“3ª: Por que Moisés, no seu detalhado relato
da criação do homem, não deixa a mínima pista de uma “alma imortal” como
componente essencial da vida humana, exclusivo de sua existência, na criação? Observação: Seria esse o
momento certo de tratar do assunto, sendo que Moisés oferece tantos detalhes
dos atos divinos na obra da Criação em geral, e do homem, em particular.”
Percebemos
como o adventista possui uma prática de inferência abusiva. Ele infere que no
relato deveria ter a explicação da imortalidade da alma! Essa é uma
pressuposição negativa transportada ao texto, para causar uma impressão argumentativa
aos leitores, e assim ser usado como contra argumento à imortalidade da alma,
mas que não se sustenta com algumas simples considerações; Primeiro,
sabemos que o relato da criação do homem é detalhado, mas é ir além do que se
pretende no relato, e achar que ele DEVERIA SER exaustivo em todos os assuntos
relacionados ao homem, é uma exigência ilegítima. Segundo, uma simples
comparação do texto de Gn 2.19 com Ec 12.7/At 7.59/Lc 23.45, revela-se
que o argumento adventista é incompleto, biblicamente falando. Podemos
assim negar a revelação posterior desses textos, pois Moisés não falou sobre
isso? Independente do que o Adventista diga sobre o significado de “espírito”,
essa informação TAMBÉM NÃO FOI DADA!!! Como os senhores, Brito e Quadros, não
são os donos da Palavra de Deus, e não seria eles que determinariam se deveria
ou não aquele momento (“Seria esse o momento certo de tratar do assunto”?!?!) que essa informação deveria ser dada por
meio de Moises. Deus o fez no momento Dele para Sua glória e nosso benefício.
4ª: Por que Moisés emprega a mesma linguagem
(palavras exatas) para “alma vivente” tanto em relação ao homem quanto aos
animais (comparar Gên. 2:7 com 1:20 e Lev. 11:46)? Observações: Tradutores de
algumas versões da Bíblia traduziram as palavras hebraicas nephesh
hayyah como “criatura vivente” quando referindo-se aos animais,
contudo, não há a mínima variante. É exatamente a linguagem de que Moisés se
vale para tratar de “alma vivente” referindo-se ao homem.
Que argumento viciado e dopado pela
teologia adventista!
Então, deve ser também que o que
temos em cima dos ossos se chama carne, pelo que parece dos animais também, o
que temos dentro da cabeça se chama cérebro, animais têm cérebro... o que bomba
o sangue nos homens e animais é o coração, o que usamos para ver é chamado de olhos,
ouvimos pelo ouvido, parece também que os animais tem dentes, língua, e várias
outras partes com os mesmos nomes. No
entanto, em todos esses são diferentes
em sua constituição, e apenas uma dessas criaturas, apesar de tudo, é chamada de Imagem e
Semelhança de Deus. Deve ser isso... talvez eles desconsiderem que no caso
do humanos seja diferente ser criado por Deus – e ser por Ele considerado
diferente dos animais.
“5ª Por que
Moisés trata na mesma base o fôlego de vida do homem e dos animais, com
linguagem tão semelhante (Gên. 2:7; 6:17)? Observações: O fôlego de
vida não pode ser algo imaterial, imortal, que sobrevive à matéria, pois não há
tal definição bíblica para “alma”, e nunca tal palavra é modificada pelos
adjetivos “imortal” ou “eterno” na Bíblia toda. A expressão “fôlego de vida (neshamah)”
em Gên. 2:7 apenas indica que Deus soprou nas narinas de Adão, não uma alma
imortal, mas a respiração, pois é claro o paralelo entre tal termo, e ruach,
como em Jó 33:4. Esse paralelismo entre o “espírito de Deus”
e “o sopro do Todo-poderoso”, se acha com frequência na
Bíblia, como em Isa. 42:5; Jó 27:3; 34:14-15. Isso sugere que os dois termos
são usados intercambiavelmente, ambos fazendo referência ao dom da vida
concedido por Deus a Suas criaturas mediante esse fôlego vital.”
