quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Amnésia dos Cinco Solas da Reforma

"[...] Antes mesmo de compreendermos os cincos solas que permearam as mentes dos reformadores, precisamos compreender como a igreja contemporânea esqueceu a reforma e como a igreja hoje está seguindo a agenda do mundo. Nas palavras de H.Richard Niebuhr: “todas as tentativas de interpretar o passado são tentativas indiretas de se compreender o presente e seu futuro”.¹

“Repetidas vezes na Bíblia , especialmente nos Salmos, os crentes são conclamados a lembrar-se daquilo em que creem, porque creem, e a transmitir os relatos da história  da redenção a seus filhos” (M.S. Horton, 1999, pag.97) “Assim diz o Senhor: “Ponham-se nas encruzilhadas e olhem; perguntem pelos caminhos antigos, perguntem pelo bom caminho. Sigam-no e acharão descanso”. Mas vocês disseram: ‘Não seguiremos! ’

Mas hoje é comum demais ver até os crentes buscando aquele descanso espiritual numFrenesi de prazer pelo novo e melhorado em vez  pelo experimentado e testado. Hoje muitas das principais denominações que tinham suas convicções firmadas nas sã doutrinas, deixaram de crer na capacidade  de explicar as imensas mudanças que a sociedade pós-moderna aplica hoje. E se poucos sobraram delas para passar para seus filhos dum modo ou de outro dificilmente escaparão da secularização. O protestantismo está perdendo seus membros, por que deu as costas a seus próprios recursos preciosos. “As igrejas do tempo atual desenvolveram um cristianismo de múltipla escolha, no qual os indivíduo escolhem o que preferem e passam por cima daquilo que não se ajusta a seus objetivos espirituais. O que muito deixam para traz é o sentimento penetrante do pecado” (HORTON, 1999, pag.98, grifo meu). Precisamos de uma nova reforma! Certamente os cristãos primitivos enfrentaram a tentação de aparar as arestas e neutralizar a ofensa da Cruz. Como o próprio apóstolo Paulo denunciou aqueles “superapóstolos” de desejarem tornar o cristianismo mais atraente removendo a ofensa da Cruz acabam enfraquecendo o evangelho bíblico.
E hoje os tempos que vivemos os nossos pais não nos passou nem 10% daquilo que a reforma representa, nem mesmo na maioria das igrejas não se prega a essência e a ofensa da Cruz. Mas com esse propósito afirmamos os solas da Reforma: “Somente a Escritura, somente Cristo, somente a graça, somente a Fé e Glória somente a Deus.” Estamos igualmente convencidos de que cada uma dessas declarações está ameaçada mesmo dentro do movimento que se acha na linguagem espiritual direta  descendente da Reforma. Portanto nós, como os nossos antepassados precisamos fazer a nossa confissão diante da igreja e do mundo. No que segue focalizo nossa atenção nesses pontos-chave da Reforma e tiro algumas conclusões sobre onde nós estamos em cada um desses solas em nosso próprio contexto.


[1] H. Richard Niebuhrthe kingdom of god in America (Nova york: Harper and Row, 1937),2."

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Romanos 14 e as Leis Dietéticas do Antigo Testamento


"Esse artigo tem por objetivo contestar as alegações de alguns grupos, que insistem em afirmar que os cristãos devem abster-se de comer certos animais, classificados no Antigo Testamento como imundos, portanto proibidos de serem utilizados como alimento. Tomo como base o capítulo 14 da epístola de Paulo aos Romanos.

