segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Os Presbiterianos Brasileiros e o desafio Islâmico - o que está sendo feito?

"Nos locais onde há maior concentração de muçulmanos não é incomum encontrar algum trabalho evangelístico de alguma igreja local visando ganhar muçulmanos. Há, inclusive, algumas igrejas evangélicas árabes no Brasil, que visam acolher os muçulmanos dentro de sua própria cultura. Quanto a isso, não me cabe dizer se é ou não uma boa alternativa, mas o fato é que não se vê trabalhos denominacionais que visam ganhar os muçulmanos e inseri-los em nosso meio como irmãos como qualquer outro, pelo menos não no meio presbiteriano.

Isso fica evidente quando observamos a ínfima quantidade de referências que as igrejas presbiterianas (IPB, IPIB e IPRB) fazem aos muçulmanos. Já é muito sabido e evidente que as igrejas estão pouco interessadas em missões, que parece ser muito mais interessante que as igrejas locais possuam templos lindos e confortáveis ao invés de pessoas interessadas em melhorar o mundo à sua volta por meio do Evangelho. Isso pode ser notado usando os portais de cada uma das três principais denominações presbiterianas para averiguarmos o que o presbiterianismo brasileiro tem feito para alcançar os muçulmanos.

No dia 28 de setembro de 2014, fiz uma busca no site oficial de cada uma das três maiores denominações presbiterianas no Brasil. Usando alguns termos de pesquisa no Google, pude descobrir, sem erros, quantas referências cada denominação fez aos muçulmanos. A pesquisa alcançou toda informação online que esteja disponível no site de cada denominação, e os resultados foram lastimáveis e decepcionantes. A pesquisa foi feita da seguinte forma:

•          Usou-se o comando “site” e foi especificado a página da igreja a ser analisada. Em seguida, foram inseridos os termos “islam”, “islamismo”, “muçulmano”, “muçulmanos” e “islã”, sendo separados pelo termo OR, que indica que a busca deve apresentar a ocorrência de qualquer uma dessas palavras no site dado. Na prática, a busca foi feita assim:
•          site: http://www.ipb.org.br/ "islam" OR "islamismo" OR "muçulmano" OR "muçulmanos" OR "islã"
Os resultados foram os seguintes:

1 - Igreja Presbiteriana do Brasil

•          Referências encontradas: 12
Sobre o que eram essas referências?
            a) oração por alguém em campo, fazendo uma leve referência aos termos.
            b) alguma notícia (referência sucinta)
            c) menção de algum dos termos, mas sem que o texto haja alguma relação ao assunto em si.

2 -  Igreja Presbiteriana Renovada do Brasil

·         Referências encontradas: 4
Sobre o que eram essas referências?
            Todas as 4 referências mencionavam algum dos termos, sem que o texto tratasse do assunto em si.

3 – Igreja Presbiteriana Independente do Brasil

·         Referências encontradas: 10
            a) houve um texto/artigo específico sobre o desafio islâmico (http://www.ipib.org/o-estandarte-online/244-alvorada-o-desafio-do-islamismo)
            b) houve um pedido de oração específico por Muçulmanos e/ou missões
            c) menção de algum dos termos, mas sem que o texto haja alguma relação ao assunto em si.
            d) oração por alguém em campo (leve menção)

Curiosamente, quando efetuamos a mesma busca, mas trocando os termos para “dinheiro”, “dízimo” ou “oferta”, encontramos 150 referências na IPB, 77 na IPIB e 67 na IPRB.  Se procurarmos por “missões”, encontramos 439 resultados na IPB, 184 na IPIB e 190 na IPRB. Isso pode indicar que as igrejas presbiterianas ainda não consideram o desafio islâmico tão importante quanto falar sobre finança, mas também revelam que, mesmo quando falam de missões, praticamente não falam sobre o islamismo.

*Duas exceções no caso da IPB podem ser mencionadas. Em uma lição de uma revista para Escola Dominical, a Editora Cultura Cristã abordou a questão Islã (AQUI). Além disso, em uma palestra, o Seminário Presbiteriano José Manoel da Conceição proporcionou o tema (AQUI), onde palestrante apresentou informações a respeito. Essas atitudes, apesar de serem louváveis, estão distantes de qualquer envolvimento efetivo.

Considerações importantes sobre Muçulmanos no Brasil e em outros países ocidentais

a) Geralmente, os Muçulmanos deixam seus países de origem em busca de uma melhor qualidade de vida no Ocidente

Isso quer dizer que, como, em via de regra, para muitos, as condições em seus países Muçulmanos não é tão boa, muitos Muçulmanos deixam seus países para migrar para outros países que possibilitem uma melhor qualidade de vida para si e para sua família.
É o mesmo que acontece com brasileiros que migram para os EUA, Canadá, Austrália ou países europeus em busca de melhores trabalhos, salários e qualidade de vida.
Esses Muçulmanos que migram em busca de uma nova vida carregam em sua bagagem sua cultura e teologia. Alguns se esfriam da fé, outros se convertem a uma nova fé e outros se tornam ainda mais devotos de sua fé islâmica.

b) Comumente os Muçulmanos têm muitos filhos

Embora para a grande maioria dos ocidentais seja quase impensável ter 3 ou 4 filhos, para a maioria dos Muçulmanos isso é algo normal e natural. Eles realmente acreditam e entendem que é uma bênção divina ter muitos filhos. As mulheres se sentem, em via de regra, realizadas por serem férteis e gerar uma grande família.

