso, entraremos mais afundo nessa questão).

Mas você continua:

“é totalmente divina, sem as impurezas da matéria que nós ainda temos a obstruir a centelha divina em nós.”

Isso quer dizer que posteriormente nós obteremos uma natureza totalmente divina?

Além disso, você não acaba assumindo um certo politeísmo quando diz que ele é um ser diferente de Deus, mas também é Deus (=natureza totalmente divina)?

Antes de partir para a análise dos textos, precisamos discutir um pouco de hermenêutica.

Veja sua declaração:

“interpretação literal não é de forma alguma premissa básica da compreensão de textos, concorda?”


Não, não concordo. Aliás, não concordo porque interpretei literalmente que você estava me perguntando isso...

Afirmar interpretação literal não é o mesmo que negar a existência de metáforas e analogias, de comparações e de linguagem poética.

Feitas essas ressalvas, entendo que a ‘interpretação literal’ é bem viável, e lógica. Aliás, a fim de evitar confusões, gostaria que você definisse o que você entende por ‘interpretação literal’.

“Talvez digas que a visão Espírita a respeito da Bíblia não conta. Mas eu diria que é uma questão de interpretações, pois o que garante que a interpretação Católica seja a verdadeira, ao invés da Espírita?”

Bom, primeiro eu gostaria de lhe (re) informar que eu NÃO sou católico... acho que você confundiu as informações... heheh

Agora, certamente eu afirmo que a interpretação espírita não conta. Por quê? Antes de prestar meus esclarecimentos, quero lhe questionar se não é um desconstrucionista. Se for, nosso debate deve ir nessa direção antes de discutir qualquer texto. Presumindo que você não seja, proponho-me a citar alguns princípios hermenêuticos para postular como garantir que uma interpretação é verdadeira e outra não.

Primeiro, a melhor interpretação é a que faz a melhor análise sintática e morfológica. Se sua interpretação ignora esses princípios você negará qualquer possibilidade de comunicação significativa (e eu mostro como!).

Depois, a melhor interpretação respeita o quesito histórico. Ou seja, ela considera o contexto em que o texto surge, o que faz muita diferença na hora de entender a conotação de uma palavra (visto que estas podem incorrer em oscilações semânticas), o que exige conhecimento filológico. Informações sobre o autor e seu contexto cultural, e até mesmo psicológico tornam a interpretação mais precisa ainda. Daí a necessidade de um bom conhecimento da alta-crítica.

Agora, por fim (e de grande importância para nosso debate), há o quesito teórico também. A teologia bíblica (que trabalhará com o apanhar de informações seguindo os dois primeiros passos) nos concederá apenas um emaranhado de fatos. Desta vez, permita-me citar minha recém obtida obra do magnífico teólogo Charles Hodge: “Se pois, a teologia é uma ciência, então ela deve incluir algo mais do que o mero conhecimento de fatos. Deve abranger uma exibição da relação interna desses fatos, um com o outro, e cada um com o todo. Deve ser capaz de demonstrar que, se um for admitido, os outros não podem ser negados” (Teologia Sistemática, p. 1).O que Hodge está fazendo é antecipar grandes filósofos da ciência como Polany e Kuhn, que observam que os fatos em si não dizem nada, mas a interpretação é que diz. Assim, a melhor teoria é a que melhor explica os fatos, que abrange mais fatos (se não todos), além de não ser contraditória.

Dado este passo, quero mostrar que sua interpretação não só não abarca todos os fatos bíblicos, como desrespeita o texto, burlando uma das duas primeiras regras que mencionei.

Vale ressaltar a falácia dessa interpretação de Felipenses 2:5ss:

“Esta parte mostra como somos essencialmente iguais a Jesus, pois nos é possível chegar a ter os mesmos sentimentos que ele teve, bastando-nos chegar a perfeição espiritual como ele chegou.”
[abaixo, a falácia do espírita em forma silógica (em 3 passos)]
1)Se temos os mesmos sentimentos que Jesus, somos absolutamente iguais a ele.

2)Temos os mesmos sentimentos de Jesus.

3)Logo somos iguais a ele.

Ter algo em comum não é o mesmo que ter tudo em comum. Se não fosse assim, também somos absolutamente iguais a Deus: Veja Levítico 11:44.

Além disso, você mesmo concorda com isso ao afirmar que em nós há uma ‘centelha divina’, e não necessariamente toda a divindade. O que me leva a demonstrar outro erro que você cometeu:

Você ignorou a seguinte proposição bíblica para impor seus pressupostos sobre o texto:

“... sendo em forma de Deus... Filipenses 2:6. Essa é a parte relevante que você omitiu. Ao invés disso você diz “tomando a forma de servo(embora fosse o mais superior dos Espíritos)”, presumindo que a forma anterior fosse de Espírito Superior, mas o texto afirma categoricamente que sua forma era de Deus! Veja o que um ‘amigo’ conhecedor do texto grego nos informa sobre essa questão:

“Note-se que nesta passagem há três idéias gradativas: "essência" (gr. hyparchon, lat. essentia); "forma" (gr. morphe, lat. forma); "figura" (gr. schema, lat. figura). Essência, existência ou ser são fundamentais e devem existir em alguma forma, que, uma vez adotada, permanece sempre a mesma. Cada ser tem sua própria forma. Forma é a expressão permanente da existência. Assim temos a forma de Deus, a forma de um anjo, a forma de homem, a forma dos animais; todas essas formas são qualidades inalienáveis ao ser ou existência. A figura, no entanto, é transitória. Em outras palavras: a figura ou aspecto podem mudar, mas forma permanece. Desse modo a aparência deste mundo (schema) passa, não porém sua forma (morphe), (#1Co 7.31). Satanás pode transfigurar-se num anjo de luz, mas não pode transformar-se em tal (cfr. #2Co 11.14). Assim nosso Senhor existiu primeiramente na forma de Deus, uma forte afirmação de Sua deidade essencial e na encarnação e aniquilamento de Si mesmo Ele adotou a forma de servo, o que resultou em se tornar homem, tornando-se seu Ser na semelhança de homem.” (p. 2130, org. F. Daivdson, O NOVO COMENTÁRIO DA BÍBLIA, editora Vida Nova).