“Acolhei ao que é débil na fé, não, porém, para discutir opiniões. Um crê que de tudo pode comer, mas o débil come legumes; quem come não despreze o que não come; e o que não come não julgue o que come, porque Deus o acolheu. Quem és tu que julgas o servo alheio? Para o seu próprio senhor está em pé ou cai; mas estará em pé, porque o Senhor é poderoso para o suster. Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um tenha opinião bem definida em sua própria mente. Quem distingue entre dia e dia para o Senhor o faz; e quem come para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e quem não come para o Senhor não come e dá graças a Deus. Porque nenhum de nós vive para si mesmo, nem morre para si. Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor. Foi precisamente para esse fim que Cristo morreu e ressurgiu: para ser Senhor tanto de mortos como de vivos. Tu, porém, por que julgas teu irmão? E tu, por que desprezas o teu? Pois todos compareceremos perante o tribunal de Deus. Como está escrito: Por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e toda língua dará louvores a Deus. Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus. Não nos julguemos mais uns aos outros; pelo contrário, tomai o propósito de não pordes tropeço ou escândalo ao vosso irmão. Eu sei e estou persuadido, no Senhor Jesus, de que nenhuma coisa é de si mesma impura, salvo para aquele que assim a considera; para esse é impura. Se, por causa de comida, o teu irmão se entristece, já não andas segundo o amor fraternal. Por causa da tua comida, não faças perecer aquele a favor de quem Cristo morreu. Não seja, pois, vituperado o vosso bem. Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo. Aquele que deste modo serve a Cristo é agradável a Deus e aprovado pelos homens. Assim, pois, seguimos as coisas da paz e também as da edificação de uns para com os outros. Não destruas a obra de Deus por causa da comida. Todas as coisas, na verdade, são limpas, mas é mau para o homem o comer com escândalo. É bom não comer carne, nem beber vinho, nem fazer qualquer outra coisa com que teu irmão venha a tropeçar ou se ofender ou se enfraquecer. A fé que tens, tem-na para ti mesmo perante Deus. Bem-aventurado é aquele que não se condena naquilo que aprova. Mas aquele que tem dúvidas é condenado se comer, porque o que faz não provém de fé; e tudo o que não provém de fé é pecado.”

O contexto em que Paulo escreve essas palavras tem a ver com as divergências entre cristãos de origem judaica e de origem gentílica quanto à observância dos dias santos (Sábados e Festas) e alimentos proibidos na lei. Alguns podem tentar argumentar por exemplo, que esse texto não se refere à carnes classificadas como imundas, mas às carnes sacrificadas aos ídolos. Embora essa questão pudesse estar presente, o texto nos fornece dados suficientes para entendermos que de fato Paulo trata especificamente das carnes listadas como imundas no capítulo 11 de Levítico. Notemos os versículos 14 à 17:

“Eu sei e estou persuadido, no Senhor Jesus, de que nenhuma coisa é de si mesma impura, salvo para aquele que assim a considera; para esse é impura. Se, por causa de comida, o teu irmão se entristece, já não andas segundo o amor fraternal. Por causa da tua comida, não faças perecer aquele a favor de quem Cristo morreu. Não seja, pois, vituperado o vosso bem. Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” 

O contexto aqui é claramente de comida considerada impura. E o mais interessante, é que a palavra grega traduzida como “impura” é “koinon” (comum). A mesma palavra que aparece em Atos 10.14, 15: “Mas Pedro replicou: De modo nenhum, Senhor! Porque jamais comi coisa alguma comum e imunda. Segunda vez, a voz lhe falou: Ao que Deus purificou não consideres comum.” O termo “comum” era usado pelos judeus para designar aqueles alimentos proibidos em Levítico 11. Essa interpretação ainda é reforçada levando outros textos do novo testamento que deixam bastante claro a permissão para se consumir qualquer espécie de alimento, exceto animais sufocados, sangue e o que foi sacrificado aos ídolos. (Atos 15.20, 29; 21.25, 1 Co. 10.28). Vejamos: 

Atos 10.10-15Estando com fome, quis comer; mas, enquanto lhe preparavam a comida, sobreveio-lhe um êxtase; então, viu o céu aberto e descendo um objeto como se fosse um grande lençol, o qual era baixado à terra pelas quatro pontas, contendo toda sorte de quadrúpedes, répteis da terra e aves do céu. E ouviu-se uma voz que se dirigia a ele: Levanta-te, Pedro! Mata e come. Mas Pedro replicou: De modo nenhum, Senhor! Porque jamais comi coisa alguma comum e imunda. Segunda vez, a voz lhe falou: Ao que Deus purificou não consideres comum.”

A objeção geralmente levantada pelos legalistas é que esse texto refere-se apenas à questão dos gentios, a quem Pedro como judeu considerava impuros ou comuns. Porém, embora de fato a visão tenha essa conotação, se dissermos que Deus não declarou puro tais animais, teremos então que dizer que Deus usou de uma figura falsa, para ilustrar uma realidade. O que seria totalmente incoerente. Veja, que a visão veio no contexto da fome de Pedro, e ele como judeu que era, assim como resistiria comer carne considerada impura, também resistia ir a casa de gentios. O conteúdo da visão pode ser corretamente entendido como sendo, que, da mesma forma como aqueles animais antes eram considerados imundos, mas agora eram declarados puros pelo próprio Deus, assim também o eram os gentios.

