quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Pb. Solano Portela: Respondendo Algumas Objeções À Doutrina da Predestinação


"I. Introdução Em artigo anterior, analisamos as bases bíblicas à doutrina da predestinação, bem como, as dificuldades encontradas na sua compreensão. Avaliamos as situações antibíblicas e ilógicas encontradas pelas posições que rejeitam tal ensinamento. Verificamos que Deus possui realmente um plano maravilhoso, que é mais do que alternativas de reação ao desenrolar da história. É um plano singular que abrange, inclusive, o plano de salvação do Seu Povo.
Passeando rapidamente pela história da Igreja, verificamos o testemunho abundante ao longo dos séculos e, os servos do Senhor que habilmente defenderam e ensinaram a importância crucial da Soberania divina, como chave para compreensão do nosso papel, como peregrinos aqui na terra, servos do Deus Altíssimo.

Fazendo distinção entre “livre arbítrio” e “livre agência”, procuramos mostrar como Deus executa os Seus planos através de nossas vontades, ou seja de nossa “livre agência”. Igualmente, verificamos como as pessoas são escravas de sua natureza, incapazes de “escolher” o bem, a não ser pela ação e intervenção direta da maravilhosa graça de Deus, pela atuação do Seu Santo Espírito, em nossas vidas.

Apesar da abundante evidência bíblica, a rejeição natural das doutrinas relacionadas com a soberania de Deus é algo muito forte e presente em amplo segmento do mundo evangélico contemporâneo. Numa era onde se procura o fortalecimento da autonomia do homem, onde se multiplicam as igrejas-entretenimento, onde se procura agradar para conquistar, onde está perdida a finalidade principal de todos nós – a glorificação de Deus – são levantadas muitas objeções a qualquer ensinamento que coloque o homem em seu devido lugar – como incapaz de reger o seu destino em um mundo regido pelo Deus soberano.

Neste artigo, queremos abordar algumas dessas objeções, apresentando respostas bíblicas a cada uma delas, culminando com uma dedutiva conclusão.

II. Cinco Objeções Comumente Levantadas Contra a Doutrina da Predestinação e aos Decretos de Deus, com Respectivas Respostas.

1. “A Predestinação é incoerente com o livre arbítrio do homem e com a responsabilidade moral deste, para com as suas ações.”

Resposta — Realmente, a Bíblia não apresenta o homem como sendo um autômato, um robô. De uma certa forma, ele cumpre livremente suas ações, não se esquecendo de que, como pecador, ele está escravizado à sua natureza pecaminosa. Entretanto, ele não é forçado a cometer o pecado. Ele comete porque se deleita nele, porque segue sua própria natureza. O outro lado da questão, é que ele só pode “escolher” o bem verdadeiro, quando possibilitado pelo Espírito Santo. Ocorre que, mesmo considerando o fato de que nenhuma força compulsória age sobre o homem, isto não significa que Deus não tenha um plano e que Ele seja impotente para realizar este plano, a não ser que o homem concorde com Ele. NÃO! A soberania e onipotência de Deus são manifestadas na maneira como Ele opera: trabalhando através da vontade do homem, e não contra ela. É assim que temos essa verdade expressa em Fl 2.12-13: “De sorte que, meus amados, do modo como sempre obedecestes, não como na minha presença somente, mas muito mais agora na minha ausência, efetuai a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade”.
Vejamos alguns exemplos bíblicos, sobre a maneira como Deus opera a sua vontadeatravés da livre agência das pessoas:

 1. José no Egito: Seus irmãos agiram livremente, sem nada que os compelisse a praticar o mal cometido. Entretanto, estavam cumprindo o plano predeterminado de Deus. É importantíssimo notarmos que todos eles foram responsáveis por suas ações diante de Deus. Considere as seguintes referências, no livro de Gênesis:
42.21 – Os irmãos sabiam de sua culpa“Então disseram uns aos outros: Nós, na verdade, somos culpados no tocante a nosso irmão, porquanto vimos a angústia da sua alma, quando nos rogava, e não o quisemos atender; é por isso que vem sobre nós esta angústia”.
45:5 – José tinha consciência de que Deus agia soberanamente sobre todos os incidentes“Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos aborreçais por me haverdes vendido para cá; porque para preservar vida é que Deus me enviou adiante de vós”.
45:8 – A causa final era Deus“Assim não fostes vós que me enviastes para cá, senão Deus, que me tem posto por pai de Faraó, e por senhor de toda a sua casa, e como governador sobre toda a terra do Egito”.
50:20 – O Plano soberano de Deus contemplava o bem, como resultado final:“Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; Deus, porém, o intentou para o bem, para fazer o que se vê neste dia, isto é, conservar muita gente com vida”.

2. Faraó: Agiu injustamente contra o povo de Deus e por causa disto foi castigado e responsabilizado por Deus. Entretanto, agiu sempre livre e voluntariamente, apesar de estar cumprindo os propósitos de Deus. Aprendemos isso na leitura dos seguintes versos:
Ex 9.16 – Faraó agia livremente, externando a sua obstinação despótica e pecaminosa, mas cumpria o propósito de Deus:“... mas, na verdade, para isso te hei mantido com vida, para te mostrar o meu poder, e para que o meu nome seja anunciado em toda a terra”.

Ex 10.1-2 – Deus endureceu o coração de Faraó“Depois disse o Senhor a Moisés: vai a Faraó; porque tenho endurecido o seu coração, e o coração de seus servos, para manifestar estes meus sinais no meio deles, e para que contes aos teus filhos, e aos filhos de teus filhos, as coisas que fiz no Egito, e os meus sinais que operei entre eles; para que vós saibais que eu sou o Senhor”.

Rm 9.17 – Paulo utiliza o incidente para demonstrar a soberania de Deus“Pois diz a Escritura a Faraó: Para isto mesmo te levantei: para em ti mostrar o meu poder, e para que seja anunciado o meu nome em toda a terra”.

 3. O Rei Ciro: Agiu livremente ordenando a reconstrução do Templo, em Jerusalém. Não sabia que Deus trabalhava por intermédio de sua livre agência e que estava cumprindo os desígnios de Deus.
Ed 1.1-3 – Vemos Deus em controle da história e o Rei em suas mãos“No primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia, para que se cumprisse a palavra do Senhor proferida pela boca de Jeremias, despertou o Senhor o espírito de Ciro, rei da Pérsia, de modo que ele fez proclamar por todo o seu reino, de viva voz e também por escrito, este decreto. Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O Senhor Deus do céu me deu todos os reinos da terra, e me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém, que é em Judá. Quem há entre vós de todo o seu povo (seja seu Deus com ele) suba para Jerusalém, que é em Judá, e edifique a casa do Senhor, Deus de Israel; ele é o Deus que habita em Jerusalém”.
Pv 21.1 – Este verso indica o governo soberano e incontestável de Deus“Como corrente de águas é o coração do rei na mão do Senhor; ele o inclina para onde quer”.

 4. A Crucificação de Cristo: Era um evento CERTO, INEVITAVEL e planejado (Atos 4.27,28 – “Porque verdadeiramente se ajuntaram, nesta cidade, contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, não só Herodes, mas também Pôncio Pilatos com os gentios e os povos de Israel; para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho predeterminaram que se fizesse”). Entretanto, nem por isto os Judeus foram forçadosa crucificar a Cristo. Judas cumpriu LIVREMENTE, como fruto de sua própria ganância e impiedade, o propósito de Deus, mas não foi inocentado pelo fato de estar “apenas” cumprindo os Decretos de Deus. Os Judeus seguiram, também, suas próprias inclinações malévolas, mas cumpriam, mesmo assim, a predeterminação de Deus. Note que Pedro não os inocentou por isto. Muito pelo contrário! Foram responsabilizados pelos seus atos, em Atos 2.23 (“...a este, que foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, vós matastes, crucificando-o pelas mãos de iníquos”). Essa responsabilização ocorre na mesma passagem em que a Soberania de Deus é apontada como estando por trás de todos os eventos.

