segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Respondendo as perguntas adventistas sobre a imortalidade da alma de Azenilto Brito postada por Leandro Quadros – Parte 1

O apresentador do programa na Mira da Verdade, da TV adventista Novo Tempo, Leandro Quadros, postou em seu blog (http://leandroquadros.com.br/30-perguntas-aos-que-creem-na-imortalidade-da-alma/) trinta perguntas do conhecido professor Azenilto Brito, ardoroso apologista adventista. 

Nessa postagem, Leandro Quadros bem entusiasmado, convida os leitores a lerem o “rico material” preparado por Brito. Pelo pouco que conheço deles, tais perguntas podem ser considerados argumentos representativos dos adventistas nesse assunto. Não seriam perguntas gratuitas de adventistas individuais, podemos dizer que tais perguntas são perguntas adventistas. Minhas respostas será uma série de postagens, pois de fato são muitas perguntas, sendo que algumas são muito complexas – o que envolverá uma pesquisar maior, outras, porém, são as mesmas perguntas já respondidas pelos cristãos... Mas, todas serão respondidas.

Boa leitura, e que o Espírito Santo nos Ilumine (Jo 16.7-14).

Introdução

Em um primeiro momento, a postagem apresenta seis alicerces que serão norteadores para as perguntas que serão apresentadas. Sem nenhuma razão ponderada e biblicamente abalizada, eles dizem que esses são os alicerces a respeito do assunto em pauta. Essa já a primeira falha deles – inferem uma dedução, como que se fosse mesmo esses alicerces para tal assunto. Veja os alicerces –

1º alicerce: Gênesis 2:7 apresenta a ‘montagem’ ou criação do homem, SÓ de dois elementos —“pó da terra” + “fôlego de vida”. Assim, o homem se faz “alma vivente”. Não é dito que o homem TEM alma (imortal) e sim que É alma (vivente). Na formação do homem não ENTRA nenhuma “alma imortal”.
2º alicerce: Na ‘desmontagem’ do homem (morte), como tratado por Salomão em Ecl. 12:7, o pó volta à terra, como era, e o espírito-ruach (fôlego vital) volta para Deus que o deu. O texto fala tanto do pó quanto do espírito-‘ruach’ de TODOS os homens (não só dos salvos). Na morte do homem não consta que SAI qualquer “alma imortal”.
3º alicerce: Davi usa linguagem semelhante à de Salomão em Ecl. 12:7 no Sal. 104:25-29 falando da morte DOS ANIMAIS: Deus remove a respiração-ruach, e esses ANIMAIS voltam ao pó.
4º alicerce: Temos então Salomão em Ecl. 3:19-21 falando didaticamente sobre como a sorte de homens e animais é idêntica na morte. “Assim como morre um, morre o outro” porque tanto homens como animais “têm o mesmo fôlego de vida-ruach”.
5º alicerce: Davi prossegue dizendo que na morte não há a mínima consciência—Sal. 146:3, 4; pois os mortos “não louvam ao Senhor” nem os que “descem ao silêncio” (um paralelo muito instrutivo—Sal. 6:5, 115:17), sendo que a sua própria morte representaria para ele a não-existência (Sal. 39:13).
6º alicerce: E no antiquíssimo livro de Jó, aquele Patriarca confirma como a morte é a inexistência em termos bem claros: Jó 7:21, 14:7-14. E ele ainda fala de quando se encontraria com o seu Redentor—não quando morresse e fosse de imediato para o céu com sua alma, mas sim quando Ele Se levantasse sobre a Terra, e O veria com o seu próprio corpo renovado: Jó 19:25-27.

O erro gritante desses alicerces é a ausência total de leitura do Novo Testamento que trata do assunto. Nenhuma doutrina bíblica para os cristãos pode desconsiderar a revelação progressiva e plena contida no Novo Testamento! Os adventistas vivem em erro com respeito ao sábado e doutrinas alimentícias, exatamente por desconsiderar a leitura pura da revelação neotestamentária. Minha colocação não tem nada com dispensacionalismo, por favor! Todos sabemos disso. É princípio básico da hermenêutica cristã e da teologia bíblica. A revelação progressiva consiste em ser acumulativa. E qualquer diferença trata de progresso e não de contradição, o que tenta fazer alguns. Podemos dizer que o Velho Testamento trata da imortalidade da alma como algo ‘latente’, que no tempo do NT se tornou patente. Se no VT algo era um sussurro, no NT foi um grito. Isso, em toda e qualquer doutrina bíblica deve ser considerado.

Por que então esses alicerces adventistas desconsideram o NT? É porque o NT é o maior problema para a interpretação adventista a respeito da alma – e na verdade, a respeito de quase todas as suas doutrinas distintivas. Esses seis alicerces se tornam uma camisa de força hermenêutica na mentalidade do adventista, quando desconsideram o NT como revelação acumulativa. Vamos a esses alicerces. Mencionarei o número aí você consulta acima a descrição do mesmo (nessa postagem trato apenas do primeiro e segundo):

“1º Alicerce” - Resposta: A montagem do homem no texto de Gn 2.7 fala de sua constituição, como uma unidade; corpo + fôlego = alma. Mas será que o texto é uma explanação exaustiva da constituição humana em sua espiritualidade e plenitude? Claro que não! Para sabermos o que é, e a diferença da alma vivente “Homem e Mulher” da alma vivente “Animais”, devemos recorrer às demais revelações na Bíblia. 

Um texto não exclui possibilidades de acréscimos, em especial se ele for enxuto na sua exposição, e ainda mais, se termos outros trechos que devem ser considerados. No texto de Gn 2.7 não diz que os seres humanos são a imagem de Deus, nem que receberam uma missão cultural e nem que gerenciariam o mundo (Gn 1.27-30). A leitura de Gn 2.7 nos garante que o homem é uma alma vivente, mas não é uma negativa de que por ser alma ele não possa ter uma alma imortal! Isso nem mesmo é uma contradição! Para piorar, o argumento pueril adventista; o sentido em que o termo alma é usado em Gn 2.7 é difere de algumas outras passagens bíblicas, como veremos. Aquilo que ele é, no caso que defendemos, é diferente daquilo que ele têm. Assim, nem na construção do argumento, nem na suas implicações, “ser uma alma” é de fato uma negativa de “ter uma alma”.

“2º Alicerce” – Resposta: Esse argumento da desmontagem é pobre de teologia bíblica. Desconsidera tudo com base em uma afirmação – não em um negação. Usa uma camisa de força hermenêutica, erroneamente pressuposta do texto de Ec 12.7. Primeiro, que o termo “espírito” não significa apenas “fôlego”. O adventista toma isso por certo e em especial para esse texto. Uma consulta, porém, na Bíblia e em dicionários linguísticos, fica provado que não é assim. A Bíblia fala que Deus, anjos e demônios são espíritos. Eles são então apenas “fôlego”? Obvio que não. Portanto, a etimologia da palavra hebraica “ruash” não deve ser restrita a apenas um sentido. 

Daí, vamos ao texto de Ec 12.7 com as duas hipóteses, antes de ver quais das duas é a verdade – se resiste a testes: 

1. Na interpretação adventista, o espírito que volta a Deus foi o sopro que Deus insuflou em cada pessoa para ela viver. 
2. Na interpretação cristã é a parte imaterial que volta a Deus para ser por ele guardado até o ultimo dia. 

Qual das duas está em harmonia com a o ensino bíblico? 

O Contexto: a argumentação do autor de Eclesiastes no contexto (11.9-12.8) é demonstrar que essa vida é passageira, e que a juventude terminará, mas que tudo que fazemos Deus pedirá conta – 11.9 (compare com 12.13). O que sobrará de nós diante de Deus, após a morte? O espírito voltará a Deus! Se por espírito entendermos como entende o adventista, apenas como um ‘fôlego’, não haverá sentido algum o argumento desenvolvido pelo Pregador. Agora, lendo corretamente junto com a interpretação reformada, entendemos toda a escatologia individual (Lc 16.19-31; 23.43, etc) - em começar a prestar conta de nossos atos.