De certa forma essa
pergunta é quase a mesma da anterior, e ele para engrossar o caldo – ‘trinta
perguntas’ – ele só reformula a pergunta com outra ênfase. O que tem de novo é
a exigência dele que a palavra alma deve ter um adjetivo para a qualificar como
eterna ou imortal. Tal questionamento é fácil de responder. Em primeiro lugar, se ele aceitasse que a
etimologia das palavras – alma e espírito - comporta a proposta semântica de
que também significam “parte imaterial”, ele não exigiria isso. Simples assim. Segundo, Jesus em Mateus 10.28 e em Apocalipse 20.4, a alma está associada
nitidamente com a sobrevivência à morte do corpo. Nem acho que tais textos
precisam de explicações, estão tão claros que explicar é desrespeitar a
inteligência do meu leitor protestante.
6ª: Como prova
que o fato de Deus ter soprado particularmente o fôlego de vida no homem faz
com que tal fôlego seja uma “alma imortal”, quando não há a mínima informação
sobre isso transmitida pelo autor, o que seria algo de muitíssima importância para
definir a natureza humana?
7ª: Como prova que o fato de Deus ter soprado particularmente o fôlego
de vida no homem faz com que tal fôlego seja um “espírito imortal”, quando há
clara informação de que “o mesmo fôlego de vida” do homem é atribuído aos
animais, tanto no relato da criação, quanto milênios depois, nas palavras do
sábio Salomão (ver Ecl. 3:19-21)? Observações: Salomão
dedica-se a uma profunda reflexão da vida humana e mostra que “tudo é vaidade”,
já que nem mesmo na morte o homem leva vantagem sobre os animais. Se ele cresse
na imortalidade da alma, não empregaria tal linguagem para evitar ambigüidade
ou para não transmitir noções materialistas. Mas até a descrição dele da morte
do homem, com a retirada do fôlego de vida, se assemelha à forma como o
salmista se refere à morte dos animais (comparar Ecl. 12:7 com Sal. 104:25-29).
Mais uma vez o argumento do silêncio, parcialmente
argumento repetido. Brito estabelece a necessidade, e disse que é de muitíssima
importância definir a natureza humana. Estranho, que ali foi dito o necessário a respeito disso, a
humanidade foi criada à imagem e semelhança de Deus e isso inclui todas as
demais verdade que seriam desde então reveladas, ou estão pressupostas.
Afinal ali também não explica o que é ser imagem e semelhança!
Não, de fato, não.
Então ele recorre a textos que serão novamente
citados mais adiante, formando o tal ‘grande questionário’. Mas se trata de
poucas perguntas, girando em torno do toco. Os textos citados, de Salmos e de
Eclesiastes, é uma reflexão do ponto de vista humano, do que ocorre debaixo do
sol. E como eu disse na parte sobre os “alicerces”, Brito não recorre às
passagens bíblicas do NT para expandir sua visão a respeito do assunto.
Sobre o texto de Ec 3.19,21, respondo: ao
olharmos a morte de uma pessoa e de um animal, não há diferença alguma. Ambos
expiram e tombam, sangram e morrem, adoecem e falecem, envelhecem e se vão. Nesse
prisma de observação, nem sabemos para onde vão – ao olhar humanamente a morte.
Não há visivelmente nada que sai do homem e não sai do animal. Porém, creio que
um adventista não enterra o animal com algum serviço fúnebre, nem
ao menos deixa um corpo humano apodrecendo na beira de uma estrada.
Talvez seja porque, embora ‘pareça’ semelhante na morte, a dignidade de ambos é
bem diferente!
8ª: Por que o
salmista Davi confirma não só que animais e homens têm o mesmo fôlego de vida
(comparar Ecl. 12:7 e 3:19-21 com Sal. 104:25-29), como também que na morte
prevalece a inconsciência (Sal. 6:5, 13:3; 146:3-4) e a total inexistência
(Sal. 39:13) ? Observações: Davi reflete ainda profundos
pensamentos sobre a condição de não-existência dos que morrem no Sal. 88:3-6, e
indica que os que morrem não louvam ao Senhor, utilizando o significativo
paralelo sinônimo de “mortos” e “descem ao silêncio” (Sal. 115:17).
Observe alguns textos
citados novamente... tática de volume.