1 Cor. 10. 25-28 “Comei de tudo quanto se vende no açougue, sem perguntar nada, por causa da consciência. Porque a terra é do Senhor e toda a sua plenitude. E, se algum dos infiéis vos convidar e quiserdes ir, comei de tudo o que se puser diante de vós, sem nada perguntar, por causa da consciência. Mas, se alguém vos disser: Isto foi sacrificado aos ídolos, não comais, por causa daquele que vos advertiu e por causa da consciência; porque a terra é do Senhor e toda a sua plenitude.”

A objeção imediata dos legalistas é que esse texto se referia às carnes sacrificadas aos ídolos. Embora esse seja o assunto central abordado pelo apóstolo. O texto deixa explicita a permissão para se comer toda e qualquer espécie de carne, exceto se o crente for advertido que o tal foi sacrificado aos ídolos. Notemos que Paulo está escrevendo aos crentes que viviam na cidade de Corinto e não em Jerusalém. Um açougue gentio tinha toda espécie de carne e não somente aquelas que eram permitidas pela lei. E ele ainda vai mais longe. Se alguns dos infiéis (trata-se de qualquer espécie de não cristão) convidasse um cristão para ir comer em sua casa, o convite poderia ser aceito o crente é orientado a comer o que for colocado diante dele, sem nada perguntar. Os legalistas quando vão comer na casa de algum não cristão, geralmente indagam se a comida contém carne de porco, camarão, etc.

1 Tim. 4.3-5 “ Proibindo o casamento e ordenando a abstinência dos manjares que Deus criou para os fiéis e para os que conhecem a verdade, a fim de usarem deles com ações de graças; porque toda criatura de Deus é boa, e não há nada que rejeitar, sendo recebido com ações de graças, porque, pela palavra de Deus e pela oração, é santificada.”

Temos aqui mais um texto que fala claramente que toda criatura de Deus é boa para servir de alimento. Os legalistas ainda tentarão argumentar usando o episódio da arca de Noé, em que é feita uma divisão entre animais limpos e imundos, para afirmar que estas restrições alimentares existem antes da lei. Porém, Deus disse a Noé, após este ter saido da arca em Gênesis 9.3: “Tudo o que se move e vive ser-vos-á para alimento; como vos dei a erva verde, tudo vos dou agora.”  Nenhuma restrição foi imposta exceto a de comer o sangue dos animais como vemos no versículo 4 “Carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis.” Não é mencionada nenhuma carne tida por proibida por ser considerada imunda. Possivelmente a divisão que encontramos em Genesis, trate-se apenas de uma imundície no que se refere a animais tipdos por imundos pelas pessoas, por um critério humano e não classificados assim por Deus. Também admite-se a hipótese de que fossem animais considerados imundos, por não serem aceitos para sacrifício a Deus. Mas não encontramos nenhuma base para afirmar que a restrição ao consumo desses animais já vigorasse nos dias de Noé.

Podemos então concluir, que o cristão estando sob o novo concerto, não está debaixo da proibição de comer os animais classificados como impuros em Levítico 11. A leitura de Romanos capítulo 14 apoiada pela leitura de outros textos bíblicos nos dão abundância de evidências quanto a isso. Se alguém deseja abster-se de comer aqueles animais tem liberdade em Cristo para faze-lo. Mas não tem o direito de querer impor sua opção á toda a comunidade cristã!"


 Autor: Rev. Francisco Belvedere Neto

Nota MCA: Só encontramos a orientação no NT a respeito da moderação, temperança, autodomínio, que incorre no nosso comportamento alimentar. Fato esse que a medicina hoje confirma, sendo que tudo exagerado é problemático para o organismo. 

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Mateus 28.19 é autêntico?

Para Ricardo Nicotra, e outros antitrinitarianos, a passagem trinitária de Mt 28.19 foi incluída por alguns após o Concílio de Nicéia. Da página 42 até 55 de seu livro, ele concentra energias para, pelo menos, colocar em dúvida a autenticidade das palavras de Mt 28.19. Nicotra diz que existe “evidência histórica de que a versão original muito provavelmente tenha sido adulterada.” (Eu e o Pai Somos Um, p. 53).

Nicotra, e outros antitrinitários, teriam descoberto isso e Deus não foi poderoso em preservar a Palavra Dele...!? Nem deixou Deus nem uma única prova em forma de MSS que pudesse levar-nos a essa informação de forma objetiva?


Os argumentos de Ricardo Nicotra são:



1) Ele mostra que citações de Eusébio de Mt 28.19 não incluem as palavras ‘em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo’, juntamente com a versão de George Howard.

2) Ele apresenta as referências de fazermos o uso do Nome do Senhor Jesus.
3) Todos os batismos realizados em Atos foram feitos em Nome de Jesus.
4) Nenhum outro uso do Nome do Pai do Filho e do Espírito Santo foi usado na Bíblia.
5) Várias autoridades históricas são invocadas para indicar o Batismo em nome de Cristo, ao passo que o batismo, conforme Mt 28.19, seria um desvio.