O autor adventista diz também que não apenas dos salvos, mas de todos - tal espírito volta a Deus. E quem é que disse que não? O voltar a Deus no contexto de Eclesiastes significa sair desse mundo material (debaixo do sol) e ir para o transcendental.  A Bíblia revela em outras partes que esse voltar a Deus é estar sob seu juízo ou cuidado, até a ressurreição e juízo final.

Continua...

sábado, 28 de janeiro de 2017

A expiação limitada e I João 2.2

Arminianos limitam a eficácia da expiação, tornando-a passiva à vontade daqueles que foram objetos de sua contemplação. Obviamente que para eles, isso não é uma limitação, antes, segundo eles, é assim que ela é gerenciada.

Calvinistas limitam a extensão da expiação, tornando-a ativa àqueles que foram objetos de sua contemplação. Obviamente, não há para esses uma desqualificação da mesma, visto que ela é assim gerenciada.

Os universalistas são os únicos que de fato não limitam a expiação, nem em sua eficácia e nem em sua extensão.

Temos diante dessas proposições, algumas alternativas:

1 - Cristo morreu por todos que estarão no inferno e por todos que estarão no céu.
2 - Cristo morreu por ninguém que estará no inferno e por todos que estarão no céu.
3 - Cristo morreu por todos (por cada pessoa) e assim ninguém passará a eternidade no inferno por isso que todos irão para o céu.

Podemos dizer, até de uma maneira reducionista, que os Universalistas são a mistura de arminianos e calvinistas. Creio que a posição calvinista tem mais apoio bíblico* e teológico que o arminianismo.  Quanto aos universalistas, é um equívoco flagrante.

Um dos textos bíblicos mais usados pelos arminianos, porém, para defender a extensão da expiação por eles defendida, é I João 2.2, que diz:

“E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.

O termo propiciação significa

“aquilo que aplaca a ira e traz a reconciliação com alguém que tem razões de estar irado com outra pessoa” (Bíblia Palavras-Chaves; Dicionário Grego do Novo Testamento, James Strong – verbete 2434).

Na verdade, o debate em torno de I Jo 2.2 não deveria ser apenas o significado do termo “mundo”, se é extensão numérica, qualificação genérica ou amplitude universal, mas também, o que se entende pelo termo “propiciação”, deveria nortear mais o debate hermenêutico. Precisamos, diante disso, compreender o significado do termo mundo usado por João em sua carta, visto que o mundo ali já é alvo da ira do desagrado de Deus (Rm 1.18), tendo em vista o sentido do termo “propiciar”. Em grego “propiciação” em I Jo 2.2 é um substantivo (O Novo Testamento Grego Análitico, p. 721). E também, o verbo “ser”, está no presente, em plena ação – isto é: “Ele [Jesus Cristo] ESTÁ SENDO a Propiciação”. Isso revela um serviço de mediador e redentor, atuante, em favor dos que vão sendo salvos – graças a Deus!!!

Em primeiro lugar, não creio (mais) que João, nesse texto, estaria usando o termo “mundo” em contraste com os judeus. Ou seja, judeus/cristãos de um lado, e do outro gentios/mundo. Na época que ele escreveu essa carta, por volta do ano 85-90 d.C, a comunidade cristã já estava bem avançada em vários locais, sua carta foi escrita de Éfeso, e achar que seu foco seria cristãos judeus, creio não ser uma explicação satisfatória. Por certo havia judeus entre o público alvo, mas as ameaças tratadas na carta eram mais pagãs do que judaicas (I Jo 4.3). No Evangelho, João sim usou o termo mundo em contraste com judeus, em muitos casos. Podemos ver exemplos disso em João 1.29, 3.16 e 4.42, onde o contexto claramente trata um contraste com a exclusividade nacional judaica. O contexto histórico do co conteúdo do Evangelho, é diferente dos das cartas, ainda que foram escritos na mesma época. Em I João 2.2, definitivamente, não entendo ser o caso.

Antes de examinar o fluxo do contexto imediato, vejamos como João usa o termo mundo em sua carta, além do uso que ele fez no cap. 2.2 (como aparece na ACF):

1. Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. 1 João 2:15
2. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. 1 João 2:16
3. E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre. 1 João 2:17
4. Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus. Por isso o mundo não nos conhece; porque não o conhece a ele. 1 João 3:1
5. Meus irmãos, não vos maravilheis, se o mundo vos odeia. 1 João 3:13
6. Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele o amor de Deus? 1 João 3:17
7. Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo. 1 João 4:1
8. E todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já agora está no mundo. 1 João 4:3
9. Filhinhos, sois de Deus, e já os tendes vencido; porque maior é o que está em vós do que o que está no mundo. 1 João 4:4
10. Do mundo são, por isso falam do mundo, e o mundo os ouve. 1 João 4:5
11. Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco: que Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo, para que por ele vivamos. 1 João 4:9
12. E vimos, e testificamos que o Pai enviou seu Filho para Salvador do mundo. 1 João 4:14
13. Nisto é perfeito o amor para conosco, para que no dia do juízo tenhamos confiança; porque, qual ele é, somos nós também neste mundo. 1 João 4:17
14. Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé. 1 João 5:4
15. Quem é que vence o mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus? 1 João 5:5
16. Sabemos que somos de Deus, e que todo o mundo está no maligno. 1 João 5:19

Existe uma variedade de sentidos no vocábulo bíblico “cosmos” ou “mundo”. Como percebemos não apenas em dicionários bíblicos, bem como nesse uso que o Apóstolo João fez nessa sua pequena carta. Desde um sentido geográfico, simbólico, moral e demográfico. Vamos tentar fazer essa classificação apontando os textos:

1. Mundo - incredulidade, filosofias, imoralidade, materialismo, paganismo e maldade: 2.15,15,17; 4.5 [A,B]5.4,5

2. Mundo – material, físico, geográfico, nossa existência, demográfico: 3.17; 4.1 [?], 3 [?]; 4.9,17

3. Mundo – pessoas ímpias: 3.1,13;4.4,5 [C]; 5.19

4. Mundo – pessoas que serão perdoadas: 4.14

Peço a compreensão dos leitores, se a classificação não foi mais exaustiva, mas creio que em linhas gerais podemos assim classificar o uso que João fez de “mundo” em sua carta. Pois bem, em qual dessas classificações poderíamos colocar 2.2? Certamente, na classificação de número 4. Pessoas que serão perdoadas, ou que serão salvas, objetos do amor salvador de Deus. Uma comparação pode entre os dois textos pode clarear um pouco a semelhança:

I João 2.2
I João 4.14
Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo. 1 João 2:1,2
Nisto conhecemos que estamos nele, e ele em nós, pois que nos deu do seu Espírito. E vimos, e testificamos que o Pai enviou seu Filho para Salvador do mundo. Qualquer que confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus está nele, e ele em Deus.
1 João 4:13-15

O fluxo do contexto da citação de João 2.2 é ainda mais esclarecedor. Vejamos:

“Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça. Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós. Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.” 1 João 1:8-2.2

Ø  O que temos claramente nesse fluxo contextual? O autor inspirado está dizendo aos seus leitores que devem confessar a Deus seus pecados, pois eles têm um Advogado em pleno exercício e legítimo diante do Pai, e que eles serão perdoados, visto que esse Advogado está pronto a interceder por todos aqueles que assim o buscarem, mesmo não estando visivelmente no momento entre os crentes que estão lendo essa carta, mas todos em todos lugares, isto é, no mundo inteiro, poderão assim serem beneficiados por Esse Advogado, caso o confessem e creiam Nele.

Assim, João 2.2 não está dizendo mais do que diz – Jesus perdoa os crentes e perdoará os ímpios que se achegarem a Ele. 
Onde a Expiação Limitada da TULIP, é aqui contestada?