 5. Dois exemplos adicionais, de como Deus pode cumprir os seus propósitos e planos, mesmo assim preservando a responsabilidade humana:
Ap 17.17 – Deus coloca nos corações a execução de suas intenções“Porque Deus lhes pôs nos corações o executarem o intento dele, chegarem a um acordo, e entregarem à besta o seu reino, até que se cumpram as palavras de Deus”.
2 Sm 17.14 – Absalão segue um conselho, mas sem saber cumpre os desígnios de Deus“Então Absalão e todos os homens e Israel disseram: Melhor é o conselho de Husai, o arquita, do que o conselho de Aitofel: Porque assim o Senhor o ordenara, para aniquilar o bom conselho de Aitofel, a fim de trazer o mal sobre Absalão”.
 2. “Se tudo que acontece é pré-ordenado, como lemos, na Bíblia, que Deus ‘se arrepende’?” — Por exemplo, em Gn 6.6 (“...arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem na terra ...”) ou Joel 12.13(“...se arrepende do mal”)

Resposta —A expressão “arrependimento”, utilizada na Bíblia com relação a Deus, indica uma mudança em um curso de ação ou em um relacionamento da parte de Deus, da forma em que estava sendo encaminhado até a ocasião da mudança. Não tem, esta expressão, as mesmas conotações deste sentimento no homem. Na linguagem teológica, dá-se o nome a estas expressões de ANTROPOMORFISMO, ou seja, a utilização de linguagem e formas humanas para expressar qualidade, ações ou características de Deus, em um sentido figurado (Ex.: Gn 18.20,21; 22.12; Jr 7.13; Lu 20.13).
No caso da passagem de Joel, o contexto está descrevendo Deus como misericordioso, compassivo, tardio em irar-se, grande em benignidade e nem sempre executa o julgamento que seria o curso natural (“se arrepende do mal”). O julgamento é iminente. Ele é apropriado. Ele é justo. Ele procede do Deus todo poderoso. Ele é mortal. Mas ele é executado pelo justo juiz que detém o poder e a prerrogativa de sustá-lo.

 O termo “arrependimento”, portanto, utilizado com relação a Deus, não tem o mesmo significado de quando ele é utilizado com relação às pessoas. A dissociação é estabelecida por Números 23.19: “Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele dito, não o fará? ou, havendo falado, não o cumprirá?” Os homens, os filhos dos homens, mentem – dizem uma coisa e fazem outra; ou se arrependem – (o mesmo sentido) dizem que farão uma coisa e fazem outra; Deus é diferente. Ele é veraz.
Da mesma forma, 1 Sm 29.15, diz: “Também aquele que é a Força de Israel não mente nem se arrepende, por quanto não é homem para que se arrependa”. Deus é perfeito. Ele é soberano. Ele diz e faz; ele fala e cumpre; ele tem um plano e executa. Quando A Palavra, portanto, diz que ele se arrepende; não é arrependimento no significado do termo para descrever ações dos filhos dos homens. A utilização da expressão, para descrever ação humana, abriga, muitas vezes, o conceito de “remorso”.

“Arrepender-se”, no que diz respeito a Deus, significa aparente mudança de curso de ação; significa colocar em prática as prerrogativas de perdão, de retenção de julgamento. Significa a expectativa de que o julgamento, mesmo justo e devido, não fosse executado
Em todo e qualquer caso mesmo o “arrependimento”, a mudança do curso de ação, estava contemplada em seus planos insondáveis e maravilhosos.
 3. “Se existe um plano predeterminado por Deus para tudo, como é que a Sua vontade e a Sua missão é muitas vezes derrotada, como por exemplo em Mateus 23.37?”

Resposta — Os Plano de Deus não são frustrados. Temos que discernir entre a VONTADE PRECEPTIVA de Deus e a Sua VONTADE DECRETIVA. Esta última, é o Seu desejo refletido em Seus Decretos, que serão certamente cumpridos (Is 46.10 – “O meu conselho subsistirá, e farei toda a minha vontade”.). A primeira (preceptiva) representa os Preceitos de Deus, Seus PADRÕES de conduta. Apesar dele ser onipotente e ter poderes para executar tudo, Ele não desejou decretar tudo que está contido em Sua Vontade Preceptiva. Um exemplo disto é II Pedro 3.9, onde Pedro expressa a Vontade Preceptivade Deus e indica que Ele “…quer que todos venham a arrepender-se…” Ele certamente teria poderes para executar este desejo, mas sabemos por outras passagens bíblicas que“poucos são os escolhidos”, demonstrando que Deus não decretou tudo que é sua vontade COMO PRECEITO.
Verifique a situação apresentada em Mateus 23.37 (“Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, apedrejas os que a ti são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e não o quiseste!”), comparando-a com Isaías 65.2 (“Estendi as minhas mãos o dia todo a um povo rebelde, que anda por um caminho que não é bom, após os seus próprios pensamentos”). Vemos que apesar do desejo de Deus ser o recebimento de Jerusalém em seu seio, o seu plano já previa a pregação e a rejeição por um povo rebelde. Este povo, mesmo estando incluso neste plano, rejeitou a Cristo VOLUNTARIAMENTE.

Uma analogia humana, logicamente imperfeita como toda tentativa de exemplo humano, pode ilustrar esta dualidade de vontades. Referimo-nos a um juiz reto que não tem vontade alguma em uma sentença qualquer, mas justamente por ser reto decreta condenar alguém, quando tal condenação é cabível, e assim o faz.

4. “Se a doutrina da Predestinação é verdade, como pode a Bíblia efetivar uma oferta sincera de salvação a todos, e como podemos nós, também, oferecê-la a todos os homens?”

Resposta — Temos que nos lembrar que não sabemos quais são os Predestinados. Nossa missão não é a de Pesquisadores de Predestinados, mas a de DECLARADORES DA VERDADE. A conversão e a chamada eficaz pertencem ao Espírito Santo. Deus nos conclama a declarar a verdade a todos. Mesmo que houvesse a certeza da rejeição, não estaria eliminada a necessidade da pregação. Isaías 1.18-19 (“Vinde, pois, e arrazoemos, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados são como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que são vermelhos como o carmesim, tornar-se-ão como a lã; Se quiserdes, e me ouvirdes, comereis o bem desta terra”) é um exemplo da chamada universal ao arrependimento. Temos também Isaías 6.9-13, onde Deus manda Isaías realizar o chamado amplo, mas, ao mesmo tempo, já revela ao pregador que haverá uma rejeição operada pelo próprio Deus. Isaías chega quase ao desespero: “Então disse eu: Até quando, Senhor?” Em essência, Deus responde: cumpra sua missão, até que meus propósitos sejam cumpridos.

Situação semelhante temos em Ezequiel 3.4-14, onde Deus comissiona o profeta a realizar a oferta de salvação “quer ouçam, quer deixem de ouvir”. Ocorre que Deus já havia registrado que a casa de Israel não iria querer ouvir. Mesmo assim, permanecia a obrigação do profeta de ir e pregar. Com sentimentos semelhantes aos de Isaías, o profeta registra: “e eu me fui, amargurado, na indignação do meu espírito; e a mão do Senhor era forte sobre mim”.

A oferta de salvação não somente é veraz como sincera. Ela pode ser assim apresentada pelos profetas e pelo próprio Cristo com a consciência de que a concretização da salvação estava incrustada nos planos eternos e soberanos de Deus.