Analisemos as objeções:


1) Sobre Eusébio, Nicotra diz: “Na maioria das vezes suas citações de Mateus 28:19 eram muito semelhantes a esta: “Ide e fazei discípulos de todas as nações em meu nome, ensinando os a observar todas as coisas que eu vos tenho ordenado [...] Temos plena convicção de que se os manuscritos que Eusébio tinha diante de seus olhos dissessem “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” ele jamais teria citado como citou “em meu nome” apenas.” (EPSU, p. 53). Mas depois ele acrescenta duas informações que deixam essa ‘prova’ em suspense:

·         “Segundo a Enciclopédia de Religião e Ética, volume 2, pág. 380, Eusébio citou 21 vezes a comissão de Mateus 28, ou omitindo tudo entre “nações” e  ensinando-os” ou, na forma mais frequente, “fazei discípulos de todas as nações em meu nome”.

·          “É interessante notar que no final de sua vida, após o Concílio de Nicéia, Eusébio incluiu em obras como “Contra Marcelo de Ancira” e “Sobre a Teologia da Igreja” citações de Mateus 28:19 incluindo o batismo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.”

Ricardo Nicotra gira em torno de ‘evidências’ subjetivas. As provas são inconstantes, pois Eusébio não foi textualmente fiel, literal, em suas citações, como ele mesmo atestou. Mas mesmo assim, citou o batismo trinitário! Nicotra dificilmente aceitaria 1 João 5.7 por causa da citação de Cipriano, que disse em 250 AD as palavras trinitárias, aliás, Nicotra serve-se de argumentos semelhantes dos defensores do Texto de 1 João 5.7, sem nenhuma prova manuscrita - nem de peso, nem em quantia

A ‘prova’ apresentada em torno de Eusébio não é confirmada por nenhum manuscrito, e mesmo que fosse, tais provas ainda seriam contadas e/ou pesadas.


Sobre George Howard: Esse mesmo estudioso incluiu o tetragrama no NT para alegria das Testemunhas de Jeová. Um tempo depois rejeitou, ele mesmo, a teoria que apresentou, dizendo que as Testemunhas de Jeová leram a sua ‘teoria’ como fato (Veja: http://testemunha.orgfree.com/nome.htm). 



Sobre a versão que ele exibe, sem nenhuma prova de um MSS sequer, é impossível agradar até mesmo Nicotra: 



“18 Jesus, aproximando-se deles, disse-lhes: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. 19 Ide 20 e ensinai-os a observar todas as coisas que vos ordenei para sempre.” - Mateus 28:18-20. (Na Tradução de George Howard em Hebraico).


Por essa versão de Howard nem mesmo o batismo Jesus teria ordenado!

2) Os 36 textos que ensinam usar o nome de Jesus: Não temos o que dizer aqui. Pois não se trata nenhuma objeção ao ensino de Mt 28.19. 

3) Correto. Com isso 'discordo' quando ministros evangélicos celebram casamentos* ou oram em Nome do Pai do Filho e do Espírito Santo, mas não posso discordar de Mt 28.19.


4) Autoridades históricas citadas na página 50:


·         O batismo foi mudado pela igreja católica no segundo século? A fonte não tem a concepção protestante de igreja católica, pois todos nós sabemos que a Igreja Romano surgiu bem depois. O DIDAQUÊ, um documento do fim do primeiro século início do segundo (cerca de 110 AD) já fazia menção do batismo no nome da trindade! Além também de dizer que o ‘batismo era feito no nome do Senhor’... 

·         A citação de Justino é ainda mais problemática. Pois ele estava aqui nesse mundo por volta de 165 AD! Se o Didaquê e Justino afirmam o batismo trinitário (com base em Mt) o argumento de Nicotra que o batismo e o ensino trinitário surgiram por volta do sec. IV, vai por água abaixo.

Mateus 28.19 é um forte testemunho em favor da Trindade, mas claro que não é o único. Ricardo Nicotra serviu na verdade, a causa do diabo, quando atacou a confiabilidade bíblica, para atacar a doutrina Trinitariana.