Por fim, para complementar, quero dizer que dizer que Jesus é apenas um Espírito Puríssimo é ignorar informações (fatos) explícitos das Escrituras.

Vale ressaltar que sua interpretação de Colossenses 2:9 parece ignorar o fato de que ‘plenitude’ é ‘plêroma’ no grego, que dá a idéia de algo exato.

Mas não é isso que quero salientar. Quero salientar que Jesus já era plenamente perfeito antes da criação, antes que ele pudesse evoluir ou progredir de qualquer forma (Veja o prefácio Joanino e verás que o ‘Verbo era Deus’ antes mesmo da criação). Para complicar um pouco mais a sua situação, a Escritura lhe confere características presentes somente em Deus (fato que já citei, e você ignorou).

“ Todos os atributos divinos são predicados dele: Eternidade, Jo 8.58, 17.5; [...] imutabilidade, Hb [...] 13:8...” (destaquei os que achei mais evidentes, ou os que consigo fazer exegese dos textos base).”

Ficarei por aqui para que o texto não se torne excessivamente grande. O que afirmo com minha fala é que a Bíblia afirma plena divindade em Cristo, a Bíblia fala que ele era Deus, e preciso que você lide com esta questão primeiro, antes de explicar os textos que ele supostamente está negando sua divindade.

Espero não ter ficado muito maçante. Se você perceber, o final tive que me deter de estender a argumentação para não criar um texto excessivamente enorme. O debate tem tudo para ficar ótimo. Deus o abençoe meu caro!

RESPOSTA DO ESPÍRITA

"e preciso que você lide com esta questão primeiro, antes de explicar os textos que ele supostamente está negando sua divindade."


Uma doutrina, para poder se dizer cristã, deve seguir a doutrina que o Cristo nos trouxe. Uma doutrina que crê que tudo na Bíblia é correto, exceto as palavras do próprio Cristo, como pode se dizer cristã? Pode ser uma doutrina semi-bíblica(semi pelo fato de que a autoridade máxima na Bíblia é o próprio Jesus), mas não cristã.

De nada adianta mil e um profetas e sábios terem afirmado mil e uma vezes cada um determinada coisa e Jesus ter dito o contrário, pois, para uma doutrina ser cristã, precisa crer acima de tudo na palavra do Cristo.

Eu te digo, em contrapartida à sua frase, que eu preciso que você lide com esta questão primeiro, já que te afirmas cristão. Ou então não és cristão e estaríamos debatendo à toa.

Eu vou responder outras questões que você citou com relação ao que eu falei, pois vejo que compreendesse diferente do que eu quis dizer, porém quanto à divindade de Jesus aguardo suas ideias a respeito da passagem bíblica que te mandei.

"Conforme tal postulado, gostaria de te fazer a seguinte pergunta: nós, então, poderemos atingir o mesmo status e/ou perfeição ontológica de Jesus? Tal afirmação nos leva a entender que sim... me corrija se eu estiver errado."

Está correto.

"Tal visão de que a matéria é intrinsicamente má (o que me pareceu estar implícito na sua proposição) não contraria a visão Bíblica de que o mundo físico também é bom?"

Quando dizemos, no Espiritismo, que um Espírito está totalmente desmaterializado, queremos dizer que ele não tem mais nenhum apego à matéria e aos vícios e defeitos decorrentes deste apego. Portanto, é o apego que é ruim, não a matéria.

"Outra questão que me vem à mente é se você está dizendo que ele possui uma matéria pura em seu ser, ou se ele é agora imaterial (pelo fato de a matéria conotar impureza... etc.). Se for o segundo caso, você seria novamente confrontado com a Bíblia que afirma que a ressurreição de Jesus é literal, que ele ainda tem um corpo (João 20, especialmente o versículo 27)."

Quando encarnado possuía matéria, em seu corpo, igual à nossa. Seu Espírito é que não era apegado à matéria e aos vícios e defeitos decorrentes de tal apego.

Não vejo nada que denote que Jesus tenha ressucitado, no sentido que a ICAR dá à essa palavra, em João 20. Se puder esclarecer, agradeço. Lembre-se que existem as materializações de Espíritos, que se dão por um processo mediúnico.

"Além disso, você não acaba assumindo um certo politeísmo quando diz que ele é um ser diferente de Deus, mas também é Deus (=natureza totalmente divina)?"

Não. Quero dizer com isso que ele tem a se manifestar apenas a natureza divina nele, ou seja, natureza de perfeição moral vinda da centelha divina, não mais obscurecida pelo apego à matéria.

A centelha divina é como um reflexo de Deus. Imagine um espelho a refletir o Sol. Ele pode estar sujo e não refletir bem, ou pode estar limpo e refletir com exatidão o que o Sol é. O Espírito puro é o espelho totalmente limpo, porém ele é como um reflexo de Deus, como se fosse Deus, mas sem ser de fato, pois se não houvesse o Sol, o espelho não poderia refletir a imagem dele.

"Não, não concordo. Aliás, não concordo porque interpretei literalmente que você estava me perguntando isso...


Afirmar interpretação literal não é o mesmo que negar a existência de metáforas e analogias, de comparações e de linguagem poética.


Feitas essas ressalvas, entendo que a ‘interpretação literal’ é bem viável, e lógica. Aliás, a fim de evitar confusões, gostaria que você definisse o que você entende por ‘interpretação literal’."

Interpretação literal de textos é uma possibilidade, não uma obrigação. Vai depender do contexto para saber se devemos interpretar literalmente ou não. Foi isso que eu disse.

"Bom, primeiro eu gostaria de lhe (re) informar que eu NÃO sou católico... acho que você confundiu as informações... heheh"

Na verdade eu não confundi, apenas presumi a partir do que você disse, já que você fez doce e não quis dizer qual a sua religião. És o que, então, Evangélico? Portestante? Testemunha de Jeová? Se você não disser, eu tenho que presumir.