*A conclusão calvinista é lógica e necessária dentro de sua construção teológica. E vários elementos bíblicos são apresentados.
1.         Quando o Senhor disse que morreu pelas suas ovelhas (Jo 10.15). Sendo dessa forma a garantia de que, os que o Pai lhes deu não se perderiam (Jo 6.37-40).
2.         A eficácia da tipologia da expiação realizada no Dia da Expiação, conforme descrita em Levítico 16. Sendo satisfeito todos os requisitos, uma vez aplicada e realizada, tal expiação era eficaz e objetiva.
3.         A questão atemporal, ou dos planos eternos, pois desde toda eternidade Deus elegeu “Nele”, isto é, em Cristo, os que se renderiam ao Seu Senhorio (Ef 1.4-7). Apocalipse fala-nos do “livro do Cordeiro”, obviamente lembrando a morte sacrificial, que foi escrito antes da fundação do mundo - Ap 13.8; 17.8.
4.         A linguagem bíblica de que em vários casos a Palavra de Deus diz que Jesus morreu por muitos. Isaias chega a associar da seguinte maneira: “justificará a muitos, porque a iniquidade deles levará sobre si.”(Is 53.11). Percebemos que a justificação decorre da morte do Senhor. O próprio Jesus parece repetir a ênfase quando na Ceia diz que seu sangue seria derramado em favor de muitos, para remissão dos pecados” (Mt 26.28).
5.         A identificação sobrepujante dos autores cristãos em se apropriarem da morte de Cristo como sendo algo deles. Um autor confessa Cristo “se entregou por mim” (Gl 2.20). Quando a Escritura diz que ‘Cristo morreu por nós’, é dito por Cristãos, e está incluso o objetivo traçado: “O qual a si mesmo se entregou por nós, a fim de purificar um povo exclusivamente seu, zeloso e de boas obras.” (Tt 2.14). O “fim”, ou objetivo, não foi proporcionar uma chance – mas garantir um povo.



sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Carta do SC da IPB aos que falam em Línguas nas suas fileiras

RECOMENDAÇÕES AOS CONCÍLIOS E IGREJAS

[...] a Igreja Presbiteriana do Brasil, partindo de uma hermenêutica baseada não na experiência individual, mas nos princípios da sua tradição reformada, e sobretudo no entendimento que as Escrituras dão de si mesmas e na busca da iluminação do Espírito, faz as seguintes recomendações aos seus concílios, pastores, oficiais e membros da Igreja:

1. A doutrina do batismo com o Espírito Santo, como uma "segunda bênção" distinta da conversão, não deve ser ensinada e nem propagada pelos pastores ou membros nas comunidades, por ser biblicamente equivocada.

2. Os concílios e igrejas locais devem tratar com amor e paciência os pastores e membros das igrejas presbiterianas que professam ter sido batizados com o Espírito Santo, numa experiência distinta da conversão, e devem pastoreá-los e instruí-los na Escritura e na doutrina reformada, para que sejam corrigidos quanto a este modo de crer, e para que demonstrem o fruto do Espírito, que é o sinal inequívoco de toda atuação verdadeira do Espírito.

3. Todo ensino sobre as línguas e profecias que entende a prática moderna como uma experiência revelatória, isto é, uma experiência na qual nova revelação é recebida, é contrário ao caráter final da revelação bíblica e à autoridade das Escrituras como única regra de fé e prática.

4. Todo ensino sobre as línguas e profecias que entende estes fenômenos como um sinal do batismo com o Espírito é contrário à Escritura, bem como todo ensino que vê as línguas e profecias como sinal de espiritualidade.

5. Toda prática do fenômeno das línguas e de profecias que cause divisão e dissensão dentro do Corpo de Cristo, e que não resulte em instrução e ensino em língua conhecida, é contrária ao propósito dos dons do Espírito, que é a edificação da Igreja.

6. Toda prática do fenômeno das línguas e de profecias que não siga as orientações de 1 Co 14.27-28, é contrária ao ensino bíblico e deve ser rejeitada, constituindo-se em desobediência à vontade revelada de Deus. Ou seja, que falem somente dois, ou no máximo três, cada um por sua vez, e que haja intérprete (depreendesse que Paulo se refere a outra pessoa que não o que falou em línguas).

7. A base para as nossas formulações doutrinárias é a Escritura, e não as experiências individuais — por mais emocionantes e preciosas que elas sejam. Portanto, a Igreja recomenda o estudo sério de todos os fenômenos e experiências, à luz da Palavra da Deus.

8. A Igreja recomenda que os Concílios estudem esta Pastoral e que cultivem o

diálogo com a Comissão Permanente de Doutrina.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Perguntas sobre o adventismo: 3. Quem foi Ellen White?

Ellen White de família Metodista, quando mocinha talvez possuísse algum problema mental (segundo algumas avaliações médicas AQUI), após uma pedrada no rosto. Aos 12/13 anos foi também enganada pela mensagem de Miller, ela acreditou nele.

“Com outros membros da família, Ellen assistiu às reuniões adventistas em Portland em 1840 e 1842, aceitando plenamente os pontos de vista apresentados por Guilherme Miller e seus companheiros, e confiantemente aguardou a volta do Salvador em 1843, e depois em 1844.” (História do Adventismo, pp. 57,58; Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia, pp. 7, 8).

Depois, com cerca de uns 17 anos, também não se conformou com a decepção, e tal como as várias loucuras proféticas que percebemos hoje em dia, Ellen White fazia parte de um grupo com devaneios, histerismos, de religiosos lunáticos – com movimentos e atitudes físicas estranhas.

“1.Antes de uma visão, tanto a Sra. White quantos os que estavam no aposento sentiam uma profunda impressão da presença de Deus. 2. Quando a visão começava, Ellen White exclamava: “Glória!” ou “Glória ao Senhor!”, repetidas vezes. 3. Ela experimentava uma perda de força física. 4. Subsequentemente, ela muitas vezes manifestava força sobrenatural. 5.           Ela não respirava, mas seu batimento cardíaco continuava normal, e a cor em sua face era natural. 6. Ocasionalmente, ela proferia exclamações indicativas da cena que lhe estava sendo apresentada.7. Seus olhos ficavam abertos, não com olhar distante, mas como se estivesse atentamente assistindo algo. 8. Sua posição podia variar. Às vezes ela ficava sentada,às vezes reclinada, às vezes andava em volta do aposento e fazia gestos graciosos enquanto falava sobre os assuntos apresentados. 9.    Ela ficava absolutamente inconsciente do que estava ocorrendo ao seu redor. Não via, ouvia, sentia, nem percebia de modo algum o ambiente ou os acontecimentos que a cercavam. 10. O final da visão era indicado por uma profunda inspiração, seguida, em aproximadamente um minuto, por outra, e logo sua respiração natural recomeçava. 11. Imediatamente após a visão, tudo parecia muito escuro para ela. 12. Dentro de pouco tempo ela recuperava sua força e habilidades naturais.”
(http://centrowhite.org.br/perguntas/vida-e-ministerio-de-ellen-g-white/).


As atitudes litúrgicas acima descritas, não eram muito diferentes das imagens que vemos abaixo. Hoje, os Adventistas são críticos ácidos dessas manifestações pentecostais, que no passado, eram práticas histéricas da profetizsa adventista.





Viu Enoque em suas visões, habitantes em outros mundos não caídos, falou de uma “amálgama entre homens e animais”, entre outras coisas. Quando amadureceu reduziu todo esse frenesi profético ‘neopentecostal’, copiava muita coisa que escrevia, embora relatasse que recebia revelações divinas.  - A questão de plágio foi publicada no livro A Mentira Branca, pelo ex-teólogo adventista Walter Rea. A tentativa de defesa contra essa acusação pode ser lida em http://centrowhite.org.br/perguntas/perguntas-sobre-ellen-g-white/a-verdade-sobre-the-white-lie-a-mentira-branca/

Mais para o fim da vida, e sua idade mais madura, à medida que seus prolemas psíquicos melhoravam, e à medida que lia as obras teológicas da “filha de Babilônia”, os protestantes, deu uma guinada em muitas coisas.