*Declarar casados em Nome da Trindade, é apenas uma prática religiosa.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Adventismo acusa Metodismo de Heresia! ou de Ortodoxia? - Resposta de um pastor Metodista

Todos sabem do barulho que Leandro Quadros faz em relação aos escritos de seus oponentes: ‘Eles não usam obras primárias’... ‘Não investigam nas obras adventistas’.. Quando ele entrou em contato com o reverendo Ageu sobre o que eu disse na palestra do JMC, entre outras coisas, ele escreveu:

2º: Eles rejeitavam veementemente (mesmo sem ter a plena compreensão da doutrina) era a doutrina da Trindade como apresentada pelos credos cristãos da época, especialmente um credo Metodista de 1856, que dizia o seguinte: “[...] existe um único Deus vivo e verdadeiro, sempiterno, sem corpo ou partes [...]” (Citado em A Trindade…, p. 234). Eles não rejeitavam a importância da doutrina de Deus manifesto em Três Pessoas (mesmo crendo no Espírito como sendo o “poder de Deus” ), mas a doutrina Tradicional da Trindade que continha elementos não bíblicos supracitados e que são negados até hoje pelos adventistas e por qualquer outra denominação Protestante e Trinitariana.”

(Esse assunto, Trinitarianismo e Adventismo, e outras referências, tratamos AQUI.)

Um tempo antes, o Trinitarianismo dos Metodistas, serviu para outra coisa. Provar que Ellen White ‘era’ Trinitariana! Veja o que o Leandro postou anteriormente, me criticando:

"Além disso, se ele realmente estivesse preocupado em informar o seu publico, não teria sido tão seletivo a ponto de não informar que Ellen White era trinitariana e acreditava na Divindade de Cristo. E não poderia ser diferente, pois, ela veio do metodismo." http://novotempo.com/namiradaverdade/o-ministerio-de-ellen-white-a-operacao-do-erro-de-satanas/


Entrei em contato com alguns pastores Metodistas, indagando sobre acusação adventista, tendo o seguinte pano de fundo: O Metodismo algum dia adotou algum Credo a respeito da Trindade [em 1856, conforme apontado pelos autores adventistas], que foi rejeitado pela maioria das igrejas protestantes?

Recebi a resposta do reverendo Francisco Belvedere, Pastor Metodista, nos seguintes termos:

“Graça e Paz irmão Luciano!

Quanto à afirmação do apologista adventista citada em seu artigo, o que te digo é o seguinte:

1.      Desconheço qualquer credo metodista datado de 1856. O Metodismo histórico orienta-se primeiramente pelas Escrituras Sagradas, pelo Credo Apostólico, pelos 25 artigos de religião do Metodismo e pelos sermões e notas de John Wesley do Novo Testamento.

2.      Os 25 artigos de religião, são oriundo dos 39 artigos de religião da Igreja Anglicana. Curiosamente o antigo I, que trata da Trindade sofreu uma modificação. O artigo anglicano reza: “Há um único Deus,  vivo e verdadeiro, eterno, sem corpo, sem partes nem paixões... “  O Rev.John Wesley, ao redigir  a versão que seria utilizada pela Igreja Metodista Episcopal (EUA), ele suprimiu a expressão “nem paixões”, por entender que o amor de Deus pela humanidade poderia ser entendido como uma paixão. A redação do artigo ficou então assim: “Há um só Deus vivo e verdadeiro, eterno, sem corpo nem partes; de poder, sabedoria e bondade infinitos; criador e conservador de todas as coisas visíveis e invisíveis. Na unidade desta Divindade, há três pessoas da mesma substância, poder e eternidade - Pai, Filho e Espírito Santo.”

3.      Ele mesmo admite que o que eles rejeitavam: “Eles não rejeitavam a importância da doutrina de Deus manifesto em Três Pessoas (mesmo crendo no Espírito como sendo o “poder de Deus” ), mas a doutrina Tradicional da Trindade. Ou seja, o próprio apologista admite que o credo metodista  está de acordo com a doutrina trinitariana tradicional.

Finalmente, fica o desafio ao referido apologista, apontar em quais sentidos a doutrina tradicional da trindade, ou mesmo nosso artigo de religião, é anti-bíblico. 

No amor de Jesus


Reverendo Francisco Belvedere Neto, Pastor Metodista”


sábado, 19 de outubro de 2013

O Dia do Senhor e outras verdades: Uma Refutação ao artigo de Dani Marques


   (Rev .Francisco Belvedere Neto)
"Ultimamente virou moda atacar o cristianismo histórico. A cada dia que se passa, aparece uma critica ou acusação nova. Os alvos preferidos são geralmente o ministério ordenado (clero), o dízimo, a igreja institucional, etc.  O presente artigo tem como objetivo ser uma refutação ao artigo de Dani Marques intitulado: Casa de Deus, Dia do Senhor e outras mentiras[1], publicado no site Genizah que apresenta-se como apologético. Ao publicar artigos como esse fico a pensar que tipo de apologética eles estão de dispondo a praticar. Nada contra o site, tem até um artigo meu publicado por eles há dois anos, mas ultimamente tenho me decepcionado com o conteúdo de alguns artigos que eles têm publicado.