"Depois, a melhor interpretação respeita o quesito histórico. Ou seja, ela considera o contexto em que o texto surge, o que faz muita diferença na hora de entender a conotação de uma palavra (visto que estas podem incorrer em oscilações semânticas), o que exige conhecimento filológico. Informações sobre o autor e seu contexto cultural, e até mesmo psicológico tornam a interpretação mais precisa ainda."

Concordo plenamente, por isso mesmo é que a interpretação literal não é sempre a melhor, pois os termos de hoje e daqui certamente não tem todos o mesmo significado que os daquela época.

" Assim, a melhor teoria é a que melhor explica os fatos, que abrange mais fatos (se não todos), além de não ser contraditória."

Maravilha! Concordo totalmente.

"Dado este passo, quero mostrar que sua interpretação não só não abarca todos os fatos bíblicos, como desrespeita o texto, burlando uma das duas primeiras regras que mencionei."

Tudo bem, aguardo que você o faça(posteriormente, pois quero introduzir meu tema tb) e eu contra-argumentarei.

"Se temos os mesmos sentimentos que Jesus, somos absolutamente iguais a ele."

Note que você interpretou erroneamente minha frase. Eu disse "é possível", e não que JÁ temos os mesmos sentimentos que Jesus. Isso também já responde o que dessa interpretação errônea decorre.

O que vem depois são questionamentos que não cabem enquanto você não me responder a respeito da citação das palavras de Jesus que eu te fiz.

Gostaria de dizer que não ignorei nada do seu texto, apenas não citei todas as partes, pois as que não citei foram superadas com as respostas dadas às que citei, bastando que leves em consideração a essência da minha resposta. No entanto, gostaria de fazer uma sugestão para que não fiquemos nos estendendo com questões periféricas e que não ajudam a solucionar a essência da questão central, até porque quero introduzir o meu tema, algum dia, né? :).

A questão central aqui é a divindade de Jesus. Eu citei uma passagem bíblica em que Jesus deixa claro que ele não é Deus e eu gostaria que você buscasse, de forma direta e objetiva, tentar contrapor(com argumentos lógicos) a minha interpretação a respeito desta passagem com o intuito de mostrar que a sua interpretação se encaixa melhor nela que a minha.

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continua... Parte 3

terça-feira, 17 de maio de 2011

Debate com Espírita - Parte 1

O irmão Lucio tem trocado e-mails com um amigo espírita. A partir de hoje postarei duas vezes na semana partes desse debate. Não usarei o nome dele, mas apenas ‘Espírita’. O Lucio é colaborador e integrante do Blog MCA, e tem se engajado em pesquisas na área de apologética filosófica.
Acredito que tal assunto beneficiará a todos nós, amantes da verdade, ou seja, do Senhor Jesus (Jo 14.6).

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Lucio:
Quero começar discutindo a natureza de Cristo. Até onde sei o espiritismo não concorda com a divindade de Cristo. Parece-me que Kardec o considerava simplesmente um espírito evoluído, um exemplo moral máximo, bem ao sabor gnóstico, apesar de conotar certa distinção entre Jesus e outros espíritos superiores. (minhas fontes espíritas nesse site:  http://www.espirito.org.br/portal/artigos/diversos/evangelho/jesus-na-visao.html  ).

 Já a Bíblia afirma que ele é uma só pessoa, com as naturezas humana e divina, “de modo que as duas naturezas inteiras, perfeitas e distintas, a Deidade e a Humanidade, foram inseparavelmente unidas em uma só pessoa, sem conversão, composição ou confusão. Pessoa esta verdadeiro Deus e verdadeiro homem, contudo um só Cristo, o único Mediador entre Deus e o homem” ( Confissão de Fé Westminster, Capítulo VIII, Seção II).

Quanto às bases bíblicas para sua deidade, podemos explorar:

João 1:1,14.
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. [...] E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e verdade”

Este texto mostra tanto a divindade de Cristo (‘o Verbo era Deus’) quanto sua humanidade (‘se fez carne’).

Colossenses 2:9.
“ Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade”

Filipenses 2:5-8.

“De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até a morte, e morte de cruz”.

Esse texto também prova a divindade e a humanidade de Cristo.

“Todos os nomes e títulos de Deus são constantemente aplicados a Cristo, e a ninguém mais, exceto ao Pai e ao Espírito Santo: [...]Deus poderoso, Pai eterno, Is 9.6; [...] o Alfa e o Ômega, o Todo-Poderoso, Ap 1.8.”
“ Todos os atributos divinos são predicados dele: Eternidade, Jo 8.58, 17.5; [...] imutabilidade, Hb [...] 13:8...” (destaquei os que achei mais evidentes, ou os que consigo fazer exegese dos textos base).
(Estas duas últimas citações foram tiradas da ‘Confissão de Fé Westminster: comentada por A. A. Hodge, p.88, 2ª ed., 2008’).

Resposta do Espírita:
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. [...] E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e verdade”
- No Espiritismo, cremos que cada um possui uma centelha divina, ou seja, temos Deus dentro de nós, e é esta centelha que nos impulsiona ao progresso e a qual chamamos consciência. Podemos, portanto, afirmar que somos partes de Deus assim como Jesus, e portanto somos iguais. A diferença é que Jesus já estava muito mais evoluído e, conforme sua fonte Espírita diz, seria um Espírito puro(está mais além de um Espírito superior, é o ponto máximo da perfeição). Assim sendo, Jesus estaria já totalmente purificado, o que significa que sua natureza é totalmente divina, sem as impurezas da matéria que nós ainda temos a obstruir a centelha divina em nós.
"O homem possui, como propriedade sua, a alma ou Espírito, centelha divina que lhe oferece o senso moral e um alcance moral de que carecem os animais e que é nele o ser principal, que preexiste e sobrevive ao corpo, conservando sua individualidade."(Livro dos Espíritos, Parte 2ª, Capítulo XI, Dos Três Reinos).
No caso, então, por "o Verbo era Deus" entende-se que era uma centelha divina, até pq a interpretação literal não é de forma alguma premissa básica da compreensão de textos, concorda?

“ Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade”
- Característica própria de um Espírito puro, como disse, pois a manifestação da centelha divina é plena, já que não é mais obstruída pelas impurezas de que somos ainda portadores.

“De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até a morte, e morte de cruz”.
- Esta é uma passagem mais clara com relação à condição de Jesus, como vou te mostrar:
“De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus"
- Esta parte mostra como somos essencialmente iguais a Jesus, pois nos é possível chegar a ter os mesmos sentimentos que ele teve, bastando-nos chegar a perfeição espiritual como ele chegou.

"não teve por usurpação ser igual a Deus"
- Veja a palavra "usurpação" demonstrando que se Jesus se declarasse como sendo igual a Deus, estaria usurpando a posição de Deus, e portanto que ele e Deus não são o mesmo, embora ele seja uma centelha divina.

"mas esvaziou-se a si mesmo(de sua superioridade absoluta, para não humilhar os outros), tomando a forma de servo(embora fosse o mais superior dos Espíritos), fazendo-se semelhante aos homens(encarnando); e, achado na forma de homem(encarnado), humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até a morte, e morte de cruz”.

Como vê, pela visão Espírita, a Bíblia não contradiz o Espiritismo, mas o prediz, só que de uma forma mais apropriada à compreensão dos viventes da época.
Talvez digas que a visão Espírita a respeito da Bíblia não conta. Mas eu diria que é uma questão de interpretações, pois o que garante que a interpretação Católica seja a verdadeira, ao invés da Espírita? Ademais, veja que a doutrina Espírita pode explicar as passagens Bíblicas a seu modo e de forma muito satisfatória, bem mais até que o faz a doutrina Católica, eu diria, e isso veremos mais a frente, quando eu introduzir meu tema.

Farei uma citação Bíblica para você refletir, e creio que concordes que Jesus não iria contar uma mentira, pois estas são palavras dele próprio:

João 7:16,17 e18.
Respondeu-lhes Jesus: A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou. Se alguém quiser fazer a vontade de Deus, há de saber se a doutrina é dele, ou se eu falo por mim mesmo.Quem fala por si mesmo busca a sua própria glória; mas o que busca a glória daquele que o enviou, esse é verdadeiro, e não há nele injustiça.

Bastante esclarecedora esta passagem, não acha? Veja como Jesus fala com clareza que ele não é Deus. Se Jesus deixa isso claro, então outras passagens Bíblicas mais ambíguas, como a que você citou("o Verbo se fez carne"), não poderia contradizer o próprio Jesus a respeito da condição dele, concorda? Lembrando também que a passagem que você citou foram palavras de João, demonstrando que refletia uma percepção pessoal dele a respeito de Jesus, enquanto que esta que citei contém palavras do próprio Jesus. Qual tem mais crédito para determinar o que Jesus é?


continuação: parte 2

quinta-feira, 12 de maio de 2011

RESPOSTA DO SEN. ALVARO DIAS PARA A CARTA ...

RESPOSTA DO SEN. ALVARO DIAS PARA A CARTA QUE ENVIEI...

"Vou votar contra. Entendo que o grupo que o projeto pretende proteger já encontra suficiente proteção na legislação em vigor no país. Além do que o PLC 122/2006 atenta contra a livre manifestação do pensamento. Eis porque vou votar pela rejeição.Devo lembrar que o projeto chegou a ser arquivado,mas foi ressuscitado pela senadora do PT, Marta Suplicy,que apresentou requerimento à Mesa do Senado pedindo seu desarquivamento.O PT tem interesse na aprovação do projeto.Eu,repito,vou votar contra."
Cordialmente,
Alvaro Dias
www.senadoralvarodias.com
Blog: www.blogalvarodias.com
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Resposta dado ao irmão Paulo Romão

Fonte:http://ministeriodejovensipc.blogspot.com/2011/05/carta-ao-senado.html

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Masturbação e Ellen White

Apelo às Mães e ao Bom Senso

Dr. Gregory Hunt, MD

A revelação que deveria moldar a reforma de saúde adventista foi dada a Ellen G. White na famosa visão de Oswego, em 6 de junho de 1863. Durante a visão, que durou 45 minutos, Deus mostrou-lhe princípios médicos bastante avançados, anos adiante de seu tempo. Esta, pelo menos, é a alegação. (Ellen G. White: Prophet of Destiny, Rene Noorbergen, p. 98.)

Poucos meses após a visão, Ellen White publicou An Appeal to Mothers: The Great Cause of the Physical, Mental, and Moral Ruin of Children of Our Time. [Um Apelo às Mães: A Grande Causa da Ruína Física, Mental e Moral de Nossa Época]. Esse foi o primeiro livro da Sra. White sobre reforma de saúde. Sua intenção era advertir o mundo com respeito a certa prática tida então por altamente perigosa entre jovens e crianças. E por que não mais o seria hoje?

Parece que a Sra. White, não ficou satisfeita com o resultado de sua produção, e seis anos mais tarde apresentou uma versão ampliada com o título Um Solene Apelo. Tal livro foi editado por seu esposo e incluía artigos de outros autores para respaldar os conselhos da Sra. White.

Esse folheto hoje não está mais disponível (bem como o primeiro livro), e quem quer que o leia perceberá o porquê disso. Examinemos alguns trechos da obra:

"Sinto-me alarmada com aquelas crianças . . . que pelo vício solitário estão se arruinando . . . ouvis numerosas queixas de dor de cabeça, catarro, tontura, nervosismo, dor nos ombros e do lado, perda de apetite, dor nas costa e membros. . . e não percebestes ter havido uma deficiência na saúde mental de vossos filhos? . . . A indulgência secreta [masturbação] é, em muitos casos, a única causa real das numerosas queixas da juventude" (págs. 11, 13).