De qualquer forma, a mesma objeção poderia ser apresentada aos que dizem que Deus apenas CONHECE os que acreditarão nele, mas que não determina os que serão salvos: se Ele conhece aquele que acreditará, como pode oferecer o Evangelho ao que não acreditará, sabendo que isto somente aumentará a sua condenação? A Oferta é sincera, porque ela representa a verdade — “quem crer será salvo!” Agora, nós sabemos, semprea posteriori, e nunca antecipadamente (como Jesus o sabia), que “os que creram” foram os predestinados, como nos ensina Atos 13.48 (“...e creram todos quantos haviam sido destinados para a vida eterna”.).
  
5. “A Predestinação apresenta um Deus que faz acepção de pessoas!”

Resposta — Acepção de pessoa significa aceitação ou rejeição baseada em qualidades ou em um potencial intrínseco de uma pessoa, que venha a motivar esta aceitação ou rejeição. A Predestinação bíblica é INCONDICIONAL, isto é, não é baseada em nada existente NO HOMEM, mas unicamente nos propósitos insondáveis de Deus. Deus não é parcial, mas sim SOBERANO. Suas dádivas são fruto da Graça (Rm. 9.15-18, Mt 20.13-15). De qualquer forma, qualquer sistema teológico apresenta esta dificuldade, pois têm todos a mesma oportunidade? Não. As pessoas nascem em locais e circunstâncias diferentes, uns com mais oportunidades do que outros.

Conclusão

  A doutrina da Predestinação é reconhecidamente uma doutrina difícil, mas não deve ser negligenciada nos nossos estudos e exposição pois ela apenas enaltece a Deus. Ela apresenta a Deus em toda a Soberania que lhe é na Bíblia atribuída. Muitas vezes, a rejeitamos porque “achamos” que ela pode desencorajar a pregação do evangelho. Nestes casos, devemos deixar a Bíblia falar por si -- se ela nos revela um Deus que predestina, devemos aceitar esta revelação, independentemente de nossas projeções pragmáticas sobre o que pode ou não acontecer. Deus é maior que as nossas precauções e temores. Suas verdades não podem ser diminuídas sob pena de distorcermos a mensagem que devemos proclamar a um ponto em que ficam totalmente irreconhecíveis. Mesmo que não entendamos todos os pontos, devemos aceitar a majestade e soberania de Deus da forma que a Sua Palavra nos revela!

  Que Deus possa nos ajudar a considerar esta doutrina como a bênção que ela verdadeiramente é. É glorioso saber que estamos nas mãos de um Deus Soberano, que nos amou, nos deu a Salvação e que rege os nossos passos. Temos o Deus que tudo pode e que, por esta razão, temos plena confiança no cumprimento das suas promessas, na vitória e na comunhão final ao Seu lado. Que Ele nos possibilite, cheios desta convicção, a andarmos segundo os seus preceitos, responsavelmente fazendo o que Ele nos manda!"

Fonte: http://www.solanoportela.net/artigos/objecoes_predestinacao.htm

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

MAÇONARIA - HERESIAS DO GRAU 3 - RITO ESCOCÊS, ANTIGO E ACEITO


"Neste texto mostraremos heresias absurdas que pseudo-cristãos de nossas igrejas evangélicas e protestantes se dignam participar no Terceiro Grau do Rito Escocês Antigo e Aceito. É inacreditável que ainda haja líderes-servos em nosso meio que ousam trocar o Cristianismo bíblico, puro e autêntico pelo lixo espiritual da Maçonaria. Deleite-se com as fotos extraídas diretamente do Manual do Grau 3 e os comentários feitos a base delas:


Página 3
Logo de ínicio, na página 3, vemos evidenciais da teologia maçônica, que em todos os 33 graus com seus rituais já muito bem conhecidos por mim, não é apresentada como teologia para que os enganados por Satanás que por ali trilham pensem que não se trata de mais uma religião e, assim, não precisarão abandonar a sua própria. Então, ensinam que a vida nasce da morte, através do sacrifício da própria vida. Seria o sacrifício da própria vida um meio de se morrer e ganhar a vida? A Bíblia mostra que é Jesus Cristo que se sacrificou por nós e, portanto, não precisamos de nos sacrificar para ganhar a vida. (João 3:16; Romanos 3:25; 8:3) A vida nasce não da nossa morte, mas da morte de Cristo. .

Página 5
Na página 5 do livro secreto maçom do grau 3, observamos como os maçons são religiosos, orando ao Adonai Elohim da Bíblia! Estas palavras são proferidas à vista do corpo de Hiram Abi Assassinado. Quem é este Hirãm Abi? Hiram Abi é um nome extraído da Bíblia. Ele foi enviado pelo rei de Tiro, também chamdo Hiram, para ajudar a Salomão na construção do Templo. (1 Reis 5:1-9) Hiram Abi tinha muita competência em lidar com objetos de bronze. Ele veio ao Rei Salomão para fazer toda a obra necessária. (1 Reis 7:14) Assim, no conceito maçom, Hiram Abi era um pedreiro, ou um maçom. Mas que conversa é esta de o Maçom do grau 3 orar à vista do corpo de Hiram Abi? Mais abaixo saberemos a resposta.

Página 13.
Em nome de Jesus, jamais se  abre as sessões da loja maçônica, mas que maravilha ver um cristão - talvez pastor, diácono, missionário - exclamar: "Em nome de Deus e de São João, nosso padroeiro, está aberta a loja de mestre". Na Igreja, ora em nome de Jesus, mas na Loja Maçônica, em nome de São João. Mas este São João não é o São João Batista da Bíblia, mas o São João da Escócia, também conhecido como São João Esmoleiro ou São João de Jerusalém. A maçonaria reserva até um dia para este "São": 24 de junho. Por que este suposto cristão não ora na Igreja em nome de São João?

Pergunta ao cristão maçom: Você já orou hoje ao seu santo padroeiro? Se fez isso, você não tem identidade cristã. 

Depois dessa oração antibíblica, observe o que ocorre na preparação para se admitir os candidatos ao Grau 3 do Rito Escocês Antigo e Aceito:

página 14.
Sim! Uma pessoa entra num esquife, ou caixão, e o rosto dela deve estar coberto com pano mortuário desde os pés até a cintura e o seu rosto deve ser coberto com um pano de linho tinto de sangue! Será que Jesus participaria de uma ritualística espiritual dessas? E você, cristão verdadeiro, que segue apenas a Cristo e que somente ao sangue dele aceita como simbolo eficaz para a sua vida - participaria de um ritual destes? Você já não morreu com Cristo e se tornou corpo de Cristo? Não será ressuscitado na semelhança da ressurreição de Cristo? (Romanos 6:1-7) Que nojento, não é mesmo? E na Igreja Protestante e Evangélica não faltam pastores, diáconos e membros comuns para participar disso!

Continuando, o Ritual prossegue, e das páginas 15 em diante, a preocupação dos maçons ali é averiguar se o candidato a se tornar parte do Grau 3 é um assassino ou não. Claro que há um simbolismo nisso, MAS JESUS PARTICIPARIA DISSO?

Desconfia-se dele como assassino pelo fato de ele saber a palavra sagrada do Grau 3 que é Tubalcaim.  Imagine a cena agora, em que um pastor, diácono ou membro de igreja comum estivesse dentro da loja maçônica, no Ritual, recebendo a seguinte ofensa por desejar participar deste grau. 

Página 19.
Um outro PDF que tenho aqui usa a expressão "fala infeliz", em vez de "fala desgraçado". Como um cristão, se de fato o é, pode aceitar ser humilhado com a palavra "desgraçado" ou "infeliz" num ritual que segundo os pastores maçons nada os incomoda na maçonaria? Não recebeu ele a graça de Deus em Cristo Jesus? Mas ele é desgraçado por se desconfiar que ele é um assassino, que pode estar ludibriando os maçons ali presentes. Mesmo que tudo isso seja simbólico, conseguiríamos imaginar um apóstolo participando disso? Nem de longe! Enquanto esses verdadeiros profanos espirituais são chamados de desgraçados por não conhecer a palavra passe, nós, cristãos, salvos em Jesus, somos agraciados por Deus com tão grandiosa salvação (Hebreus 2:3).