Fiquei simplesmente perplexo primeiramente diante da arrogância  do texto, depois com a falta de fundamentação teológica adequada para as afirmações feitas.  Se a autora tivesse sido humilde o suficiente para dizer que simplesmente não concorda com o conceito de um “dia do Senhor”, por exemplo, seria apenas uma opinião pessoal, mas, ela se coloca como dona da verdade classificando como  mentira as opiniões divergentes da sua, referentes aos temas que ela abordou. Vamos então examinar os argumentos da autora e perceber que sua acusação de “mentira” não se sustenta, podendo sempre, como em qualquer debate, sustentar a possibilidade de discordância de ideias.

“Acho curioso quando pastores ou padres terminam suas celebrações dizendo: "Senhor, despede-nos na sua santa paz!" Bom, seguindo essa lógica, quando vamos embora Deus fica lá na casa dele esperando ansiosamente a nossa volta, correto?” 

Errado! Poderia então a autora nos apontar algum pastor que afirme isso? Então nessa lógica, quando oramos para Deus acompanhar alguém em alguma viagem, estamos pedindo para Deus literalmente restringir sua presença a fazer companhia  essa pessoa? Seria um absurdo pensar algo assim. Ao usar o argumento exposto, ela usa de raciocínio semelhante.

“Querido, gostaria de te dizer que Deus habita em gente, não em prédio. Ele nos permite ter espaços que viabilizem nossos encontros, mas não mora neles. O templo não é uma construção repleta de vitrais, com altar de mármore e bancos de madeira, não! O pior, é que em cima dessa mentira, constroem-se muitas outras: "O altar é lugar sagrado!" ou "Não pode vir a igreja de bermuda ou boné, pois é lugar santo!" A Bíblia que eu leio me ensina que o santuário é meu corpo e que lugar sagrado é meu coração!” 

Que Deus não habita em templos é fato, o Antigo Testamento também afirma isso! Vejam o que diz o versículo 1 do Salmo 123:  A ti, que habitas nos céus, elevo os olhos!” Este salmo está entre os chamados cânticos de romagem, que eram cantados quando o povo subia a Jerusalém, cidade onde se encontrava o templo, para celebrar algumas festas. Até mesmo Jesus chamou aquele lugar de casa de Deus (Lc. 19.46) mesmo ensinando seus discípulos que Deus habita verdadeiramente nos Céu (Mt. 6.9, Jo. 14.2). A Igreja do Deus vivo ( que pode referir-se tanto a totalidade do povo de Deus, quanto a organização local de um grupo de crentes em Cristo) é chamada de casa de Deus pela Escritura, onde é necessário que haja um proceder adequado (não me refiro ao uso de  bonés ou bermudas no culto público, mas ao principio que na igreja deve-se adotar um proceder digno, reverente). 1. Tm. 3.15:  para que, se eu tardar, fiques ciente de como se deve proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade.

Além do já exposto, ela ataca a observância do domingo como dia do Senhor. Ao fazer isso ela mostra ignorância tanto bíblica quanto teológica e histórica. Ela se utiliza de textos cujo contexto é a influencia dos judaizantes na igreja primitiva, que queriam impor a guarda da lei de Moisés, inclusive cobrando a observância dos dias santos judaicos, tais como o sábado, as luas novas e as festas. Mas, o dia do Senhor está fora desse contexto. O dia do Senhor (domingo) é tão neotestamentário quanto o batismo e a santa ceia. Dani Marques então afirma: 

Não, não existe lugar e momento certo para cultuar a Deus. Nossa vida deve ser um culto diário! Restringir esse privilégio a um dia da semana chega a ser herético. A única recomendação que encontramos na Bíblia a respeito deste assunto é: "Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas encorajemo-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês vêem que se aproxima o Dia." Hebreus 10:25. Lembrando que a palavra igreja vem do grego ekklesia, que significa "ajuntamento ou reunião de pessoas" (cristãs ou não). Dito isso, vamos pensar juntos: este versículo NÃO quer dizer que "faltar nos cultos de domingo é pecado", que "deixar de ir ao culto para ficar em casa ou passear com a família é pecado", que "você precisa estar nos cultos da manhã e da noite", que "se fizer outras coisas ou for à outros lugares no 'Dia do Senhor' receberá o castigo devido" e etc. Olhando para vida de Cristo e seus ensinamentos, não encontro nada que comprove essas afirmações.”