"A condição do mundo é alarmante. Por toda parte que olhemos vemos imbecilidade, nanismo, membros aleijados, cabeças mal formadas e deformidade de toda descrição. . . . Hábitos corrompidos estão dissipando sua energia, e trazendo-lhes enfermidades repugnantes e complicadas. . . As crianças que praticam a auto-indulgência [masturbação] . . . devem pagar a penalidade" (pág. 14).

É iluminador observar que o escrito original de Ellen G. White desta última citação foi alterado. O seu marido eliminou palavras que revelam que sua esposa havia visto isto em visão. Estaria ele embaraçado com o fato?

A passagem originalmente rezava: "A condição do mundo me foi apresentada [em visão], e minha atenção foi especialmente atraída para a juventude de nossa época. Por toda parte que olhava, via imbecilidade, formas deformadas", etc. Esta é linguagem de maior autoridade do que "Por toda parte que olhemos . . ." Talvez Tiago White duvidasse que isso fosse algo que Deus de fato revelara a sua esposa*. Seja como for, ele fez a alteração. Continuemos:

"Prosseguindo a prática desde os 15 anos ou mais, a natureza protestará. . . e fa-los-á pagar elevado preço. . . por numerosas dores no organismo, e várias doenças, tais como indisposição de fígado e pulmões, nevralgias, reumatismo, problemas da espinha, doenças renais e tumores cancerosos. . . Com freqüência ocorre uma súbita avaria da constituição, e a morte vem como resultado" (págs. 14 e 15).

"As mulheres possuem menos força vital do que o sexo oposto**. . . O resultado do auto-abuso nelas é visto em várias doenças, tais como catarro, tontura, dor de cabeça, perda de memória e visão, grande fraqueza nas costas e cadeiras, dores na espinha e, com freqüência, queda da cabeça para trás. . . A mente é amiúde inteiramente arruinada e uma condição doentia prevalece. . . Estas são práticas tão suicidas quanto apontar uma pistola para o próprio peito. . . . Entre os jovens o capital vital e o cérebro são tão severamente sobrecarregados em tenra idade que há deficiência e grande esgotamento, o que deixa o organismo exposto a doenças de vários tipos. Mas a mais comum dessas é a tuberculose" (pág. 17).

"Não há fim em vista para as doenças causadas pelo vício solitário". A esta asserção é adicionada uma enorme lista de enfermidades supostamente assim surgidas, entre as quais "epilepsia, danos à visão", "hemorragia nos pulmões, espasmos do coração e pulmões, diabetes, reumatismo, tuberculose, asma" e mais de uma dúzia de outras. Daí é passado em revista um caso. Uma criança de dois anos de idade, epiléptica e paralítica, foi levada a um médico. "Pelo mais vigilante emprego de meios mecânicos para confinar-lhe as mãos, cobrindo-lhe os órgãos genitais, etc., a criança foi, por fim, curada e agora desfruta de boa saúde".

Sempre há nas Igrejas Adventistas aqueles bons irmãos que se especializam em tratamentos naturais, hidroterapia, aplicação de argila, etc. Já imaginaram um destes numa palestra à comunidade de crentes, após ler tal declaração, apresentando aos pais (especialmente às mães) um 'solene apelo' para que tratem seu filhinho de dois anos à base de manter-lhe as mãos amarradas para não se masturbar, prevenindo assim a epilepsia, tuberculose, visão enfraquecida, e muitos outros males?

Mas, prossigamos com mais algumas dessas fascinantes declarações:

"A falta de castidade prejudica, debilita e arruína o corpo. Agora, além desse chocante fato, ergue-se outro, se possível até mais chocante. É que a falta de castidade prejudica, debilita e arruína a mente. . . . Vi uma jovem mulher numa cidade de Massachusetts que se tornou uma idiota dada a masturbação.'(págs.2-3).

"No outono de 1844, a autora visitou o Massachusetts State Lunatic Hospital [Hospital Estadual de Massachusetts Para Lunáticos]. . . . Nossa atenção foi subitamente atraída pela aparência peculiarmente desfigurada, selvagem, hostil de um jovem com o olhar virado por sobre os ombros. Chocada com esse aspecto chocante, inquirimos. . . qual seria a causa de sua insanidade. "Vício solitário", foi a pronta resposta "(pág. 4).

"A imaginação lasciva durante o dia e as fantasias amorosas . . . freqüentemente [causam] debilidade, enfermidade prematura, e até morte prematura, sem o exercício real dos órgãos genitais" (págs. 9-10).

Incrível pensar nisso: morte causada por mero pensamento!

Não se vê fim para as doenças causadas pelo vício solitário. . . . Precipita suas vítimas para a insanidade. . . . Onanistas*** confirmados . . . recuarão de poucos atos criminosos. (págs. 11, 20-21)

"O auto-abuso abre a porta para . . . quase toda doença de que padece a humanidade. . . . Falta à linguagem palavras suficientemente fortes para expressar os horrores resultantes disso! . . . O auto-abuso é uma vereda certa para a sepultura "(págs. 84-85, 90).

'Após a indulgência desse hábito por um tempo, a criança perde o brilho e alegria do olhar; torna-se pálida com uma coloração esverdeada. . . . Muitas crianças nascem com essa propensão e o hábito tem início na infância. . . . Nenezinhos [!] adquirem o hábito. . . [Nesses casos as vítimas] vivem apenas para durar pouco tempo" (págs. 22 e 97).

Mulheres que morrem "aos milhares de tuberculose, afecções espinhais, debilidade generalizada e . . . insanidade causadas somente por tal prática" (págs. 191-192) Assim, a tuberculose, uma doença infecciosa, poderia ser causada somente pela masturbação! "Nenhuma outra causa de doença se iguala a esta". "Este quadro . . . não é exagerado".

Bem, creio que já basta. Podemos ver como Ellen G. White se preocupava com a masturbação. Sua visão de Deus indicava que ela causa cegueira, epilepsia, diabete, e por aí vai a longa lista.