Sabia você que muitos pastores e diáconos maçons, com quem já conversei, chegaram a me falar que entraram para a maçonaria para ver se ela, em algum aspecto, poderia ajudar no ministério deles? Isso sim é ser profano! Buscando na maçonaria ajuda para o ministério deles!

Enquanto isso, dentro da Loja Maçônica, durante o ritual, permanece o esquife. É o esquife de Hiram Abi, aquele que foi assassinado e que os maçons ali presentes estão a inquirir do candidato se ele é o assassino. Obviamente que há um simbolismo nisso, pois Hiram Abi morreu bem antes de Jesus e não poderia ter sido o candidato o seu assassino. Mas continuemos com as heresias cometidas ali.

Depois do candidato falar a palavra passe, prestar o juramento e ser aceito no Grau 3, para se tornar Mestre Maçom, ele é convidado a representar Hiram Abi, o maior de todos os maçons. Veja:

Página 23
Enquanto os cristãos são exortados a representar a Cristo, o maçom do Grau 3 recebe a ordem de representar o maior homem do mundo Maçom, Hiram Abi. Pode uma coisa dessas?

Após tal aprovação, o RESPEITAB:. passa a narrar a história de Hiram Abi e como ele foi morto. Segundo a maçonaria, Hiram era o grande artífice do templo de Salomão e foi morto por três traidores que ainda não eram mestres maçons e quiseram saber de Hiram a palavra secreta dos mestre maçom. O nome dos três seriam: Jubeias, Jubelos e Jubelum, sendo este último o que teria dado o golpe de misericórdia em Hiram. Quando os três se reúnem e descobrem que não haviam descoberto a palavra secreta de Mestre, decidem enterrar o corpo de Hiram em Jerusalém.

Segundo a lenda registrada no Ritual do Grau 3, os assassinos confessam o crime e recebem uma punição terrível de Salomão. Esta punição tem muito a ver com o juramento que o maçom faz para ingressar nessa sociedade/religião de Satanás. Observe:

Página 30
Em cada grau que o maçom avança, ele presta um juramento desejando que, caso viole os segredos maçônicos, sua garganta seja degolada, seu coração arrancado e seu corpo seja dividido ao meio (com algumas variações em cada grau). Este juramento maçônico vem desta "estória", ou lenda.
Conforme confidenciou-me um ex-maçom grau 33, QUE SE ARREPENDEU DE TER SIDO MAÇOM, a maçonaria manda matar o traidor em sentido simbólico. Se ele tem um comércio e os maçons ali frequentam, tal traidor jamais terá seus amigos maçons em seu estabelecimento. Também, os maçons "fritam" a pessoa na cidade toda, acabam com a reputação dele, desacreditando-a de todas as formas possíveis.

A seguir, preste atenção no que ocorre quando se encontra o corpo de Hiram. Um certo procedimento que se faz ali é feito em todos os funerais maçons, onde a retirada dos profanos (quem não é maçom) é solicitada. Veja:

Página 31
Espetaram na terra um ramo de acácia. No enterro maçom, o mestre de cerimônia segura no dedo mínimo e diz "a carne se desprende dos ossos".

Página 33
Daí, os maçons começam a rodar em volta do túmulo. Na outra extremidade do caixão, o Venerável Mestre tira o ramo de acácia do caixão, leva-o às suas narinas, e volta para dentro do caixão. Mas de onde eles trazem essa ritualística? Em Ezequiel 8:1-18, mostra como a casa de Judá nos dias de Ezequiel haviam se tornado sincretistas, ou seja, misturaram formas diferentes de adoração pagã e as trouxeram para dentro do templo. E uma das abominações que faziam eram levar o ramo ao nariz: "Vê, eles levam o ramo ao nariz". (Ezequiel 8:17) O que significava "levar o ramo ao nariz"?

De acordo com o Novo Comentário Bíblico de São Jerônimo, Antigo Testamento, página 632, trata-se de um dos gestos mesopotâmicos que indicavam um sinal fálico (sexual) e também de humilhação a um deus. Era a adoração ao Deus Tamuz, de acordo com o contexto de Ezequiel 8:1-18, sendo praticada em Israel.

É interessante que no Dicionário de Maçonaria, página 22, de Joaquim Gervásio de Figueiredo, Grau 33 da maçonaria, ele confessa que a Acácia, para os maçons, simboliza a inocência, a iniciação e a imortalidade da alma. Portanto, no funeral maçom, a acácia é usada para simbolizar a imortalidade da alma que o maçom terá. Mas simbolizam isso através de um ritual que Deus condena em Ezequiel 8:17.

Retornando ao Maçom que é aceito no Grau 3 e se torna Mestre Maçom, o ritual continua dentro da Loja. Ele precisa agora fazer um juramento de lealdade. Perceba que não faz o menor sentido um Pastor, Diácono ou membro comum de Igreja fazer tal juramento:


Além de um cristão verdadeiro não jurar desta forma, colocando seu corpo, o templo do Espírito Santo (1 Coríntios 6:19) e a morada do Pai e do Filho (João 14:23) nas mãos da própria maçonaria e do seu deusinho genérico, o G:.A:.D:.U:., neste juramento ele afirma que a Loja é consagrada a quem? A São João! Você gostaria de ter um pastor, diácono ou membro comum de Igreja que consagra sua vida a Deus mas faz juramentos numa loja consagrada a São João? Não é vergonhoso que as igrejas cristãs tolerem isto?

Mais vergonhoso ainda é compreender o significado da morte de Hiram nessa lenda maçônica. Isto é um absurdo que vou lher revelar. Na página 4 do Ritual do Grau 3, há a seguinte ilustração:

Página 4
Aqui temos um caixão de defunto. Representa a morte de Hiram. Segundo relatos de ex-maçons, eles tiveram que entrar aqui no ritual. Outros negam isso. Seja como for, como vimos na primeira foto acima, o objetivo do Grau 3 é ensinar que a vida nasce da morte. Hiram foi morto. Mas o que este Hiram, nesta lenda, significa? Isto é revelado aos maçons durante as sessões e não está transcrito no Ritual do Grau 3, todavia, quando vasculhamos a literatura maçônica, desvendamos que no Ritual do Grau 3, ao sair do caixão se está celebrando a ressurreição de Hiram Abi. Sim, é isso mesmo. Observe a explicação que o Sr. Joaquim Gervásio de Figueiredo dá, em seu livro Dicionário de Maçonaria - Seu Mistérios, Seus Ritos, Sua Filosofia e Sua História,página 176:


Observe a confissão de um maçom Grau 33 em seu próprio dicionário! Ele afirma que esta ritualística de Hiram Abi e a lenda de seu martírio é vinculada às lendas de ressurreição de Osíris, Tammuz (o mesmo a quem os judeus em Ezequiel 8:17 estavam adorando por levar os ramos ao nariz), Khrishna, Adônis e Cristo. Em primeiro lugar, a ressurreição de Cristo é posta em pé de igualdade com a dessas falsas divindades. Em segundo lugar, a ressurreição de Cristo é considerada para explicar o que ocorre com Hiram Abi. E para o maçom, o seu grande exemplo a ser seguido é Hiram Abi, que não revelou os segredos aos que não estavam aptos ainda para conhecê-los.

Portanto, o maçom que entra no caixão imita ao seu exemplo mor, Hiram Abi, morrendo para o mundo profano e ressuscitando, quando sai do caixão, após receber a ritualística do ramo de acácia, símbolo da imortalidade da alma. Pode um cristão participar da maçonaria?