“Henry Melvill [um clérigo anglicano] era um dos escritores favoritos de Ellen White. Diversas obras dela mostram mútua concordância com Melvill em vários pontos” (Em Busca de Identidade, p. 126).

Comungava a fé com antitrinitarianos, e jamais criticou seus irmãos arianos no período em que esses dominavam a “igreja remanescente”. Será que uma profetisa de Deus seria omissa na principal doutrina da Bíblia? Impossível!!! 

“Será que ela mudou de uma visão semi-ariana para uma trinitariana, ou mantinha privadamente uma opinião trinitariana todo tempo? Não é possível apresentar uma resposta taxativa a este respeito.”(A Trindade – Como entender os mistérios da pessoa de Deus na Bíblia e na história do cristianismo, p. 239). 

“[...] ela não fez declarações explícitas de cunho  antitrinitariano ou semi-ariano antes da década de 1890. Tampouco discordava abertamente dos líderes do movimento. Suas expressões eram vagas o bastante para serem interpretadas de ambas as maneiras.” (Em Busca de Identidade, p. 118).

Morreu em 1915 e virou um mito, uma lenda, e uma crença na oficial da Igreja Adventista do Sétimo Dia, revestida de autoridade profética única, como identificação da igreja visível verdadeira. Crença Fundamental 18 diz: 

“Um dos dons do Espírito Santo é a profecia. Esse dom é uma característica da igreja remanescente e foi manifestado no ministério de Ellen G. White. Como a mensageira do senhor, seus escritos são uma contínua e autorizada fonte de verdade e proporcionam conforto, orientação, instrução e correção à Igreja. Eles tornam claro que a Bíblia é a norma pela qual deve ser provado todo ensino e experiência.”

Hoje, um sinônimo do nome dela é “espírito de profecia” – violentado de Apocalipse 19.10 que nada diz o que o adventismo quer que ele diga - , e o que gira em torno dessa mulher em forma de crença, tem força Papal. Quem se torna adventista, se torna oficialmente seguidor desse ‘espírito’ interno adventista.

Isso não é cristianismo bíblico e ortodoxo! 

Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios; (I Tm 4.1).



quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Teologia da Prosperidade, Confissão Positiva, Misticismo Neopentecostal, Dízimo e a Bíblia

1. O que é a teologia da prosperidade? É um conceito religioso, no cenário evangélico mundial, que defende a ideia de que Deus tem intenções definidas, para fazer com que as pessoas fiquem ricas, em suas várias facetas materiais, físicas e emocionais. No geral, pensa-se que Deus tem um compromisso, e assim uma obrigação consigo mesmo, e com os Seus filhos, ou por quem fez algo para Deus, em sentido material - uma oferta, dízimo, um sacrifício, uma campanha, etc – e esse compromisso é de recompensa imediata.

As vertentes dessa teologia ainda caminham em uma postura de “tomar posse da benção”, em um suposto exercício da fé, para se apoderarem daquilo, que segundo creem, “já nos foi dado”. Essa também é chamada de “confissão positiva”. Kenneth E. Hagin escreveu um livreto chamado “Pensamento Certo ou Errado”, que nada mais é que uma postura psicológica, com linguagem bíblica, que se assemelha bem ao positivismo que o mundo defende quando falam em dar sorte. Não muito tempo atrás, percebemos que um grande sucesso literário mundial foi O Segredo, onde essa força positiva é levada às suas perspectivas de posse.

Morris Cerullo, expoente da teologia da prosperidade, escreve:

“Cristo já conquistou a vitória e dividiu os “despojos” conosco. A escravidão da doença foi anulada! A escravidão das dívidas foi anulada! A escravidão da pobreza foi anulada. Para tomar os “despojos” do Inimigo – os recursos financeiros que roubou de nós -, precisamos receber uma revelação nova sobre a batalha que Cristo venceu, na qual destruiu as obras do Diabo.” (Bíblia de Estudo – Batalha Espiritual e Vitória Financeira (2000) – Editora Central Gospel, p. 1301).

2. Quais as bases bíblicas apresentadas pelos promotores dessa escola teológica? (1) as promessas de Deus aos patriarcas, (2) as promessas de bênçãos ao povo de Israel, (3) passagens bíblicas a respeito de dízimos e ofertas, e (4) algumas porções do Novo Testamento, são apresentadas como indicativos de que Deus promete e tem que fazer seus servos prosperarem materialmente. Faremos uma avaliação dessas supostas bases bíblicas, examinando tais porções das Escrituras dentro do seu contexto imediato e no progresso da revelação bíblica.

3. Onde, em especial, nasceu a teologia da prosperidade? 

“Foi durante os avivamentos de cura (healing revivals) dos anos 1950 que a teologia da prosperidade ganhou proeminência nos Estados Unidos, apesar de especialistas terem ligado suas origens ao Movimento Novo Pensamento. Os ensinamentos da teologia da prosperidade mais tarde ganharam proeminência no Movimento Palavra de Fé e no televangelismo dos anos 1980. Nos anos 1990 e 2000, foi adotada por líderes influentes do Movimento Carismático e promovida por missionários cristãos em todo o mundo, levando à construção de megaigrejas. Líderes proeminentes no desenvolvimento da teologia da prosperidade incluem E. W. Kenyon, Oral Roberts, T. L. Osborn e Kenneth Hagin.”(https://pt.wikipedia.org/wiki/Teologia_da_prosperidade_)

Outros como Benny Hinn, Morris Cerulo, Mike Murdock, são também os proponentes referenciais.

4. Quais igrejas são as principais promotoras dessa teologia aqui no Brasil? Sabemos que as igrejas neopentecostais*, como a Igreja Universal do Reino de Deus, Igreja Internacional da Graça, Igreja Mundial do Poder de Deus, Igreja Apostólica Plenitude do Trono de Deus, são as mais conhecidas. Porém, outras em várias regiões do Brasil, apesar de não serem expressivas, muitos ensinam tão veementemente essa doutrina, que podemos ver em qualquer lugar tais igrejas seguindo essa teoria. [*Após o surgimento de igrejas pentecostais, entre os anos 1910-1914, igrejas que perderam a ênfase apenas no falar em línguas e milagres, que passaram a fazer a prosperidade algo a ser buscado, acabaram sendo chamadas de “novos pentecostais” – neopentecostais.]

5. A teologia da prosperidade é vista apenas em igrejas neopentecostais?  Não, infelizmente não. Hoje, não é mais novidade dizer que essa teologia está penetrando em igrejas tradicionais, pentecostais e comunidades evangélicas independentes, e vestígios claros dessa teologia, são também percebidos especialmente em movimentos evangélicos, cantores gospels, pregadores de renomes, enfim. Não existe mais uma barreira que impeça o avanço desta influência. E até mesmo pastores fieis, sem perceberem, acabam fazendo a vez dessa teologia quando fazem uma má interpretação - geralmente sem a luz do Novo Testamento, do texto de Malaquias 3.10.

6. Por que essa teoria é tão facilmente aceita? Ela está ligada aos interesses materialistas do ser humano, e onde houver pessoas, que sofrem pressão da mídia, e de suas necessidades, assim entram nas igrejas que estimulam isso. Nossos desejos e necessidades serão sempre uma locomotiva psicológica para nos levar a aceitar essa oferta teológica. Ainda mais, se ela for recebida como vindo de Deus, por meio de nossos esforços, ‘ou melhor ainda’, como recompensa de nosso labor sacrificial. Além do mais, é isso que queremos sempre – estar financeiramente melhores, pois vemos nisso segurança.

7. Quais são os recursos mais usados pelos pregadores da teologia da prosperidade e confissão positiva? Em primeiro lugar percebemos, ao acompanhar programas de TV, que carnês (boletos bancários para dar as ofertas estipuladas) são usados em muitas igrejas da prosperidade, e são exibidos como que um troféu, ou uma garantia da benção divina. Geralmente a multiplicação do que é doada, é exorbitante. Outro meio muito comum são os objetos ungidos, uma versão neopentecostal da prática católica de benzer. Tais objetos assim ‘ungidos’, são vistos como um detentor simbólico, visível, de um poder específico para deixar a pessoa rica, ou livre de doenças, problemas e demônios. E a criatividade vai desde uma rosa ungida, uma palmilha, tijolinhos, fronhas, toalhinhas e até balas para crianças desobedientes.