Quando revelei estas informações a alguns adventistas ultraconservadores, eles de fato defenderam essas afirmações. A emoção dominou-lhes e causou-lhes paralisia do bom senso. Qualquer um pode ver que essas doenças não são causadas pela masturbação. A tuberculose é provocada por um germe, uma bactéria específica. De fato, o germe que causa a tuberculose foi descoberto pouco depois desses escritos de Ellen G. White. Como pode alguém hoje crer nessas bobagens do "Apelo Solene"? Como poderia alguém insistir em que a mulher que endossou isso fosse uma profetisa de Deus?

A Causa das Causas

Tendo sido informados de que a masturbação causa essas doenças, o que devemos fazer a respeito? Bem, deve-se conhecer o que conduz à masturbação a fim de evitá-la.

Observamos que um mau regime alimentar é causa da falta de castidade. Por um mau regime alimentar queremos dizer o emprego de comidas e bebidas de má qualidade e em quantidades irrazoáveis (pág. 5).

Um regime na maior parte ou inteiramente vegetariano adapta-se melhor à prevenção de excitação passional. O regime cárneo é mais estimulante do que o vegetariano. Conseqüentemente, está claro que todos quantos sofrem de elevada excitação venérea devem abandoná-la [a carne]. . . Quando às crianças forem ensinados corretos hábitos alimentares, muito será cumprido na eliminação do vício secreto e outras formas de falta de castidade. . . (pág. 9)

Pastelões, bolos, conservas e carnes altamente temperadas com molhos criam uma condição febril no organismo e inflamam as paixões animalescas. . . Devemos encorajar nossos filhos a amar a nobreza de mente, e um caráter puro e virtuoso. A fim de fortalecer neles as percepções morais . . . devemos regular a maneira de nosso viver e descartar os alimentos animais, utilizando grãos, vegetais e frutas (pág. 15).

Carnes, mostardas, condimentos, pimentas, alimentos sofisticados, molhos, tudo quanto aqueça e irrite só expandirá a inflamação existente e aumentará tanto o desejo quanto a doença. . . Alguns tipos de alimento excitam desejos amorosos; enquanto outros, como o arroz, o pão, frutas e vegetais, não o fazem, podendo, assim, ser comidos. . . . Quanto a jantares, não os recomendo em absoluto. Um estômago cheio induz a sonhos ou o exercitar, durante o sono, os órgãos mais sujeitos à ação espontânea, produzindo sonhos libidinosos, com conseqüentes emissões noturnas. . . . Um regime quente e estimulante desenvolve prematuramente essa paixão. Já vimos o que as carnes, chás, café, mostarda, pimentas, etc. estimulam. . . . Um regime alimentar é a mais freqüente causa de sexualidade pervertida e excessiva. . . . Comei e bebei apenas artigos refrigerantes. . . . Dormir em camas e travesseiros de penas é outra causa de . . . vício solitário.

Acabamos de ver vários dos estimulantes que levam alguém à masturbação. De fato, carnes e temperos são tidos por afrodisíacos. Notamos que não devemos jantar, pois isso provocaria sonhos molhados. Também devemos reconhecer que dormir sobre camas e travesseiros de pena tende a fazer-nos masturbar.

Eis aqui a razão por que Ellen G. White aconselha contra o comer carne. Com o passar do tempo ela acrescentou outras razões, mas a razão original para abster-se de carne, como lhe foi dada na sua grande visão sobre saúde, é prevenir o despertar de paixões de conduzam à masturbação, o que, por seu turno, levaria a doenças, insanidade e morte. É esta a profetisa de Deus falando?

A Cura

Tendo assinalado a causa da masturbação e seus desastrosos resultados, que conselho há para sair de tal dilema? A Sra. White estava grandemente impressionada com hidroterapia, o que na sua época se havia tornado um modismo. Poucos adventistas hoje, lendo a respeito dos dias em que Ellen G. White saiu fundando sanatórios, percebem que tais eram, na verdade (e assim permaneceram ao longo da vida de Ellen G. White) estabelecimentos de cura pela água, cujo principal serviço era curar pessoas da masturbação. Consideremos o regime alimentar de tais instituições:

Eis um breve esboço do curso de tratamento que poderia ser adotado:

1. Regime alimentar: Uma dieta para esse tipo de indivíduos devia ser rigidamente abstêmio. A comida deve ser nutritiva mas não-estimulante. O sistema de duas refeições é especialmente vantajoso uma vez que a presença de alimento no estômago à noite é muitas vezes a causa excitante de emissões noturnas.

2. Sono. Os que sofrem do mal nunca devem dormir em cama que incentivaria um sono cheio de sonhos ou muito agitado. A cama não deve ser muito suave e jamais se deveria tolerar colchões e travesseiros de pena.

3. Banhos. Os banhos devem ser frios, mas não em demasia. Um banho de assento pode ser tomado de uma a quatro vezes por semana com duração de poucos minutos, com temperatura tão baixa quanto tolerável. Ao mesmo tempo deve-se dar um escaldapé, com aplicação de toalha quente sobre a cabeça. A freqüência desse tratamento dependerá da condição do paciente. . . . Banho quente em excesso deve ser evitado, pois tende a enfraquecer. . . Uma toalha-cinturão pode ser empregada por algum tempo, especialmente à noite. . .

4. Exercício. Muito exercício mental deve ser veementemente evitado. A mente não deve ser sobrecarregada com cuidados, nem se deve dar a muita leitura. Qualquer exercício mental deve ser evitado à noite. Sendo que a congestão mental é causa freqüente de [emissões involuntárias], prontamente se verá que manter a cabeça fria é importante.

Eis, pois, aí a cura para masturbação aprovada pelos céus. Em suma, o paciente deve evitar alimentos estimulantes, particularmente a carne, não deve jantar, deve evitar camas de penas, deve tomar banhos prescritos que consistem em sentar-se num balde de água fria, colocar os pés noutro balde de água quente e envolver a cabeça com bandagens frias (imagine-se fazendo isso tudo). Em certas ocasiões os cinturões molhados seriam apropriados. À noite ficam abolidos o jantar e o pensar. . .

Após ler esses 'sábios conselhos' e perceber que Ellen G. White alegava inspiração divina para os mesmos, eu diria que somente uma classe de pessoas poderia continuar a acreditar que Ellen G. White é uma verdadeira profetisa: a classe dos idiotas!