Se você souber que seu pastor é maçom, ou foi e não se arrepende de ter sido, cuidado ao se posicionar contra a maçonaria. Ele, de alguma forma, te perseguirá. Eles não reagem como um pastor que foi maçom e deixou à maçonaria dizendo para seus colegas e pastores maçons:"Se vocês conseguem ser cristãos e conviver com isso, fiquem. Eu não consigo." Os maçons nas Igrejas se unem para destruir sua reputação quando você condena as heresias maçônicas. Você perceberá que em comparação aos outros, você não terá oportunidades de pregar, ser um professor da Escola Bíblica Dominical, orar, etc. E muito menos espere ser diácono e pastor. Pelo menos é o que tenho ouvido de ex-maçons. Quer um conselho se seus líderes são maçons? Caia fora desta Igreja! Ela está em prostituição espiritual! -"

Fernando Galli. - http://www.ia-cs.com/2013/08/maconaria-heresias-do-grau-3-rito.html

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

5 Princípios para plantar uma seita

Siga os seguintes passos, e não deixe de contar com a ajuda do diabo, ele é o principal parceiro na ‘plantação’ de uma seita.*

1. Anuncie uma mensagem estrondosa. Algo que chamará a atenção de muita gente. Falar do que o cristianismo diz há séculos, doutrinas antigas, não é uma caminho produtivo. Você precisa descobrir na Bíblia, ou mesmo receber uma visão, algo que causará pavor ou expectativas imediatas. Caso resolva marcar uma data para o fim do mundo, pegue algum trecho de Daniel ou de Apocalipse, faça cálculos que tenha uma data especial bíblica de partida e que termine logo à frente – em nossa geração mesmo. 

Observação: Quando a data passar, faça uma adaptação alegórica do ocorrido: ‘o décimo quarto anjo da constelação de Orion fez nessa data uma obra invisível’. Ou algo do tipo. Leia as justificativas que o pessoal do Tabernáculo da Fé dá ao que W. M. Branham disse de 1977, ou mesmo os grandes mestres de dar um jeitinho em falsas profecias. Adventistas em relação a 1844 e/ou as Testemunhas de Jeová em relação a 1914. Ah, não deixe de consultar a ‘Family em Rádio’, que tem uma experiência recente.

2. Anuncie algumas doutrinas peculiares e (aparentemente) novas. Não deixe de inventar algumas coisas ‘novas’ como doutrina, isso fortalecerá a mensagem estrondosa. Dará a impressão que apenas você e/ou o seu grupo base teria mesmo a capacidade de ver o que ninguém vê. Encontre em relatos bíblicos aquilo que pode virar uma prática exclusiva, ou mesmo, um mandamento que não é tão praticado e ‘restaure’ ele. Assim a imagem de “restauradores da verdade” terá um carro chefe poderoso!

Sugestões: Algo como restaurar o Nome de Deus, restaurar o Sábado, o Lava-Pés, o Sacerdócio de Arão, etc, são exemplos eficazes de sucesso garantido na formação de uma nova seita. Porém, tais já estão em uso. Você precisará ser inovador e criativo!

3. Não deixe de dizer ao seu grupo e a todos que vierem a participar dele, que são especialmente escolhidos “dentre” todos os demais. Seus seguidores precisam também sentir que são místicos. Talvez uma roupa especial, uma linguagem especial, comportamentos especiais, ou um culto diferente. Diga a eles que são os “remanescentes” os “santos dos últimos dias”, que isso encherá a bola deles, é algo fantástico para o orgulho humano. A sua seita não pode ser “mais uma” qualquer, ela tem que ser diferente, escolhida, especial, algo que os eleve a um patamar profético, isso colabora para a militância interna. Com isso, você não ficará sozinho na expansão fiel do grupo. Encontrará pessoas, que depois de massificada essa ideia, eles estarão dispostos a perder emprego, saúde e a vida pela seita.

4. Seja opositor das demais igrejas cristãs, principalmente as que estão estabelecidas. Diga a todos que a fé cristã e protestante é uma mentira e que eles se corromperam, e enganaram seus seguidores. Sempre existirão pessoas não convertidas, imprestáveis e as que estão mesmo decepcionadas com o mal gerenciamento nas igrejas, que sairão das igrejas históricas. Os dois primeiros casos vão dizer – “me libertei da mentira” ou “encontrei a verdade”. Invista nessa ideia, o texto de Ap 18.4 pode ser muito bem invocada para essa empreitada.

5. Seja um líder místico. Você precisa também imprimir uma ideia que você foi divinamente escolhido para a causa. Não falhe nesse aspecto, ele é importantíssimo. Talvez você tenha alguma dificuldade de dizer que seja o único assim no grupo, então inclua sua liderança mais próxima nesse aspecto formando um colegiado apostólico.

Sugestão: se você disser que é um profeta, ou mais que isso, um mensageiro, não se esqueça de encontrar uma qualificação com dizeres bíblicos. Por exemplo; “Elias”, “Espírito de Profecia”, “Escravo Fiel e Discreto”, etc. Com o tempo, dado o fato que tais termo delinearão exclusivamente você, ou os demais ‘promotores’, o diabo investirá poder nisso, e cada vez mais, essa faceta será usada como teste de devoção à verdade. Até hoje não encontramos Ministério de Ezequiel, ou Ministério de Libertação Mosaico... pense nesses termos, os que citamos já possuem donos patenteados.

*Apesar de ser uma ironia, estão baseados em fatos que a história revela ter ocorrido entre as principais seitas cristãs – Adventista do Sétimo Dia, Igreja de Jesus Cristo dos Santos do Últimos Dias [Mórmons] e Tabernáculo da Fé e Testemunhas de Jeová.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Fatos históricos sobre o (Neo-)Trinitarianismo Adventista

O tema ainda não foi devidamente estudado por parte dos apologistas evangélicos, da área heresiológica,  pelo menos aqui no Brasil. Os críticos do Adventismo, não raro dispensacionalistas, ficaram no debate do sábado e fim da Lei, e nas exóticas afirmações proféticas de Ellen White, e não trataram de alguns temas fundamentais.

Ofereço provas irrefutáveis no livro AConspiração Advenitista que erra quem pensa que o adventismo crê na trindade dos credos cristãos, isto é, a trindade bíblica. Até mesmo a maioria esmagadora dos adventistas não sabe disso. Um Mórmon também pode dizer que crê na trindade e citar a Bíblia. Mas a afirmação de concordância de um credo – o mesmo repetir seus conceitos, pode muito bem mostrar se a crença é a mesma ou não.

Hoje, posso traçar os fatos históricos do assunto Trinitarianismo e Adventismo, nas seguintes proposições, que são históricas – baseada em livros adventistas como o Em Busca de Identidade, A Trindade, Tratado de Teologia ASD e Questões Sobre Doutrina, e sites. A questão é definida assim:

1. Após 1844, o grupo decepcionado com a falsa profecia de W. Miller, foi liderado por pessoas que não acreditavam na doutrina da trindade. Thiago White, o marido da profetisa adventista, era claramente um opositor da doutrina, juntamente com outros pioneiros de peso, como o grande erudito J. N. Andrews que incluía a doutrina da trindade sendo um dos vinhos das prostituições da Babilônia – hoje a principal universidade adventista do mundo, tem seu nome em homenagem a esse grande pioneiro adventista.

2. Ambiente era de hostilidade à doutrina da Trindade dentro do Adventismo. Pessoas que passam a ser adventistas deixam o trinitarianismo. As afirmações eram muito agressivas contra a doutrina da trindade, a maioria dos fundadores rejeitava veementemente essa doutrina clássica.