Vamos então às bases bíblicas que ela nega existir com respeito  ao domingo ser dia do Senhor começando por Ap. 1.10: Achei-me em espírito, no dia do Senhor, e ouvi, por detrás de mim, grande voz, como de trombeta. Bem, esse versículo já lança o ponto de vista defendido no referido artigo por terra, já que afirma a existência de um “dia do Senhor”.  Vejamos mais fatos bíblicos:

1.     Jesus ressurgiu dos mortos no primeiro dia da semana (Mc. 16.9, Jo. 20.1).
2.     O Senhor sempre aparecia aos discípulos no primeiro dia da semana (Lc. 24.13-15, Jo. 20.19,26).
3.     Foi justamente num domingo que o Espírito Santo foi derramado sobre os discípulos que estavam no cenáculo (At. 2.1-4).
4.     No primeiro dia da semana os crentes se reuniam para cultuar e celebrar a santa ceia do Senhor (At. 20.7, 1. Co.16.2).

Logicamente o dia do Senhor (Kyriake hemera) de Ap. 1.10 não se refere a outra coisa a não ser o dia especial separado para o culto cristão e memória da consumação da obra do Senhor Jesus Cristo. Não bastando isso, temos inúmeras provas históricas disso. Os escritos dos pais da igreja, em especial os chamados “pais apostólicos” que viveram logo em seguida à era apostólica, assim como o  Didaché (antigo escrito da igreja cristã, datado do século II ) e até Plínio (historiador romano, que observou como viviam os cristãos) atestam isso:

Didaché: Mas a cada DIA do SENHOR?ajuntai-vos e partilhai do pão, e fazei vossas ações de graça após ter confessado vossas transgressões, para que o vosso sacrifício possa ser puro. Todavia não deixai ninguém que está em divergência com seu amigo agregar-se a vós, até que eles estejam reconciliados, para que o vosso sacrifício não possa ser profanado. (Didaché 14:1, Padres Ante-Niceianos Vol. 7, pg. 381)

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107 AD Inácio: Não vos enganeis com doutrinas estranhas, nem com velhas fábulas, as quais não trazem nenhum proveito. Pois se nós vivêssemos ainda de acordo com a lei Judaica, nós reconheceríamos que não teríamos recebido a graça...Se, portanto, aqueles que foram trazidos da antiga ordem das coisas vieram à possessão de uma nova esperança, não mais observando o Sabbath, mas vivendo na observância do Dia do Senhor, na qual também nossa vida brotou novamente por Ele e por intermédio de Sua morte (Que alguns negam), por tal mistério nós recebemos fé, e contanto que soframos a fim de que nós possamos ser achados discípulos de Jesus Cristo, nosso único Mestre, como seríamos capazes de viver apartados dele por quem até mesmo os profetas estão procurando como seu Mestre uma vez que estes são seus discípulos no espírito? ...Que todo amigo de Cristo guarde o Dia do Senhor como um festival, um dia de ressurreição, a coroa e chefe de todos os dias da semana. É um absurdo falar de Jesus Cristo com a língua , e fomentar na mente um Judaísmo que tem agora chegado a um fim, pois onde houver Cristianismo não pode haver Judaísmo...Estas coisas eu envio a vós, meus amados, não que eu saiba que algum de vós esteja em tal estado; mas desejo de ante mão vos resguardar, antes que qualquer dentre vós caia nos anzóis de vãs doutrinas, mas para que possais melhor apegai-vos a uma completa certeza em Cristo...(Inácio, Epístola aos Magnesianos, capítulo 9. Padres Ante-Niceianos, Vol. 1, pg.62-63)


110AD Plínio: eles tinham o hábito de se reunirem num determinado dia fixo antes que clareasse, quando cantavam hinos diversos a Cristo, como para um Deus, se uniam em um solene juramento de não praticar quaisquer atos iníquos, nunca cometerem qualquer tipo de fraude, roubo ou adultério, nunca em prestar um falso testemunho nem em negar uma responsabilidade quando fossem eles chamados para tal; após o que era costume deles se separarem e então se reunirem novamente para participar de uma boa refeição ! mas comida de tipo frugal e inocente. 

190 AD Clemente de Alexandria: Ele cumpre os mandamentos de acordo com o Evangelho e guarda o !Dia do Senhor?, quase sempre ele lança fora maus pensamentos...glorificando a ressurreição do Senhor nele mesmo. (Ibid. Vii.xii.76.4) 

200 AD BARDESANES: Onde quer que estejamos, somos todos chamados segundo o nome dos Cristãos de Cristo. Em um dia, o primeiro da semana, nós nos reunimos em assembleia.