Durante meus três anos na Igreja Adventista não ouvi um só sermão sobre comer carne e masturbação-sim, vários comentários sobre carne, mas nada a respeito desses horrores secretos. Por quê? Não é tempo de que outros adventistas saibam dos fatos?

Abandonando a Conexão Masturbação

Em anos posteriores, a Sra. White abandonou em grande medida a conexão entre masturbação e consumo de carne. Ela agora oferecia uma razão diferente para não comer carne: a crença de que transmite diretamente enfermidades, particularmente o câncer. Esta, logicamente, é a razão dada por modernos adventistas que (como a própria Sra. White) deixam a razão original, recebida através de visão, permanecer sepultada no silêncio.

Um pensamento ocorre-nos que, sendo o conhecimento humano o que é, Deus poderia ter revelado algumas informações de grande utilidade a Seu povo e ao mundo em geral. Por exemplo:

1. Em 1863, uma fonte potencial de doenças era o leite. O leite era portador de uma variedade de males, estando entre os mais sérios a brucelose e a tuberculose; e isso se dava até a descoberta, por volta de 1870, da pasteurização: um processo simples e eficiente que poderia ter sido revelado à Sra. White.

2. Milhares morriam anualmente de tifo e cólera devido a que ninguém sabia que essas coisas podiam ser evitadas por ferver-se a água que se bebia. Este seria outro expediente simples e eficaz que podia ter sido revelado à Sra. White.

3. O maior assassino do mundo na época era a malária. Incontáveis números de pessoas morreram devido a ela. Era causado por um microorganismo espalhado por mosquitos, o que só foi descoberto pelo britânico Ronald Ross em 1898. Deus poderia ter revelado à Sra. White a importância de drenar terrenos produtores de mosquitos.

4. Deus poderia ter-lhe revelado o uso da vacina.

5. Deus poderia ter-lhe revelado o uso de antibióticos.

Deus poderia ter-lhe revelado estas e outras técnicas salvadoras de vida. Ao fazê-lo teria:

* Comprovado as visões.

* Salvo vidas.

Volvendo-nos do que Deus poderia ter revelado ao que Ele de fato revelou aprendemos as particularidades com certa surpresa.

Adaptado de partes do livro Beware This Cult, por Gregory Hunt, MD, 1981.

* Mais um fato e dado que surpreenderá os adventistas: Por cinco anos Tiago White deixou de publicar visões da Sra. White na revista oficial da igreja Review and Herald. Ele explicava na edição de 16 de outubro de 1855: "Há uma classe de pessoas que se propuseram a que a Review e seus dirigentes tornem as visões da Sra. White como teste de doutrina e comunhão cristã. O que tem a Review a ver com as visões da Sra. White? Os sentimentos publicados nestas colunas são todos exarados das Escrituras Sagradas. Nenhum redator da Review jamais se referiu a elas como autoridade sobre qualquer ponto. A Review por cinco anos não tem publicado nenhuma delas. Seu lema tem sido, 'A Bíblia e a Bíblia só é a única regra de fé e dever'".

** Na época prevalecia uma teoria de força vital, segundo a qual o indivíduo começa a vida com certo montante de "força vital", e a consome vagarosa ou rapidamente. Quanto mais rapidamente o fizer, mais cedo ela se esgotaria, e a morte se seguiria em breve.

***A masturbação era conhecida como 'onanismo' no século passado, com base no episódio bíblico de Onã, registrado em Gênesis 38:8-10. Contudo, uma leitura atenta do relato revela que o problema com Onã não tem nada a ver com masturbação, prática jamais mencionada nas Escrituras. O caso de Onã claramente foi um ato de "coito interrompido", o desvio do sêmen para evitar a geração de um filho por ele não pretendido.

Fonte: http://www.ellenwhiteexposed.com/port/criticc1.htm

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Nota: Não temos a menor dúvida de que masturbação é pecado. Tambérm sabemos que tal prática pecaminosa causa danos  de caráter espiritual e moral. O exagero da prática é prejudicial como qualquer outro exagero. Mas este ponto de vista nem de perto chega ao que Ellen White disse acima.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Romanos 7: O homem NÃO regenerado

Defendo a interpretação, não muito popular, que a pessoa que Paulo fala em Romanos 7.13-25 é na verdade o homem não regenerado que tenta cumprir a Lei. Especialmente o judeu.
Paulo usa um recurso retórico, assume o papel daquele de quem fala. Mais ou menos quando em uma pregação ouvimos um pregador dizendo: “Quando eu minto para o meu patrão, estou mentindo para Deus! Quando trato mal minha esposa, desonro os meus filhos também!” – no fim, o tal pregador é pastor de tempo integral e não é casado, nem tem filhos! Na verdade ele assume as figuras de seu auditório, encarna assim as possíveis práticas, personificando as advertências.

Com certeza Paulo fez isso em Romanos 7. 13 ao 25. Acredito que a interpretação tradicional desse texto está equivocada. Estarei dedicando muitas postagens para tratar desse assunto. Na área apologética, entendo que essa interpretação também elimina o uso carnal de tal passagem como muleta para uma vida de pecado. Claro que isso não é em decorrência de tal interpretação (mas a possibilita). O grande J. Ryle, que defendia a interpretação tradicional, é uma prova determinante que nem sempre um erro de interpretação resulta em práticas negativas.

Tenho observado que se Romanos 7.5,6 for bem entendido o assunto do restante do capítulo 7, e de fato o capítulo 8, será entendido corretamente. Fiquei muito contente quando consegui o livro de Antony Hoekema, ‘O cristão toma consciência de seu valor’, e li que ele também fez a mesma observação sobre esses dois versículos. A interpretação considera que Romanos 7.5 é explicado dos versículos de 7 a 25. Ao passo que Romanos 7.6 recebe uma exposição em Romanos 8. 1 a 17 (?). Estarei dedicando uma vez por semana uma postagem para tratar desse assunto.