3. Não se sabe se Ellen White era trinitariana ou ariana enquanto o marido estava vivo. Após a morte de Thiago White, ela se mostra mais ‘trinitária’, apesar de não usar jamais o termo “trindade” - e de fortes acusações de manipulação em traduções de seus livros, a ideia de que ela, especialmente após 1890, com a escrita do livro o Desejado de Todas as Nações, é considerada trinitariana por seus seguidores trinitários. Em algum momento de sua vida passou a ler obras de autores protestantes, isso pode ter influenciado, ou não. Era habito de Ellen White plagiar livros e dizer que havia recebido aquelas informações por revelações divinas.

4. Vários pioneiros antitrinitarianos morrem, novos adventistas advindos de outras denominações, bem como outros que não tiveram uma ‘sabatinação’ antitrinitariana, continuaram com as doutrinas tradicionais conhecidas. Em 1913 a palavra trindade aparece como sendo crença adventista, mas especialmente isso refletia a opinião do autor do artigo na Review and Herald, F. M. Wilcox. O trinitarianismo começou a ganhar força nos burgos adventistas desde a década de 30, quando um documento de crenças, refletindo a opinião do mesmo autor de 1913, e ele mesmo, foi escrito e foi impresso no anuário adventista. Mas não havia apoio formal, oficial.

5. O filho de Ellen White, Guilherme White, escreve uma carta afirmando duvidas quanto a crença na personalidade do Espírito Santo. E chega a dizer que não entendia muito o que a mãe queria dizer. E segundo ele, personalidade não implica necessariamente um ser pessoal. Ou seja, até 1937, existia um antitrinitariano de peso no contexto adventista (existiu até mesmo em 1968 um conhecido pregador antitrinitariano).

6. Em 1946, quase dez anos após a morte de Guilherme White, o último dos não trinitarianos de peso no contexto Adventista, a Associação Geral – ‘órgão’ de autoridade máxima da IASD - aprovou o documento escrito em 1930/1, como crenças oficiais.

7. Em 1955/56 os protestantes Donald Barnhaouse e Walter Martim, pesquisadores de seitas e movimentos heréticos, tiveram encontros com representantes adventistas, para várias entrevistas a respeito das crenças adventistas. O que resultou no polêmico livro Questões Sobre Doutrina. Os representantes adventistas afirmaram a crença na trindade, embora não possuíam muito conhecimento de alguns fatos, além de dissimuladamente, apresentarem informações não cândidas aos indagadores protestantes.

8. Em 1970 Rauol Dederen e em 1983, Fernando Canale, ensaiaram estudos, segundo informações, que a doutrina trinitariana dos credos malhavam em especulações filosóficas e não bíblicas.  Nesse período, julgo eu, o adventismo começa a trilhar novamente para o caminho não trinitário. Dederen acusa os credos de várias coisas, e teólogos adventistas colocam até mesmo heresias como parte de nossos Credos, especialmente o de Atanásio. Todos os Reformadores – incluindo Lutero, Calvino, e Armínio, e escritores cristãos do passado – como Agostinho, Tomás de Aquino, não tinham uma visão correta da trindade.

9. As visões de Ellen White passam a ser consultada para esse tema. E percebe-se que ela não foi tão ‘teológica’ na doutrina da trindade, quanto os Credos, que eles acusam de filosóficos e não bíblicos. Uma doutrina da trindade passa a ser produzida com exclusividade nas visões de Ellen White, e não dos Credos Cristãos. Que acusam de ensinar heresias.

10. Os pioneiros Adventistas arianos, agora tem um salvo conduto. Eles rejeitavam as doutrinas dos Credos, e como Ellen White ainda não tinha revelado a “trindade bíblica”, a crítica deles eram válidas pois os Credos é que são os culpados. Por isso, eles acabaram sendo ‘levados por Deus’, para o esgoto ariano, para que o Adventismo emergisse com um ensino exclusivo, produzido pela papisa Adventista [embora nem ela mesma saiba disso].

Esses são os fatos – essa não é a fé que de uma vez por todas foi entregue aos santos (Jd 3,4), nem teria como, os pioneiros adventistas arianos eram de Satanás... esses fatos, nenhum Adventista, pode negar.


segunda-feira, 24 de novembro de 2014

IPB: O Evangelista – um dom, um ofício ou um ministério?

INTRODUÇÃO

Esse estudo visa uma breve reflexão bíblica do assunto em pauta, tendo como foco a realidade dentro do contexto da Igreja Presbiteriana do Brasil.1 Espero com esse estudo ventilar uma base bíblica para os evangelistas na IPB.

Não farei uma exposição histórica de como o trabalho leigo dos evangelistas se desenvolveu na IPB (aliás, não tenho biblioteca para isso, o que necessitaria de um acesso aos arquivos e biblioteca do Instituto Bíblico Eduardo Lane). O foco será bíblico e prático, tendo como pano de fundo a vocação para evangelista, conforme compreendo ser, com base em alguns estudos.

1. Evangelismo

É obrigação de todos os servos de Deus, salvos, devem evangelizar. Isso está claro em toda a teologia do NT, e pressuposto no VT. Não precisamos demonstrar tantos textos bíblicos que confirmam essa verdade – especialmente I Pe 2.9,10 é saliente para o tema:

“Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; Vós, que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia.” 1 Pedro 2:9-10 – Almeida Corrigida Fiel.

A igreja, como geração eleita, existe com sua estrutura sacerdotal e real, uma verdadeira nação regida com as leis divinas, sendo propriedade de Deus, recebeu essas facetas para um objetivo claro em relação ao mundo – proclamar. É isso que está que o Espírito Santo disse no texto citado transcrito acima.

O Salmo 96 é um salmo que ecoa o clamor ‘evangelístico’, embora não sabemos como o povo de Deus no VT olhava ou cumpria esse salmo, o que certo está é o seu apelo:

“proclamai a sua salvação, dia após dia. Anunciai entre as nações a sua glória.” (Sl 96.2,3)

A respeito do que Jesus disse em João capítulo 15, de que ele escolheu os discípulos para darem frutos, M. J. Erickson afirma categoricamente:

“Se os discípulos realmente amassem o Senhor, cumpririam esse chamado para evangelização. Não se tratava de uma questão opcional para eles.” (Introdução à Teologia Sistemática, p. 446).

O livro de Atos, inteiro, é uma prova que a Igreja deve ser evangelizadora, sob qualquer custo, e a todo custo, gastar e ser gasta na salvação dos perdidos, para a glória de Deus. Diante da realidade evangelística no livro de Atos, o Missionário Ronaldo Lidório afirmou:

“No livro de Atos, o Espírito Santo dá grande destaque na expansão à igreja. Esta, mesmo sofrendo perseguições, dificuldades financeiras, crises políticas e falta de obreiros preparados, expandia do evangelho a custo de suor, sacrifícios e vida.” (citado em Plante Igrejas, p. 17).

A igreja jamais existiu para vivar ensimesmada. Ela foi formada por Deus para proclamar junto ao Espírito a todos a irem a Cristo e serem salvos (Rm 10.9,10; Ap 22. 17). Que fique claro que todos os membros da igreja devem participar, espera-se muito mais de seus líderes, pastores, presbíteros, diáconos, que tenham um interesse voluntário nesse trabalho bendito. Apesar disso, percebemos na Bíblia que além da obrigação, existem vários que possuem uma capacidade maior, um desdobramento na evangelização com mais efetividade e constância. Seria isso um dom?

2. Existe o dom de evangelista?

O que é um dom?  

“ [...] é uma capacidade espiritual manifesta na vida do crente, e assim na Igreja, com finalidade de dinamizá-la, no que diz respeito à sua adoração (culto), evangelização (cumprimento missiológico) [...]” (Novo Dicionário da Bíblia, p. 361).