Porém - O que a Bíblia diz sobre a Teologia da Prosperidade?

8. As bênçãos prometidas, e adquiridas, aos patriarcas, são nossas também? Antes de responder, uma breve perspectiva da história bíblica a respeito deles se faz necessária: No livro bíblico de Gênesis, a história de Abraão, Isaque e Jacó, são exemplos de como Deus pode fazer que pessoas que não tem nada, em peregrinações, em grandes homens de negócio. Especialmente do capítulo 12 em diante do livro, percebemos como receberam posses materiais, e vitórias sobre grandes problemas, dos mais variados possíveis. Deus prometeu aos patriarcas, e aos seus descendentes, bênçãos materiais que seriam adquiridas, em especial, na terra de Canaã, onde manava leite e mel. Como era de interesse nacional, as guerras literais eram um dos mecanismos usados para se apoderarem dessas bênçãos no período especialmente posterior. A execução dos inimigos nacionais de Israel fazia parte desse avanço de domínio material e territorial, prometido por Deus.

Com esse pano de fundo histórico, retornemos à pergunta: As bênçãos prometidas, e adquiridas, aos patriarcas, são nossas também? Nossa resposta inicia-se com as seguintes elucidações –

A. Como cristãos na dispensação da Nova Aliança, não recebemos de Deus promessa para adquirir algum território, terreno, especifico. Nem estamos em território estrangeiro, rumo à outra terra física:

Mas agora desejam uma melhor, isto é, a celestial. Por isso também Deus não se envergonha deles, de se chamar seu Deus, porque já lhes preparou uma cidade.” (Hb 11.16 [grifo acrescentado]).

“Mas chegastes ao monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos;” (Hb 12.22).

Perceba que o argumento do autor dessa carta bíblica, no capítulo 11º, mostra a história de todo povo de Deus que viveu pela fé no VT e alcançaram alguns feitos, porém, não era a promessa final e essencial que estava por detrás de todas as coisas que avistavam. Ele demonstra que a fé foi o instrumento que Deus usou para eles adquirirem algumas amostras do que de fato era o alvo – a pátria, os bens, celestiais! E ainda aponta que eles, como quem não havia alcançado. E no primeiro texto a advertência foi que isso não mais deveria ser esperado! Ideia repetida aqui:

“Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo,” (Fl 3.20).

B. Não estamos adquirindo essas bênçãos por meio de batalhas/guerras literais, em nossas conquistas em nível de riquezas materiais:

“Porque, andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas; Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo; (2 Coríntios 10:3-5).

“Mas eu vos digo que muitos virão do oriente e do ocidente, e assentar-se-ão à mesa com Abraão, e Isaque, e Jacó, no reino dos céus; E os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes.” (Mateus 8:11,12).

9. A as bênçãos da nação de Israel, no período bíblico, são as mesmas da Igreja?  Em Deuteronômio capítulos 27, 28, 29 temos um compêndio de bênçãos e maldições físicas ao povo de Deus na antiga aliança. Houve uma promessa divina de que os descendentes de Abraão possuiriam a Terra da Promessa, mas para que tais bênçãos fossem efetivadas no decorrer da história, na vida de cada geração subsequente, foram apresentados os termos da aliança feita no Sinai. Eles receberam tais promessas materiais, ao mesmo tempo que foram abundantemente abençoados com a Teocracia, onde Deus governava por meio da Lei ‘mosaica’, ao se instalarem na Terra Prometida, e na subsequente organização da nação em monarquia.

Porém, esse povo quebrou os termos da aliança, várias vezes, e foram amaldiçoados consequentemente, inclusive foram deportados para Babilônia, deixaram de ser Israel de 12 tribos e passaram a ser o povo Judeu, o Templo destruído, a arca da aliança desapareceu, e com o tempo, até o ponto de não mais serem um Reino independente, no período de Jesus - e para piorar, ainda rejeitaram a Jesus como o Messias (Jo 1.11).

As bênçãos que recebemos agora em vida, não são as mesmas. Elas são em um mesmo nível gracioso, mas em uma maior intensidade, na vida espiritual, com uma percepção e profundidade que o servos fieis de Deus não recebiam no período do Velho Testamento:

“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo;(Ef 1.3).

Ø  Que bênçãos são essas?

1.      O Batismo com o Espírito Santo: “De sorte que, exaltado pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis.” (At 2.33).

2.      O testemunho do perdão imediato por confessar: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.” (I Jo 1.9).

3.      A consciência intima da bendita reconciliação com Deus: “Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida.” (Rm 5.10).

4.      A superlativa, soberana e santa justificação: “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo; Pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus.” (Rm 5.1,2).

5.      A desejável adoção: “O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.” (Rm 8.16).

6.      A árdua e necessária santificação: “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor.” (Hb 12.14).

7.      A inegociável presença e habitação de Deus produzindo Seu fruto em nós: “Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito.” (Gl 5.22-25).

8.      E promessa imutável da glorificação: “Que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas.” (Rm 8.30).

Prezado leitor, SE tais bênçãos e promessas não encher o nosso coração de alegria, mui provavelmente, precisamos de conversão genuína!

“Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido.” (1 Coríntios 2:14,15).

10. Mas o que dizer de Malaquias 3.10? Sabemos que existe uma exploração quase que criminosa de Malaquias 3.10 (há pastores malaquianos de um texto só), que beira ao financiamento espiritual, nada de diferente das Indulgências Católicas na idade média. Com mensagens fora de contexto, alguns pregam que ‘o demônio devorador não é expelido nem em nome de Jesus, somente com o dízimo!’...? Nada mais enganador do que dizer que algum demônio não é expelido pelo nome do Senhor, já que:

“E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo.” (Cl 2.15).


Meu objetivo agora é discutir se o dízimo seria um recurso legítimo com base no Novo Testamento ainda que os dados do Velho Testamento sejam examinados para chegar a uma conclusão. 

O QUE ERA O DÍZIMO

Antes da organização de Israel, qual corpo político, sob a inauguração da lei, a Bíblia relata que Abrão deu o dízimo de tudo que possuía a um sacerdote da cidade de Salém, de nome Melquisedeque. Assim relata o registro:

“E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo. E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra; E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo.” (Gn 14.18-20).

Depois, temos Jacó, com um uso mais ousado do dízimo:

“E Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e vestes para vestir; E eu em paz tornar à casa de meu pai, o Senhor me será por Deus; E esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo.” (Gn 28.20-22).

Embora pareça uma barganha, o que não seria de se estranhar não apenas em Jacó, mas em qualquer ser humano em perigo, ele está apenas prometendo dar o dízimo daquilo que Deus preservasse com ele. Mais ou menos quando uma pessoa desempregada faz um voto semelhante. Pois por hora, ela não pode fazer nada materialmente pela causa do Senhor.

Todas essas passagens são, por assim dizer, descritivas. Relatam casos, não prescrevem, ao mesmo tempo que, exemplifica, mas não podemos passar dos limites de uma boa interpretação bíblica. Elas não estão dizendo o que devemos fazer, muito menos proibindo de o fazer:

“Não há também, nenhuma explicação do fato nem se menciona qualquer lei que obrigasse Abraão a dar dízimo.” (Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, vol. 1, p. 596).

As passagens bíblicas do VT que tratam do dízimo, em moldes prescritivos, nos ensinam que o dízimo era um recurso eclesiástico-celebrativo-filantrópico. Classifico dessa maneira pelos seguintes motivos:

Ø  A) Eclesiástico: Encontramos o dízimo sustentando o sacerdócio e os levitas:

“E eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel por herança, pelo ministério que executam, o ministério da tenda da congregação.” (Nm 18.21).