Estarei me beneficiando da tese de mestrado do reverendo Jair Almeida, que provavelmente é o trabalho mias extenso sobre o tema. Sobre essa interpretação, o Rev. Jair afirma que segundo “Lloyd-Jones, a interpretação do “eu” de Romanos 7 como sendo um não regenerado era praticamente unânime entre os pais da igreja pré-agostinianos.”

sábado, 7 de maio de 2011

A Ditadura Gay e meus filhos... MAIS UM desabafo de um pai

“Filhos, eu peço-vos perdão! Pois algumas coisas que eu disse na primeira postagem não demoraram muito para acontecer... embora eu escrevi aquilo achando que demoraria...

Nosso Brasil agora cuspiu na nossa cara, desonrou a Deus, e redefiniu a família.

K... minha filha, o papai dizia que um dia Deus lhe daria uma família... você olhava para o ‘papai e mamãe’ e era essa imagem de família que você tinha. Agora não é só isso...

K... meu filho, quando você perguntar para algum amiguinho o nome do pai (ou da mãe) talvez um desses não exista. Mas não por causa da morte, ou do abandono... mas é que ele tem dois pais, ou duas mães!

Meus Filhos, a mídia que nos critica, e promove o homossexualismo, ela mesma não coloca num Jornal Nacional, Jornal Hoje, Fala Brasil, etc, etc... um casal homossexual. Ou um casal cujo homem é gay e a apresentadora é lésbica e ambos com trejeitos correspondentes...

Filhos, na primeira postagem eu fui criticado por cristãos... como eles estão se sentindo? [Um deles me disse que não estava tanto assim... e agora blogueiro???]

Filhos perdoem os cristãos covardes, que vocês terão que chamar de irmãos... e receber de alguns desses a Ceia do Senhor, ou a bênção apostólica...

Filhos, o Brasil esqueceu-se de Deus por que a igreja deixou de ser profeta!

AGORA meu filho K. quando você pensar em namorar para ter uma família, a voz de Deus: ‘e se unirá a sua mulher’, já não será mais regra...

Termino essa postagem, dizendo a vocês que tomem cuidado... pois talvez em breve teremos uma “Bíblia de Estudo Gay” ou “A Bíblia do Homossexual”...”

Mais um desabafo de um pai presbiteriano...

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Refutação do livro antitrinitariano Eu e o Pai somos um - Parte 3

No capítulo intitulado ‘O Espírito’ Ricardo Nicotra faz uma longa lista de versículos bíblicos para fortalecer uma interpretação peculiar: ‘O Espírito não pode ser alguém, visto que a palavra espírito significa vento, mente, etc’. Isso tanto no VT bem como no NT. Ricardo foi seletivo, claro.

A palavra espírito significa isso que ele indicou, com certeza. Mas não somente isso. Certo? Vou citar um exemplo no VT, para destruir sua pretensão inútil de construir um castelo contra a doutrina da trindade.

“Então, saiu um espírito, e se apresentou diante do SENHOR, e disse: Eu o enganarei. Respondeu-lhe o SENHOR: Com quê? Respondeu ele: Sairei e serei espírito mentiroso na boca de todos os profetas.” (1 Rs 22. 21,22).

Para sintetizar o que quero dizer é o seguinte: A palavra espírito que aparece na Bíblia significa; vento, disposição mental, caráter... isso tudo ele aceita, mas que essa palavra também pode significar pessoa ele parece omitir.

Ricardo, preso em sua ânsia de travar guerra contra a trindade deixa se levar por uma conclusão doutrinária com base em definições linguísticas parciais. Observe que a palavra espírito nesse versículo transcrito de 1 Reis 22,21,22,23 é uma pessoa!

Ele tenta estabelecer algo dizendo que a Bíblia define espírito por mente por causa do uso que Paulo fez de ‘mente’ como sinônimo de espírito. Mais uma vez, trinitariano nenhum rejeitaria isso... porém isso não é tudo, como é o caso do VT, existem exemplos interessantes do uso da palavra espírito como sendo alguém (espírito DE...) e continuar sendo uma parte consciente e distinta. Veja:

“[...] e aos espíritos dos justos aperfeiçoados.” (Hb 12.23).

Se espírito nunca significa alguém, temos que concluir que Hb 12.23 afirma que a mente dos justos foram aperfeiçoadas após a morte e à parte dos mesmos!

Um capítulo inteiro do tal livro é lançado no lixo, pois a pesquisa dele é imprópria, parcial e deficiente. Ele tenta, por antecipação, anular essa objeção quando em um apêndice tenta responder a questão ‘se espírito pode em algum momento representar pessoa’, como anjos, por exemplo. Ele tenta responder sem nenhuma objetividade, muito menos com provas. Vou reproduzir uma parte da tentativa da resposta dele:

O fato de um ser pessoal ser chamado de espírito significa obrigatoriamente que todos os espíritos são seres pessoais? Pense um pouco sobre isso. Talvez seja difícil responder esta pergunta imediatamente. Vou fazer uma pergunta mais simples, mas da mesma natureza: O fato de um mamífero ser chamado de animal significa obrigatoriamente que todos os animais são mamíferos? Esta questão é mais simples de ser respondida. É claro que a resposta é não!” (EPSU, p.109).

Parece que o desespero bateu! Ele tenta anular a evidência a qualquer custo, mesmo que a Bíblia tenha feito o uso do que lhe causa muitos problemas (não sei como ele acha que esse livro é o 'suprassumo' do conhecimento...).

Deixa-me tentar responder essa abordagem lógica dele:

Ricardo, se um ser é chamado de Espírito, é obvio que tal termo pode significar pessoa! Assim como mamífero pode significar animal! Logo, não é o termo que define se tal espírito é pessoal ou não, mas são os atributos pessoais que tal espírito têm! Se eu te disser que crio um animal em casa, você pode não saber que animal seria; um pássaro, um peixe, uma tartaruga, um gato... mas se eu disser que tal animal mamou quando nasceu, você rapidamente dirá que esse animal é um mamífero!