“[...] um dom espiritual é uma capacidade de certa forma para expressar, celebrar, expor e, portanto, transmitir Cristo.” (Teologia Concisa, p. 210).

Existem categorias de dons. Aqueles que são chamados dons extraordinários, e os dons de serviço. Interessante, que a Bíblia diz em Efésios 4.11:

“E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores,” Efésios 4:11 – Almeida Corrigida Fiel

Percebe-se aí a inclusão de um dom aos homens, ou em homens (como sugere alguns exegetas, o que pode ser visto na tradução), classificado como “evangelistas”. Pois bem, como podemos olhar esse dom? O que é o “evangelista”? Vejamos apenas alguns comentários:

“alguém que proclama as boas novas, evangelista. Um evangelista era a pessoa que pregava o evangelho recebido dos apóstolos. Ele era, particularmente, um missionário que levava o evangelho a novas regiões [...]” (Chave Linguistica do Novo Testamento Grego, p. 393).

“Se outras pessoas com dons ajudavam a igreja a crescer pela edificação, os evangelistas ajudavam no crescimento numérico. Como objetivo mencionado no v. 12 é “preparar os santos para a obra do ministério”, podemos tomar por certo que os evangelistas, entre seus vários ministérios, ajudavam outros cristãos no testemunho.” (Bíblia de Estudo NVI, p. 2023).

“evangelistas. Os homens que proclamam as boas-novas da salvação em Jesus Cristo para os incrédulos.” (Bíblia de Estudo MacArthur, p. 1606).

“Um evangelista é alguém que tem a capacidade especial para comunicar o evangelho da salvação por intermédio de Jesus Cristo [...] são, em especial, chamados para esse ministério.” (Fundamentos da Fé Cristã, p.530).

“Evangelistas, Ef 4.11 – é a capacidade que o Espírito Santo dá a alguns, a fim de que o evangelho seja compartilhado com facilidade, fazendo de incrédulos verdadeiros discípulos de Cristo.” (Novo Dicionário da Bíblia, John Davis, p. 362).

3. Esse dom cessou?

Não é propósito aqui entrarmos no debate continuísta e cessacionista. Porém, tomando por certo que posição cessacionista é a bíblica, como destaca a Confissão de Fé de Westminster quando a mesma diz que “tendo cessado aqueles antigos modos de Deus revelar a sua vontade ao seu povo”(CFW Cap. I.1), estaria o dom de evangelista enquadrado dentro da categoria de dons “revelacionais”? As opiniões estão divididas.

Antes de entrar nelas, farei um apelo conciliar. Ambos os grupos – os que incluem o fim do dom de evangelista, bem como os que o encaram como dom não revelacional, não estão concordando com a indiferença para com a evangelização. Assim, sendo dom ou não, como já vimos, é uma obrigação cristã o envolvimento com a evangelização. E isso, todos os Reformados concordam.
Os teólogos reformados Franklin Ferreira e Alan Myatt mostram que o dom de evangelista, como um dos estão na lista dos dons que cessaram, segundo a posição cessacionista:

“Os dons extraordinários, também chamados dons de revelação ou de expressão verbal, cessaram. São eles: apóstolos, profetas e palavra de sabedoria e de conhecimento (1 Co 12.8) evangelistas, discernimento de espíritos [...]” (Teologia Sistemática, p. 857[grifo meu]).

Louis Berkhof, também qualifica dizendo que evangelista era um ‘Ofício Extraordinário’, juntamente com apóstolos e profetas. Pela qualificação, ele defende, que tal (dom) ofício, cessou. Escreveu ele:

“Ao que parece, sua obra era mais geral e algo superior à dos ministros regulares” (Teologia Sistemática, p. 538).

É comum entre os Reformados a lista de dons do texto de Ef 4.11 denota dons ministeriais, e que os dons de ofícios de apóstolos e profetas, tal como foram desenvolvidos no NT, cessaram obviamente. Mas mesmo tendo as citações acima, o dom de evangelista, assim como o pastor-mestre, continuam, segundo outros.

Parece-me que a posição de que o “evangelista e o pastor-doutor”, substituíram os dois primeiros que cessaram, é a melhor resposta. Tal conceito não viola a temática do texto. John MacArthur  parece indicar isso:

“Esses dois ofícios [apóstolo e profeta] foram substituídos pelos de evangelista e pastor-mestre.” (Bíblia de Estudo MacArthur, p. 1606).

A) O apóstolo é o enviado – o próprio termo apóstolo significa “enviado” (Dicionário Vine, p. 407), mas para lançar bases da Igreja Cristã. O mesmo viu o Senhor. O evangelista é igualmente enviado, mas ele não lança base, constrói em cima das bases já lançadas pelos apóstolos.

B) O profeta exorta o povo com mensagens reveladas diretamente por Deus (em suas várias facetas; visões, pronunciamento audíveis, sonhos, etc.). O “pastor-doutor” igualmente exorta o povo com as mensagens dos profetas, que estão escritas.

Com essas reflexões, percebemos que apóstolos e profetas, eram dons/ofícios extraordinários, o de evangelista e pastor-doutor, não. Veja que os dois primeiros ofícios/dons são a ‘base’ da Igreja de Cristo, lançaram os fundamentos, que por natureza, não pode ser repetido. Fundamento só existe um:

“Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina;” Efésios 2:20 – Almeida Corrigida Fiel.

Os comentaristas da Bíblia de Estudo de Genebra parecem favorecer a continuidade do dom de evangelista:

evangelistas. Pessoas (em qualquer época) particularmente talentosa na tarefa de expandir o rebanho de Deus (At 21.8; 1 Co 1.17; 2 Tm 4.5).” (Bíblia de Estudo de Genebra, p. 1573[itálico acrescentado]).

Da mesma linha é James M. Boice, ao mesmo tempo que sustenta que  os dons de apóstolos e profetas, em seu sentido técnico, tenham cessados (Fundamentos da Fé Cristã, p. 530). J. M. Boice destaca que o evangelista, embora tenha necessidade de conhecer bem a verdade bíblica, ele não é altamente letrado, e geralmente, segundo testemunha Boice, tal dom é visto mais entre leigos do que em Teólogos.

Portanto, “evangelista” é um dom de ministério, e por definição e natureza, não é revelacional, por isso, ele continua. Embora no tempo bíblico tanto evangelistas, como o “pastor-doutor”, possuíam os dons revelacionais e de maravilhas, por certo, hoje usufruímos dos dons de ambas as categorias hoje na igreja. O primeiro evangelista - edifica em números, o segundo, “pastor-mestre” edifica no ensino. “Obvio”, espera-se do evangelista ensinar bem, e do pastor-doutor que evangelize, tal como se espera de todo cristão.

De certa forma, o trabalho de um é complemento do outro:

“Conjuro-te, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino, Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério.” 2 Timóteo 4:1-5 Almeida Corrigida Fiel

4. O que é o evangelista em seu escopo eclesiástico?

O evangelista define-se por uma capacidade dada por Deus para se envolver mais na evangelização, porém, não há na Escritura um ofício que possa ser classificado como tal. Bom lembrar que nem mesmo de “pastor-doutor”. Ofícios na Bíblia são, tão somente, os de presbíteros e de diáconos, com reconhecimento de um Concílio e imposição de mãos para investidura de poderes. O uso comum leva as pessoas chamarem o Presbítero mais envolvido na instrução de “pastor” – mas isso é dom, e biblicamente falando, ele é presbítero – chama-lo de Pastor é uma concessão convencional de uso comum. O mesmo é o caso com “evangelista”, se for o caso de tratá-lo como “evangelista”.