Por outro lado, nós, ocidentais, temos poucos filhos. Se todo casal tiver apenas 1 filho, a população, após alguns anos, se reduziria sobremaneira, afinal, para que uma população cresça é necessário que cada casal (duas pessoas) produza pelo menos outras duas pessoas.

Em curto prazo isso é algo quase irrelevante, porém, em países onde há migração em massa de Muçulmanos os problemas já começam a se apresentar entre as culturas, pois áreas historicamente cristãs ou laicas estão se tornam islâmicas. A reprodução é, querendo ou não, uma forma de crescimento religioso superefetiva.

c) Alguns Muçulmanos se sentem revoltados ao ver a imoralidade de outras culturas
A esse respeito, não me refiro, necessariamente, às imoralidades já bem sabidas da igreja brasileira

O fato é que os Muçulmanos possuem padrões morais diferentes. Além disso, o Islamismo não é apenas uma religião, mas um sistema político. A fé islâmica não só pode, mas deve, necessariamente, comandar a política e os costumes da nação. Já no ocidente, não há imposição religiosa sobre os costumes políticos e sociais.

Quando um Muçulmano se muda para o ocidente, ele provavelmente estranhará as roupas e costumes das mulheres, mas também notará como a cultura, marketing e boa parte do entretenimento está diretamente (ou indiretamente) relacionado ao sexo e à sensualidade. Essas disparidades culturais são marcantes e se tornam motivo de escândalo para o Muçulmano, pois eles acreditam que a liberdade política e cultural que aqui há é resultado direto do Cristianismo. Se no Islamismo não há separação entre o Estado (governo político) e a religião, então eles subentedem que no Cristianismo o Estado também é dirigido pela Igreja, de modo que a imoralidade que os revolta (e que também revolta a nós) é consequência direta dos costumes Cristãos.

d) Muitos Muçulmanos não são tão religiosos quanto supomos (exceto por alguns dissimuladores), sendo que boa parte até recebe muito bem o Evangelho quando o ouvem
Muitas vezes, por os Cristãos acreditarem em estereótipos e imaginarem que todo Muçulmano é terrorista, fanático ou fundamentalista (o que está longe de ser a verdade), acabam deixando de se aproximar e de pregar/testemunhar o Evangelho a essas pessoas.
Quem assim pensa está redondamente enganado: pregue o Evangelho.

e) Alguns Muçulmanos podem, devido a todo esse contexto, se tornar mais hostis e devotos à sua fé original

É claro que se hostil não é próprio dos Muçulmanos. Infelizmente, há muito Cristão intolerante e de caráter tão duro que é melhor se manter à distância. Todavia, é importante haver cuidado para não julgar de forma precipitada a hostilidade de algum Muçulmano diante do Evangelho. Ele pode estar confundindo alguma coisa. Mas, independentemente das razões, devemos ter sempre em mente o Evangelho:

“Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos. Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim?” (Mateus 5:44-47).

O que nos falta?

Aos presbiterianos, falta um projeto focado exclusivamente no evangelismo de muçulmanos, providenciando treinamento e experiências adequados, interessado em monitorar o crescimento do islamismo e em suas atividades missionárias, deixando de lado os métodos mais populares para inflar igrejas e se apegando firmemente à novidade de vida em Jesus, à liberdade que se deve ter com o Senhor, aos símbolos tão defendidos pelas confissões de fé reformadas. O Brasil tem, sim, uma grande maioria cristã, mas essa grande maioria é uma massa sem cor e sem forma, totalmente bagunçada e sem identidade.

O foco não pode ser, JAMAIS, a conversão simplesmente para dizer que somos maioria, mas sim a conversão real, que produz frutos e que não pode ser condenada por ninguém. Evangelizar um muçulmano para que esse, após sua “conversão”, se torne ainda mais cego em meio a tantas heresias e modismos evangélicos é tirar a fogueira de um lugar e levá-la para outro. Os presbiterianianos, se realmente têm algo melhor a oferecer, devem fazê-lo com esmero e sabedoria. Não podemos ignorar que o islamismo é a segunda maior religião do mundo e que há mais muçulmanos no mundo do que cristãos genuínos.

O desafio islâmico não é um desafio do diabo. Pelo contrário, é mais uma oportunidade do que um desafio. Hoje, infelizmente, é muito difícil entrar em um país islâmico para evangelizar alguns, porém, é extremamente fácil alcançar muçulmanos que moram em nossa cidade. Já dizia o provérbio que se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé; então, adaptemos e entendamos melhor as oportunidades que Deus nos dá e vejamos que se a Igreja não leva Jesus ao mundo, o mundo vem para próximo de Jesus, pois Jesus a tudo atrai. Cabe a nós, agora, tirarmos todos os enfeites que são colocados em Jesus dentro do islamismo, que tanto o maqueia, e retirarmos os ventos de doutrina que certos segmentos evangélicos divulgam, e apresentarmos o Evangelho puro e simples aos adeptos dessa religião que tanto carece de conhecer a Verdade que liberta."


Autor: Wesley Nazeazeno, colaborador do Blog MCA.

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