Diante do exposto só posso lamentar as afirmações que Dani Marques faz em seu artigo. Espero sinceramente que ela leia este artigo e reveja seus posicionamentos, ou se desejar mantê-los, que reconheça que antes de classificarmos algo como sendo “mentira”, devemos fazer uma pesquisa séria sobre o que se escreve de modo a provar tal alegação.  

Soli Deo Gloria"

terça-feira, 15 de outubro de 2013

O falso e limitado deus das Testemunhas de Jeová

Os três atributos incomunicáveis da Divindade são: Onisciência, Onipresença e Onipotência. Nenhuma criatura pode ter esses atributos, pois em si mesmo são absolutos, qualquer que os possui, é Deus. Somente UM Deus tem essencialmente tais atributos – O Pai, O Filho e O Espírito Santo.

Para a religião TJ, a onisciência de Deus é um atributo em potencialidade, não exercido em todo momento, como crê o cristianismo ortodoxo. ‘Visto que Deus não usa seu poder o tempo todo, e continua sendo onipotente’, conclui eles, ‘a onisciência também não precisa ser exercida em todos os casos’. Obviamente o erro nesta analogia está na natureza do atributo e na concepção que eles têm dos mesmos.

Além disso, eles negam que Deus seja onipresente, para negar a doutrina da trindade:

“ O verdadeiro Deus não é onipresente, porque se fala dele como tendo localização.” http://wol.jw.org/pt/wol/d/r5/lp-t/1200001729?q=onipresente&p=par

Jeová Deus não precisa estar em todos os lugares, ou ser onipresente, para saber o que está acontecendo em qualquer parte do Universo. A Palavra de Deus diz: “Não há criação que não esteja manifesta à sua vista.” (Hebreus 4:13) Realmente, a força ativa de Jeová, ou seu espírito santo, pode estar em todos os lugares, permitindo que ele veja tudo e realize seu propósito de um local fixo, sua “santa habitação” nos céus.”  http://wol.jw.org/pt/wol/d/r5/lp-t/2011572?q=onipresen%C3%A7a&p=par

No passado até diziam que Deus habita em Plêiades:

Mas a grandeza em tamanho de outras estrelas ou planetas é pequena quando comparada com Plêiades em importância, porque Plêiades é o lugar do trono eterno de Deus....Tem sido sugerido, e com bastante peso, que uma das estrelas do grupo [‘Alcyone’]  é o local de habitação de Jeová.”-  Reconciliação (1928), pág. 14 (em inglês)

O que você verá são explicações do Corpo Governante, os teólogos da Torre de Vigia, Líderes máximos das Testemunhas de Jeová, a respeito da Presciência e Predeterminação, no mesmo ‘verbete’ do Estudo Perspicaz das Escrituras, enciclopédia da religião em mira (http://wol.jw.org/pt/wol/d/r5/lp-t/1200001549). É o mesmo deus falso do teísmo aberto, ou dos socianos...

Se o Criador da humanidade tivesse realmente exercido Seu poder para saber de antemão tudo o que a História presenciou desde a criação do homem, então o pleno peso de toda a iniqüidade que disso resultou foi deliberadamente acionado por Deus, quando ele proferiu as palavras: “Façamos o homem.”

“Exercício infinito da presciência? O argumento de que não saber Deus de antemão todos os eventos e circunstâncias futuras, em todos os pormenores, evidenciaria imperfeição de Sua parte é, na realidade, um conceito arbitrário sobre perfeição. A perfeição, corretamente definida, não exige tal extensão absoluta, toda abrangente, uma vez que a perfeição de algo depende realmente de se enquadrar por completo nos padrões de excelência fixados por aquele que está habilitado a julgar os seus méritos.

 “A questão é o que Deus julga apropriado prever, saber de antemão e predeterminar, pois “fez tudo o que se agradou em fazer”

“A presciência seletiva significa que Deus podia preferir não conhecer previamente, de forma indiscriminada, todas as ações futuras de suas criaturas. Isto significa que, em vez de toda a história a partir da criação ser apenas uma simples reprise do que já tinha sido previsto e predeterminado, Deus podia, com toda a sinceridade, colocar diante do primeiro casal humano a perspectiva de vida eterna numa terra livre de iniqüidade.

Ao contrário desses conceitos limitados, a Bíblia nos diz:

“E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar.
Hebreus 4:13