Olhando mais atentamente como o termo aparece na Bíblia, a classificação de ministério parece-me ser esse o conceito bíblico, já que a bíblia diz que há “vários ministérios”(I Co 12. 5; Rm 12.7 ):

Ministério. Este termo é usado na linguagem cristã, tanto em um sentido mais amplo, como mais estrito. Em seu sentido mais amplo refere-se ao serviço prestado por qualquer pessoa a Deus ou a seu povo. Em seu uso estrito, denota o serviço, reconhecido oficialmente, de determinadas pessoas, devidamente designadas para isso (geralmente por meio de ordenação formal) pelas igrejas.” (Novo Dicionário de Teologia, p. 678).

Sendo que a palavra significa “serviço”. Isto é, esse tipo de “serviço” aparece na Bíblia de forma natural, e não raro no ambiente leigo da igreja. O evangelista, segundo a Escritura, não é um ofício. Nenhuma ordenação, mas um reconhecimento comum da igreja local de que, por causa de uma habilidade concedida por Deus – isto é, vocação; existem os “evangelistas”. Um exemplo bíblico lançará luz adicional sobre esse assunto.

5. ‘Um’ Evangelista na Bíblia

O único que recebe, por assim dizer, o ‘título’ de Evangelista na Escritura é o Diácono Filipe – a Bíblia diz que ele era um dos sete em Atos 21.8, sendo a referência a Atos 6.3, sendo assim, ele era oficial da igreja primitiva (I Tm 3.8-13). A Bíblia revela que ele era cheio do Espírito Santo (At 6.3,5), o que se espera de todo diácono. Em Atos 8 temos registradas as atividades desse Evangelista, atividades. Ele é o primeiro cristão a pregar em Samaria, cumprindo o Ide dado por  Cristo antes de subir ao Céu (At 1.8). Jesus iniciou a obra entre os Samaritanos (Jo 4.1-42). Deus operou grandes sinais em Samaria, onde Filipe pregou e batizou. Nesse período, não existia ainda nenhuma norma para realizar o batismo, mas pelo ofício e madureza de Filipe, ele realizava o batismo em nome do Senhor Jesus (At 8.12). Ele também pregou ao Eunuco que estava a caminho de Jerusalém (At 8.27), e foi ‘arrebatado’ miraculosamente para outro lugar (At 8.39). Sua hospitalidade pode ser vista ao receber os apóstolos, e suas filhas eram profetisas (At 21.8,9). Ao ser chamado de ““o evangelista” em Atos 21.8 indica claramente que bem mais tarde em sua vida ainda era amplamente reconhecido por seu zelo missionário.” (Quem é Quem na Bíblia Sagrada, p 228).

6. O que se espera dos evangelistas?

Nesse último ponto, iremos ver uma orientação bíblica para os evangelistas, obviamente essa orientação destina-se a todos os crentes, mas de forma mais saliente deve ser vista na vida do evangelista. Como vimos, na disposição da IPB existe um reconhecimento de que existem um grupo qualificado onde o termo “obreiro-evangelista” seria uma expressão que identifica os tais. Porém, como notamos na Escritura, isso não é ofício, sendo ou não integrante desse grupo formalmente reconhecido, e como é um dom e um serviço, existem vários evangelistas nas várias facetas da igreja local, e até entre os oficiais, como foi o caso do diácono Filipe.

A)    O evangelista deve conhecer o que leva – o Evangelho: “E, respondendo o eunuco a Filipe, disse: Rogo-te, de quem diz isto o profeta? De si mesmo, ou de algum outro? Então Filipe, abrindo a sua boca, e começando nesta Escritura, lhe anunciou a Jesus.” Atos 8:34-35
B)    O evangelista deve ser submisso ao seu Concílio: “E creu até o próprio Simão; e, sendo batizado, ficou de contínuo com Filipe; e, vendo os sinais e as grandes maravilhas que se faziam, estava atônito. Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João.” Atos 8:13-14
C)     O evangelista deve ser sensível às orientações do Espírito Santo: “E o anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te, e vai para o lado do sul, ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserta [...]E disse o Espírito a Filipe: Chega-te, e ajunta-te a esse carro.” Atos 8:26,29
D)    O evangelista prioriza o trabalho em todo momento e lugar: “E, descendo Filipe à cidade de Samaria lhes pregava a Cristo [...] E o anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te, e vai para o lado do sul, ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserta [...] E Filipe se achou em Azoto e, indo passando, anunciava o evangelho em todas as cidades, até que chegou a Cesaréia.” Atos 8:5, 26,40.
E)    O evangelista é um dom para a edificação da igreja, não para si mesmo: “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo;” Efésios 4:11-12
F)    O evangelista deve cuidar da espiritualidade da sua família: “E no dia seguinte, partindo dali Paulo, e nós que com ele estávamos, chegamos a Cesaréia; e, entrando em casa de Filipe, o evangelista, que era um dos sete, ficamos com ele. E tinha este quatro filhas virgens, que profetizavam.” Atos 21:8-9.
G)    O evangelista deve pregar a Palavra sob o poder do Espírito Santo: E, descendo Filipe à cidade de Samaria lhes pregava a Cristo. E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia; Pois que os espíritos imundos saíam de muitos que os tinham, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos eram curados. E havia grande alegria naquela cidade.” Atos 8:5-8 [Citações da Almeida Fiel]

Conclusão
Essa breve reflexão bíblica a respeito do Evangelista na Escritura, com as devidas adaptações conciliares e contextuais, nos mostra que o trabalho do “obreiro-evangelista” surgiu de uma iniciativa do Espírito Santo para edificação do Reino. Tanto leigos, como oficiais, teólogos, ou pastores, podem ter tal dom, e juntamente com suas atividades e desenvolver esse serviço necessário. Por causa de uma organização eclesiástica existem outros que acabam se dedicando a esse trabalho como seu ministério pessoal e vocacionado, procurando glorificar a Deus nas várias facetas que o Senhor proporcionou no Reino de Cristo.
                               
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Nota
1. No caso especifico da IPB, o treinamento de evangelistas contempla um trabalho desbravador, não raro em locais onde há uma igreja ainda nascente, ou em campos missionários, sob a supervisão de um Concílio (Conselho ou Presbitério) ou Junta Missionária. Ou mesmo, um trabalho em igreja local, já organizada, em uma área onde há uma necessidade de supervisão mais qualificada, e que o Pastor local não tem tempo para tais demandas. O envio de tais pessoas aos Institutos Bíblicos, segue um padrão de seminário onde o mesmo recebe uma introdução básica da maioria dos assuntos que recebe o seminário. Assim como as Congregações, sob os cuidados de um presbitério, conselho e Junta Missionária (tendo amparo conciliar do Supremo Concílio), que não possuem diretrizes na Constituição da IPB, e estão sob a ‘jurisprudência’ dos Concílios já mencionados, os evangelistas também não tem seu trabalho contemplado na CI da Igreja Presbiteriana. Mas assim como as Congregações, estão sob a responsabilidade direta de Concílios locais.

Na Igreja Presbiteriana do Brasil um dos Institutos mais conhecidos é o IBEL – Instituto Bíblico Eduardo Lane. Com mais de 80 anos de experiência em preparar evangelistas, missionários (as), e muitos com o tempo tornam-se pastores, após um preparo posterior no Seminário. O IBEL, com sua fidelidade Confessional, é um exemplo para todos os Seminários da IPB – assim o são para ele os seminários fieis, louvamos a Deus por ter usado diretores, professores e funcionários que ali estão para manterem a pureza Confessional – ainda que seja comum existir nuanças nesse assunto no decorrer da história. Não há no IBEL nenhuma recomendação de leitura de fontes liberais. Todos seus professores, assim como em qualquer seminário da IPB, são qualificados, na vida, no ministério e na vida acadêmica. Uma marca importante no IBEL é que os alunos não recebem seu Diploma se não realizarem a leitura integral da Bíblia três vezes.