Ø  B) Celebrativo: Notamos que o dízimo era usufruído pelo ofertante diante do Senhor:

“Certamente darás os dízimos de todo o fruto da tua semente, que cada ano se recolher do campo. E, perante o Senhor teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer habitar o seu nome, comerás os dízimos do teu grão, do teu mosto e do teu azeite, e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas a temer ao Senhor teu Deus todos os dias.” (Dt 14.22,23).

Ø  C) Filantrópico: Também era usado para cuidar dos órfãos e das viúvas, ou seja, os necessitados, um serviço de diaconia na Igreja do Velho Testamento:

“Quando acabares de separar todos os dízimos da tua colheita no ano terceiro, que é o ano dos dízimos, então os darás ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, para que comam dentro das tuas portas, e se fartem; E dirás perante o Senhor teu Deus: Tirei da minha casa as coisas consagradas e as dei também ao levita, e ao estrangeiro, e ao órfão e à viúva, conforme a todos os teus mandamentos que me tens ordenado; não transgredi os teus mandamentos, nem deles me esqueci; Delas não comi no meu luto, nem delas nada tirei quando imundo, nem delas dei para os mortos; obedeci à voz do Senhor meu Deus; conforme a tudo o que me ordenaste, tenho feito.” (Dt 26.12-14).

É muito difícil determinar quando o dízimo era entregue – pode ser que os dízimos eram entregues três vezes no ano, mas não há como ter certeza. Não tenho como provar isso definitivamente. Porém, essa conclusão é extraída de Ex 23.14-19. Na passagem em mira, percebemos que por três vezes ao ano, todo Israelita deveria apresentar-se diante do Senhor, e ‘não poderia estar de mãos vazias’! Além disso, nesses eventos apresentavam-se as primícias. Mas, não podemos afirmar por causa de Dt 14.28, onde existe um recurso entregue no terceiro ano. Todos sabemos que os dízimos no VT eram de recursos da terra e de animais (Lv 27. 30-33). Mas algumas vezes em dinheiro, por causa distancia (Dt 14.24-26).

A GRANDE POLÊMICA – AFINAL, O DÍZIMO FOI ABOLIDO?

Os 'antidizimistas' indicam que, visto que a lei foi abolida (Rm 10.4), o dízimo não deve ser usado na era da graça. Em especial o fato de a igreja ser hoje o sacerdócio universal, todos os cristãos são sacerdotes, e tendo em vista Hb 7.4-14, eles insistem que o dízimo é ilegítimo, inviável e contraditório.

Começo respondendo da seguinte maneira: O dízimo tal como era ofertado no VT  foi abolido. No entanto, o NT fez uso do princípio do dízimo/ofertas, para o legítimo sustento eclesiástico na era da graça. [Definitivamente, não existem dois períodos essencialmente distintos – o da lei e o da graça – como defendem alguns, especialmente os dispensacionalistas. A Velha Aliança é baseada em promessas da graça, em sombras, e a Nova Aliança é a promessa realizada, é o corpo da sombra manifestado (Cl 2.15-17). Nessa eliminação, é verdade, algumas coisas foram postas de lado por atingirem seu objetivo, mas o fim da Lei, atestado na Escritura, é o fim da espera, da realidade prometida. Afinal, no VT houve Graça e no NT há Lei.]

Veremos as razões neotestamentárias que me levam a fazer essa assertiva.

Antes, porém, de apresentar a resposta bíblica direta à pergunta se o dízimo foi ou não abolido, quero tratar de como alguns defensores do dízimo usam no NT para defender a prática como neotestamnetária, diante dos antidizimistas. Creio que estão malhando com ferro frio, argumentando erroneamente:

1º) Mt 23.23 – “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas. Condutores cegos! que coais um mosquito e engolis um camelo.”

Dizem os que defendem o dízimo, que esse texto ensina o uso do dízimo, pois Jesus disse “não omitir aquelas”.

Ø  Não podemos dizer que com esse texto, o uso de dízimos é determinante, pois Jesus quando curou um leproso ordenou o cumprimento da lei cerimonial (Mt 8.4). Isso os antidizimistas podem, com alguma razão apresentar como resposta. Assim Mateus 23:23 pode ser proeminente para uma percepção completa, mas ele por si só, garante apenas o que estava em vigência na época - Dízimos agrícolas e agropecuários ao templo judaico!

2º) Hb 7. 4-14 – “E aqui certamente tomam dízimos homens que morrem; ali, porém, aquele de quem se testifica que vive.” (Hb 7.8).

Certo pastor, muito conhecido, escreveu que o “aqui”, é uma evidencia que hoje, o dízimo é legitimamente recolhido com base nesse texto. Como que se ele estivesse dizendo ‘em nossos dias, na igreja, recebem dízimos homens que morrem’.

Ø  Mas essa não podia ser a intenção do autor de Aos Hebreus. O que ele dizia era uma referência ao sacerdócio Levítico (o “aqui”), esclarecendo que tal sacerdócio era passageiro, contraposto com o sacerdócio de Cristo, eterno, com base em Melquisedeque, que não morre. Nada mais é dito no texto.

Fielmente ao contexto dessas passagens, o que existe é mais uma inferência doutrinária do que uma conclusão do texto. Tais textos não são determinantes, mas apenas corroborativos, se uma percepção geral for pressuposta e mantida.

A AUTORIZAÇÃO NEOTESTAMENTÁRIA DA APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DO DÍZIMO

Acho que a podemos fazer o uso do dízimo com a perspectiva de manutenção financeira da obra de Deus, SIM!  Jamais dizendo que o crente é mais abençoado por ser dizimista ou que será amaldiçoado por não ser dizimista! Ensinando, contudo, o compromisso. A teologia cristã não pode conceber a doutrina da prosperidade dos grupos neopentecostais, em suas próprias raízes, muito menos achar que um crente será amaldiçoado pelas obras da lei, pois “Cristo nos resgatou da maldição da lei [...]” (Gl 3.13).

Obviamente, nenhum cristão abandonará a causa do Senhor, por ser mesquinho a ponto de não desejar a obra de Deus seja mantida. Nesse aspecto, mora uma atitude carnal, que não agradará mesmo, o Noivo e o proprietário da Igreja (At 20.28). Soa-nos mais como gratidão e compromisso com o Reino de Cristo, do que qualquer ‘poder místico – abençoador ou amaldiçoador’. Estabelecido isso:

Ø  o que entendo como base no NT para o uso do dízimo é 1 Co 9.1-14.

Isso não é uma exigência, mas uma autorização legítima para estabelecer a manutenção da obra, usando o princípio do dízimo. Veja:

“[...] Quem planta a vinha e não come do seu fruto? Ou quem apascenta um rebanho e não se alimenta do leite do rebanho? Porventura, falo isto como homem ou não diz também a lei? [...]” (I Co 9. 7,8).

Para nosso propósito inicial, veja que Paulo invoca a lei de Moisés para estabelecer o sustento pastoral! Automaticamente acho que os antidizimistas estão com um sério opositor nesse caso... O inspirado Apóstolo Paulo!!!

Mas ainda não chegamos no ponto central do que pretendo passar. O que ficará estabelecido agora é uma afirmação clara do uso da lei, da manutenção de Israel, ofertas, primícias e dízimos, onde Paulo faz uma transposição de aplicação para Igreja na era da Graça. Essa transposição de aplicação está patente na passagem. Perceba:

“[...] acaso, é com bois que Deus se preocupa? Ou é seguramente, por nós que ele diz? [...] Se nós vos semeamos coisas espirituais, será muito recolhermos de vós bens materiais? [...]”

Agora vejamos a prova:

“Não sabeis vós que os que prestam serviços sagrados do próprio templo se alimentam? E quem serve ao altar do altar tira o seu sustento? Assim ordenou também o Senhor aos que pregam o evangelho que vivam do evangelho [...]” (I Co 9.13,14).