No caso do salmista
Davi, há algo nítido nessas suas afirmações a respeito da inabilidade na morte. Primeiro,
ele pensa em contexto de lutas e guerras, que o povo de Israel, e o próprio
Davi, passa. Deus fez promessas de dar uma terra abençoada e segura aos descendentes
de Abraão. As ameaças que lhes rodeavam, faziam com o povo da Aliança
encontrasse dificuldade em usufruir as promessas divinas para a nação física de
Israel. Moisés, quando ouviu de Deus a proposta de eliminar o povo de Israel quando
saiu do Egito, disse algo nessa direção:
“Disse mais o Senhor
a Moisés: Tenho visto a este povo, e eis que é povo de dura cerviz. Agora,
pois, deixa-me, para que o meu furor se acenda contra ele, e o consuma; e eu
farei de ti uma grande nação. Moisés, porém, suplicou ao Senhor seu Deus e
disse: Ó Senhor, por que se acende o teu furor contra o teu povo, que tiraste
da terra do Egito com grande força e com forte mão? Por que hão de falar os egípcios, dizendo: Para mal os tirou, para
matá-los nos montes, e para destruí-los da face da terra? Torna-te do furor da
tua ira, e arrepende-te deste mal contra o teu povo. Lembra-te de Abraão, de
Isaque, e de Israel, os teus servos, aos quais por ti mesmo tens jurado, e lhes
disseste: Multiplicarei a vossa descendência como as estrelas dos céus, e darei
à vossa descendência toda esta terra, de que tenho falado, para que a possuam
por herança eternamente. Então o Senhor arrependeu-se do mal que dissera
que havia de fazer ao seu povo”. Êxodo 32:9-14
Mais
teologia bíblica e menos teologia adventista, ajudaria Brito e Quadros, a não
cometerem esse erro de aplicação, sendo que aquele objetivo ressaltado na
pergunta de Brito, não era o objetivo do autor original.
9ª: Por que o
homem precisaria de uma alma imortal, já que não iria morrer, segundo o projeto
original da criação divina, e sim viver eternamente como um ser físico, num
paraíso físico (aliás, como também se daria com os animais) ? Observações: O pecado é um
intruso neste planeta que trouxe morte física e espiritual ao homem. Mas o
“plano de contingência” divino é a ressurreição final, uma providência tomada
APÓS o pecado, como parte de Seu plano restaurador. A ressurreição integra o
“esmagar a cabeça” da serpente no conflito entre o bem e o mal (Gên. 3:15), já
que a vitória sobre a morte ocorre em função da ressurreição dos mortos, não de
o indivíduo superá-la por contar com algum elemento espiritual que prevalece
sobre a morte (ver 1 Cor. 15:52-55).
A pergunta
é estúpida. Mas talvez a mãe da estupidez da pergunta seja a ignorância. Explico
– O fato de o homem ter uma parte imaterial, é por causa de seu contato com
Deus, não originalmente para ter algo que
sobrevivesse à morte. Aliás, nem sabemos como seria a eternidade de Adão e
Eva – eles teriam filhos por milhares de anos? Após comerem a árvore da vida, o
que de fato e em detalhes ocorreria? Não sabemos...
Voltando
à pergunta dos adventistas - ao percebermos as constantes advertências bíblicas
de que devemos amar a Deus em espírito
(Jo 4.24), que nossa alma louva a
Deus (Lc 1.46,47), que devemos estar preparados não apenas no corpo, mas no espírito
e alma (I Ts 5.23), e que em espírito devemos orar No Espírito Santo (Jd 20), são
expressões que nos auxiliam a entender que a espiritualidade não é apenas algo da mente humana, em sua capacidade racional – mas muito
mais, vai ao que Deus criou na humanidade como sendo algo transcendente.
“À
universal assembléia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus, e
a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos
dos justos aperfeiçoados;” Hebreus 12:23
Além
do que, tivemos nossos pais segundo a carne,
para nos corrigirem, e nós os reverenciamos; não nos sujeitaremos muito mais ao Pai dos espíritos, para vivermos?