O mesmo autor inspirado trás a mesma linha de argumento em outra parte da Escritura Sagrada:

“Mas bastante tenho recebido, e tenho abundância. Cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que da vossa parte me foi enviado, como cheiro de suavidade e sacrifício agradável e aprazível a Deus.” (Fl 4.19).

Note que o auxílio material (em nossa linguagem evangélica ‘oferta’) enviado ao autor da carta, o autor inspirado por Deus, foi tratado como ‘um sacrifício’ a Deus. Notamos assim, que o uso desse pano de fundo, do que foi feito no Velho Testamento, é uma base recorrente nos pontos citados no Novo Testamento, como padrão para a igreja de Cristo.

Vários comentaristas entendem esse texto assim, relação à lei sendo aplicada na dispensação da igreja. Veja alguns:

9.13 aqueles que trabalham no templo. Os crentes coríntios entenderiam não apenas por conhecerem o AT (cf. Lv 7.28-36; Nm 18.8-20), mas também em virtude da prática comum nos templos pagãos da Grécia e de Roma.” (Bíblia de Estudo NVI, p. 1966).

9.14 que vivam do evangelho. Esse princípio aparece não apenas no sacerdócio do Antigo Testamento (mencionado por Paulo no v. 13), como também em várias passagens do Novo Testamento (p. ex., Lc 10.7; Gl 6.6; I Tm 5.17-18).” (Bíblia de Estudo Genebra, p. 1518).

“A provisão para aqueles que trabalham no templo é descrita em Lv 7.6,8-10,14, 28-36; Nm 18.8-20; Dt 18.1-4. O levita era sustentado pelas coisas do atar. Por meio dos dízimos do povo, a obra de Deus era sustentada – e quando os dízimos eram retidos, os levitas eram forçados a arar os campos (Ne 13.10). Como resposta ao desafio de Malaquias ao povo, os dízimos foram trazidos ao templo, e os cultos, reiniciados, com bênçãos resultantes para todos. V. 14. Da mesma forma: revela a continuidade que existe entre a ordem do Antigo e do Novo testamento. O Senhor ordenou: A autoridade final de Paulo; cf. Mt 10.10; Lc 10.7. O ponto está provado; o cuidado pelos servos de Deus é responsabilidade do seu povo.” (Comentário Bíblico NVI, p. 1895).

“Paulo então aplica este último pensamento ao seu trabalho como pregoeiro do evangelho.” (Novo Comentário da Bíblia, p. 1205).

Bom destacar que no contexto o apóstolo Paulo afirma que abriu mão desse direito, em relação aos Coríntios, em seu ministério. E que jamais escreveria isso para benefício próprio.

É com esse ponto de vista que podemos firmar, biblicamente, que quando igrejas fazem sua manutenção tendo por base o dízimo, deveriam pensar. Tendo em vista que não apenas o sustento pastoral está em jogo aqui, mas a diaconia em seu trabalho filantrópico, e as confraternizações da igreja, tem no dízimo sua fonte de recursos. Nenhuma outra fonte é autorizada na Bíblia para que a Igreja extraia seu sustento. Nem bazar, ou qualquer tipo de vendas. 

11. Como entender as bênçãos de Malaquias 3.10?
Conheci um irmão que tem sérios problemas de saúde, está encostado pelo INSS. O salário, todos sabemos como é. Ele tem família e cuida de um parente que tem problemas de saúde. Ou seja, tem ainda que gastar com remédios. Esse irmão é dizimista fiel, apoia a obra e é fiel como cristão. Na mesma igreja, um homem tem casas de aluguel, imóveis, carro e é aposentado com uma boa aposentadoria. Não cuida nem dos filhos, pois são independentes. Ele não é dizimista.
Não acha que alguma coisa está estranha nesse testemunho?

O texto de Malaquias 3.10, diz:

“Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes.”

Visto que ficou claro no tópico anterior, que os sistemas de ofertas, sacrifícios, dízimos, foram usados na primeira carta aos Coríntios, fazendo uma ‘transposição’ da aplicação aos dias da Igreja na Nova Aliança, podemos agora tratar agora com mais lucidez esse texto e sua promessa de prosperidade, em seu contexto na antiga aliança, e ver até que ponto isso é aplicado a nós.

Em primeiro lugar, devemos lembrar que Deus havia prometido bênçãos físicas ao seu povo, e muitas dessas bênçãos eram condicionadas a esse agir. Era uma terra que manava leite e mel, não por seus recursos naturais existentes, mas porque o SENHOR assistiu a terra para esse fim, conforme prometido aos patriarcas:

“Porque a terra que passas a possuir não é como a terra do Egito, de onde saíste, em que semeavas a tua semente, e a regavas com o teu pé, como a uma horta. Mas a terra que passais a possuir é terra de montes e de vales; da chuva dos céus beberá as águas; Terra de que o Senhor teu Deus tem cuidado; os olhos do Senhor teu Deus estão sobre ela continuamente, desde o princípio até ao fim do ano. E será que, se diligentemente obedecerdes a meus mandamentos que hoje vos ordeno, de amar ao Senhor vosso Deus, e de o servir de todo o vosso coração e de toda a vossa alma, Então darei a chuva da vossa terra a seu tempo, a temporã e a serôdia, para que recolhais o vosso grão, e o vosso mosto e o vosso azeite. E darei erva no teu campo aos teus animais, e comerás, e fartar-te-ás.” (Dt 11.10-15).

Se lembrarmos que o dízimo era um auxilio para os pobres também, já podemos destacar que eles mesmos não ficaram ricos, já que dependiam dos dízimos:

“Quando acabares de separar todos os dízimos da tua colheita no ano terceiro, que é o ano dos dízimos, então os darás ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, para que comam dentro das tuas portas, e se fartem.” (Dt 26.12).

Percebeu? Não é sem razão que antes mesmo de mencionar a advertência a respeito da negligencia para com os dízimos, Deus tenha dito:

“E chegar-me-ei a vós para juízo; e serei uma testemunha veloz contra os feiticeiros, contra os adúlteros, contra os que juram falsamente, contra os que defraudam o diarista em seu salário, e a viúva, e o órfão, e que pervertem o direito do estrangeiro, e não me temem, diz o Senhor dos Exércitos.” (Ml 3.5).

Em segundo lugar, a gratidão e amor pela Casa de Deus era demonstrada, e ainda é na Nova Aliança, pelo quanto cuidavam dela. Os levitas e sacerdotes não tinham herança, nem recursos, para cuidarem da adoração. Tudo na Casa de Deus em Judá, seria prejudicado, especialmente os serviços sacerdotais, caso eles precisassem procurar trabalho.

“Disse também o Senhor a Arão: Na sua terra herança nenhuma terás, e no meio deles, nenhuma parte terás; eu sou a tua parte e a tua herança no meio dos filhos de Israel. E eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel por herança, pelo ministério que executam, o ministério da tenda da congregação.” (Nm 18.20,21)

A questão não era de riqueza para os sacerdotes e levitas, mas até mesmo de sustento básico! Em Malaquias 3.10 mostra essa preocupação quando disse “para que não falte alimento na minha casa”!

Em terceiro lugar, era o apoio para a estrutura em si mesma. A ingratidão advertida pelo Mensageiro, Malaquias, é semelhante quando Deus usou o profeta Ageu:

“Assim fala o Senhor dos Exércitos, dizendo: Este povo diz: Não veio ainda o tempo, o tempo em que a casa do Senhor deve ser edificada. Veio, pois, a palavra do Senhor, por intermédio do profeta Ageu, dizendo: Porventura é para vós tempo de habitardes nas vossas casas forradas, enquanto esta casa fica deserta? Ora, pois, assim diz o Senhor dos Exércitos: Considerai os vossos caminhos. Semeais muito, e recolheis pouco; comeis, porém não vos fartais; bebeis, porém não vos saciais; vestis-vos, porém ninguém se aquece; e o que recebe salário, recebe-o num saco furado. Assim diz o Senhor dos Exércitos: Considerai os vossos caminhos. Subi ao monte, e trazei madeira, e edificai a casa; e dela me agradarei, e serei glorificado, diz o Senhor. Esperastes o muito, mas eis que veio a ser pouco; e esse pouco, quando o trouxestes para casa, eu dissipei com um sopro. Por que causa? disse o Senhor dos Exércitos. Por causa da minha casa, que está deserta, enquanto cada um de vós corre à sua própria casa. Por isso retém os céus sobre vós o orvalho, e a terra detém os seus frutos. E mandei vir a seca sobre a terra, e sobre os montes, e sobre o trigo, e sobre o mosto, e sobre o azeite, e sobre o que a terra produz; como também sobre os homens, e sobre o gado, e sobre todo o trabalho das mãos.” (Ag 1.1-11).

Em quarto lugar, no mesmo livro, mais adiante, mostra que os ímpios prosperam. Seriam eles dizimistas? “os que comentem impiedade prosperam” (Ml 3.15). Mas essa prosperidade não é sinal da graça divina (Ml 3.16-18).

Portanto, longe de ensinar uma doutrina da prosperidade, Malaquias 3.10 está inserida no contexto da antiga (na sombra) aliança, conforme provada, e o uso que podemos fazer de tal texto, com as devidas adaptações, é a mesma que foi feito pelo autor inspirado em Coríntios 9, avaliado anteriormente. Podemos pagar o dízimo – [alguns se incomodam com o termo “pagar” para o dízimo, mas a Bíblia é que diz que Abraão “pagou o dízimo” (Hb 7.4,9) a Melquisedeque]. Ou devolvê-lo, como é costume dizer atualmente, desprendidos de interesse, muito menos com mentalidade materialista. Demonstraremos amor pelo Reino de Cristo, interessados no sustento das necessidades da igreja local, para melhor servir o Mestre e a Sua causa.

12. Jesus fez alguém ficar rico? Definitivamente, não!

Talvez essa seja o grande uma farpa nos olhos dos defensores da teologia da prosperidade, que ao constatar que Jesus curou várias pessoas, libertou de demônios, e até da morte, ele JAMAIS FEZ ALGUÉM FICAR RICO, nos moldes financeiros materialistas que os defensores da teologia da prosperidade tem disseminado. Eles tem o contra eles – O Senhor Jesus!

Nos quatro evangelhos que registram a vida e os ensinos do Deus-Homem, nada passa perto da teologia da prosperidade financeira. Notamos Jesus envolvido em grandes sinais e milagres, em curas extraordinárias, em ensinos profundos e simples, em confrontação com hipócritas e alívio de pecadores. Mas nada, nada, nada, que dê qualquer vestígio, por mais fracos que sejam, que leve uma pessoa a achar que o Senhor Jesus, fez alguém ficar rico em seu ministério na terra.
O que a Bíblia diz sobre as riquezas materiais na revelação do Novo Testamento?

“O pão nosso de cada dia nos dá hoje;” (Mt 6.11)

“E disse Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.” (Mt 8.20).

“E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: Falta-te uma coisa: vai, vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, toma a cruz, e segue-me.” (Mc 10.21).

“Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos;” (I Tm 6.17).

“Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína.” (I Tm 6.9).

“Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam.” (Mt 6.19,20).

“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom [riquezas].” (Mt 6.24).

13. Textos bíblicos, do Novo Testamento, usados pela Teologia da Prosperidade e Confissão Positiva.

Vamos ver agora, três textos bíblicos citados pelos aderentes desses ensinos.

A) “E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou terras, por amor de meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna.” (Mt 19.29). Alguns dizem que aqui Jesus está prometendo casas e terras, cem vezes mais.

Não existe uma leitura mais medíocre de um texto. Jesus Cristo obviamente promete em algo relacionado com a comunidade cristã que nos acolhe, a Igreja de Deus - toda a família cristã é esse "cem vezes mais". Jesus mesmo disse que ele havia muitas mães e irmãos! Assim, nada com promessas de riquezas materiais, que gratuitamente alguns inserem nesse texto. Percebemos que isso ocorreu em Atos 2.43-47 e em qualquer comunidade cristã que genuinamente ama a família da fé (Tg 2.14-17).

B) “Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou.” (Rm 8.37).

A respeito desse texto, certo escritor afirmou:

“Creio que ninguém nasceu neste mundo para perder. Na verdade, somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou (Rm 8.37). Você e eu nascemos para o sucesso!”(Abrindo o Jogo – Sucesso, p. 3. Edições Ferramenta. Edino Melo, 2011).

A deturpação desse texto, é facilmente desmantelada, apenas com a leitura do contexto:

“Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem é que condena? Pois é Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós. Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito :Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia; Somos reputados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou. Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.” (Rm 8.31-39)

Note que somos mais que vencedores, não por que seremos ‘vitoriosos sobre os problemas’, mas porque neles, Deus continua nos amando e nos justificando! O amor de Deus por nós é imutável!!! Essa é a tônica do texto em seu contexto.

C) “Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.” (Fl 3.13).
Muitos conclamam essas palavras, como que se elas ensinassem que eu posso tudo que quero, pois Cristo está comigo.

Mais uma vez, o uso do texto é deprimente, olhando para seu contexto. Perceba:

“Ora, muito me regozijei no Senhor por finalmente reviver a vossa lembrança de mim; pois já vos tínheis lembrado, mas não tínheis tido oportunidade. Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece. Todavia fizestes bem em tomar parte na minha aflição. E bem sabeis também, ó filipenses, que, no princípio do evangelho, quando parti da macedônia, nenhuma igreja comunicou comigo com respeito a dar e a receber, senão vós somente; Porque também uma e outra vez me mandastes o necessário a tessalônica. Não que procure dádivas, mas procuro o fruto que cresça para a vossa conta.” (Fl 4.10-17).

Percebemos que ele passava necessidades, pelo menos nos padrões que pensamos, e o que está em mira no texto, é que mesmo nessas dificuldades, ele continuaria resistindo. Ele suportaria essas provações. Mas, mesmo com a força do Senhor, ele acabou sendo socorrido, pela graça de Deus, por meio da Igreja amorosa e atenta. Nenhum vestígio de teologia positivista ou da prosperidade aqui.

CONCLUSÃO

A Bíblia não proíbe a riqueza. Adverte, porém, a respeito de seus perigos. Na dispensação do Evangelho, a riqueza nunca é estimulada, pois ela abarca mais tentações e sofrimentos para a espiritualidade do que podemos imaginar. Ela abençoe os que são ricos enquanto são solícitos em abençoar e cuidar de outros, e especialmente do Reino de Cristo.

Nesse debate, o Dízimo ganha força, em seus múltiplos usos, e abusos, percebemos que ao mesmo tempo que rejeita-se a Teologia da Prosperidade, a leitura de Malaquias 3.10 parece soar como uma grande interrogação! Mas uma leitura atenciosa e contextualizada dessa passagem, pode ser útil para não manipularmos, desconsiderarmos ou exagerarmos, um tema que merece atenção de todo servo de Deus – o sustento da obra do Senhor.

Quero encerrar fazendo um apelo a você que está lendo essa postagem. O apelo vem logo depois do texto bíblico:

“E, quando iam, eis que alguns da guarda, chegando à cidade, anunciaram aos príncipes dos sacerdotes todas as coisas que haviam acontecido. E, congregados eles com os anciãos, e tomando conselho entre si, deram muito dinheiro aos soldados, Dizendo: Dizei: Vieram de noite os seus discípulos e, dormindo nós, o furtaram. E, se isto chegar a ser ouvido pelo presidente, nós o persuadiremos, e vos poremos em segurança. E eles, recebendo o dinheiro, fizeram como estavam instruídos. E foi divulgado este dito entre os judeus, até ao dia de hoje.” (Mt 28.11-15).

Os ímpios pagaram muito para que a notícia da Ressurreição não fosse divulgada...

Quanto você gasta ($), e se gasta, para que essa O Evangelho da Ressurreição do Mestre seja conhecido?