Hebreus
12:9
E de igual forma
respondo a questão da ressurreição apresentada na pergunta. O homem não é humano
pleno sem seu corpo. A alma, não é o
homem, em sua totalidade. Apenas o espírito diante de Deus não encontrará sua
plenitude. Por isso o plano da ressurreição do corpo. Por isso o reinado é
prometido apenas ao estado glorificado, não ao estado intermediário. Já postei
tais elucidações aqui no blog. Há alguns textos que revelam isso. Veja um deles:
E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo
do altar as almas dos que foram
mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram. E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e
vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? E foram dadas a cada um compridas vestes brancas e foi-lhes
dito que repousassem ainda um pouco de tempo, até que também se completasse o
número de seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser mortos como eles
foram. Apocalipse
6:9-11
Esse texto revela, portanto, que o estado intermediário não é o satisfatório
e final no plano de Deus para a humanidade. O mesmo Jesus que prometeu o Paraíso
ao ladrão no dia da sua morte (Lc 23.43), foi o que prometeu ressuscitar os eleitos
(Jo 6.40). Nosso corpo terá que receber a glorificação, junto com a nossa alma.
Ressurreição e imortalidade da alma não são contraditórios. Apesar de os
mortalistas tentarem fazer que pareça que sim. Contradição haveria se a
ressurreição fosse para a “alma” que não morre. Mas a ressurreição é prometida,
ao corpo! “Creio na ressurreição do corpo”, diz o antigo credo.
10ª: Quando exatamente a “alma imortal” é
introduzida no ser vivo? Ao ser o óvulo fecundado? Ao sair o bebê do ventre
materno e respirar por primeira vez, já que se cria o paralelo fôlego de
vida/alma imortal? Observações: A dificuldade
de estabelecer o início da posse dessa “alma imortal” é imensa, sobretudo
quando os dualistas fazem a ligação ‘fôlego de vida/alma imortal’. Pois o feto
NÃO RESPIRA na bolsa maternal, estando envolvido por fluídos até ser dado à
luz.
Temos aqui uma grande dificuldade teológica.
Não há resposta bíblica. As especulações teológicas a respeito da origem da
alma giram em torno de preexistencialismo,
traducianismo e criacionismo. O renomado Teólogo Reformado, Louis Berkhof, afirma
que o tempo do surgimento da alma no indivíduo “não pode ser determinado com precisão” (Manual de Doutrina, pp.
95,96). Não temos informações bíblicas, embora a preferência seja a posição
criacionista. Temos informação bíblica que Deus é que formou o ser humano, e
isso inclui a sua alma. Quando isso se dá naqueles que nascem, porém, não nos é
revelado.
Ø
E
qual a dificuldade em relação à imortalidade
da alma?
A pergunta é apenas mesmo para ‘engrossar
o questionário’. Pois tal assunto não lida com a temática. Será que seria a
mesma de dizer que uma das características da imagem de Deus, que é a capacidade racional de uma pessoa - não existente em quem tem algum profundo e sério problema
mental, não confere a ela ser a imagem de Deus? Pessoas com paralisia cerebral, não tem a imagem de Deus? E as pessoas
com microcefalia? Essa é uma questão que quem não crê na imortalidade da alma
tem que enfrentar também, mas não no debate em mira, como que dando argumentos
para os imortalistas.
Continua...
7ª: Como prova que o fato de Deus ter soprado particularmente o fôlego de vida no homem faz com que tal fôlego seja um “espírito imortal”, quando há clara informação de que “o mesmo fôlego de vida” do homem é atribuído aos animais, tanto no relato da criação, quanto milênios depois, nas palavras do sábio Salomão (ver Ecl. 3:19-21)? Observações: Salomão dedica-se a uma profunda reflexão da vida humana e mostra que “tudo é vaidade”, já que nem mesmo na morte o homem leva vantagem sobre os animais. Se ele cresse na imortalidade da alma, não empregaria tal linguagem para evitar ambigüidade ou para não transmitir noções materialistas. Mas até a descrição dele da morte do homem, com a retirada do fôlego de vida, se assemelha à forma como o salmista se refere à morte dos animais (comparar Ecl. 12:7 com Sal. 104:25-29).
Hebreus 12:9