quinta-feira, 27 de julho de 2017

Augustus Nicodemus, Ezequiel Gomes e a Cristologia Adventista

No terceiro vídeo (AQUI), o adventista Ezequiel Gomes trata da parte que Nicodemus fala da Cristologia Adventista. Apesar de possuir uma definição doutrinária correta, para Nicodemus há dois problemas na postura doutrinária de Ellen White a respeito de Cristo – que Cristo seja o arcanjo Miguel e que teve uma natureza pecadora. Ezequiel Gomes diz que possui base bíblica para defender isso, e também cita João Calvino e Matthew Henry, como sendo alguns que defendiam tal posição. O Rev. Nicodemus rejeita essa interpretação, pronto. 

Nicodemus ventila outro assunto, a respeito da ressurreição de Moisés, etc. Daí Ezequiel sai (talvez em um tom bem alterado!) dizendo sobre o calvinismo, etc, etc. Ele defende o adventismo dizendo que Nicodemus também não têm base bíblica para dizer muitas coisas, então chega a chamar Nicodemus de “HIPÓCRITA”... Lamentamos esse descontrole, mas veremos se o Ezequiel Gomes vai suportar algumas coisas que vou apresentar aqui. (Não vou me ater ao que ele diz a doutrina do decreto do calvinismo, caso queira tenho algumas informações AQUI.)

Jesus Miguel, a herança ariana adventista. Como sabemos a cristologia adventista do início da suposta igreja verdadeira remanescente, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, foi bem mais herética do que podemos ver hoje.

“[os adventistas] nem sempre, porém, aceitaram a doutrina cristã histórica da Trindade. Nas primeiras décadas eles rejeitaram como antibíblica, católica romana, contrária à razão, a qual impunha uma cristologia de dupla natureza que parecia negar a expiação divina. Por terem sido no passado membros da Conexão Cristã, Tiago White (1821-1881) e José Bates (1791-1872) entre outros, seguiam uma forma de arianismo quanto à origem pré-encarnacional de Cristo. Alguns consideravam Cristo um ser criado; a maioria uma emanação do Pai. Não lhe negavam o direito, porém, a divindade nem o direito de ser chamado de Deus e ser adorado como tal.” (Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia, p. 223,224).

A maioria dos fundadores do adventismo do sétimo dia não poderia unir-se à igreja hoje se tivesse de concordar com as “27 Crenças Fundamentais” da denominação [...] Para ser mais específico, eles não poderiam aceitar a crença número 2, que trata da doutrina da trindade [...] Semelhantemente, a maioria dos fundadores do adventismo do sétimo dia teria dificuldade em aceitar e crença fundamental número 4, que afirma a eternidade e a divindade de Jesus [...] A maioria dos líderes adventistas também não endossaria a crença fundamental número 5, que trata da personalidade do Espírito Santo.” (Em Busca de Identidade, pp. 16,17).

Como estava Ellen White nisso tudo? É um fato que ela se manifestou mais para o lado ortodoxo após a morte do seu marido semi-ariano. Se ela foi ou não trinitariana, antes, não se há tanta certeza, mas seus escritos posteriores apresentam um forma diferente de ver a Cristo, em comparação com os primeiros 40 anos dos Adventistas. Bem, uma profetisa calada mesmo...

“Ellen White foi uma das poucas pessoas entre os líderes pioneiros adventistas que não era agressivamente antitrinitariana. Conquanto isso seja verdade, também é fato que suas antigas declarações não são claras quanto ao que cria.” (Questões Sobre Doutrina, p. 71, nota).

“Será que ela mudou de uma visão semi-ariana para uma trinitariana, ou mantinha privadamente uma opinião trinitariana todo tempo? Não é possível apresentar uma resposta taxativa a este respeito.” (A Trindade, p.239).

A crença que Jesus era Miguel, é um resto desse aborto herético, não que houve alguma base deles na interpretação equivocada de outros autores, mas sim que a maneira de dizer que Jesus era um anjo, era a melhor maneira de negar a divindade absoluta de Cristo. Uma vez abandonada a postura ariana ou semi, ficaram ainda com esse um ‘remanescente’ desse pensamento. Engraçado que no fim  da citação acima, é dito que eles, os pioneiros, não lhe negava o direito de ser adorado – então se esse Cristo era uma criatura ou emanação do Pai, eles por sua vez adoraram uma criatura?

Mas será que mudou mesmo realmente para o Trinitarismo Clássico, Ortodoxo, Bíblico? Não!!! Outro problema na cristologia adventista, e aqui sim, lamento que o Rev. Agustus não tenha trabalhado, é que até hoje eles não possuem a mesma compreensão da divindade essencial de Cristo como possuem as igrejas históricas (como eu provo nesse artigo AQUI). Embora usem os dois lados da boa para falarem que sim!! Veja mais uma vez a prova dessa duplicidade:

“I EM HARMONIA COM OS CRISTÃOS CONSERVADORES E OS CREDOS PROTESTANTES HISTÓRICOS, CREMOS: [...] 2 Que a Divindade, a Trindade, compreende Deus o Pai, Cristo o Filho e o Espírito Santo.” (Questões Sobre Doutrina, p. 50[grifos acrescentados). Essa afirmação, viera a ser uma falsa informação.

“A declaração de Ellen White não só descartava o erro básico incluído na primitiva cristologia adventista e na doutrina de Deus, a saber, o subordinacionismo temporal do Cristo preexistente, mas também da doutrina clássica (Dederen, 13) que envolvia a eterna e ontológica* subordinação do Filho.” (Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia, p. 169 [* Notem que aqui é uma falsificação da interpretação cristã, não é isso que cremos!!]).

Ou seja, o problema na cristologia adventista envolve que Jesus não é gerado, e pior, e ele existe essencialmente distinto do Pai. Mais informações acessem o link que apontei.

Jesus com natureza pecaminosa – Aqui envolve mais uma daquelas complexidades. Me lembro quando fui ler sobre esse assunto, percebi que havia duas frentes no adventista, desbocando numa tal doutrina deles de uma “última geração”. Nem vou perder tempo agora. E embora o Sr Ezequiel diz que Augustus não diz tudo sobre o assunto, ele mesmo apresenta uma sentença para resolver a questão. Além disso, Nicodemus ficou apenas na informação, de que se Jesus tiria natureza pecaminosa, ele não disse que os adventistas crêem que Jesus pecava, como o Ezequiel acusa que Nicodemus tenha dito. 

Mas o que dizer desse assunto - o adventismo ensina que Jesus tenha uma natureza pecadora? Resumo aqui de forma simples: Ainda que já houve expressões dos dois lados, Ellen White jamais disse que Jesus pecou. Mas tanto disse que Jesus tinha e não tinha uma natureza que recebeu o pecado como punição. Essa confusão toda, o autor e historiador adventista George Knight, diz nas notas do livro Questões Sobre Doutrina:

“[...] é muito mais difícil justificar a apresentação e a manipulação de dados dos delegados adventistas sobre a natureza humana de Cristo.” (p.14).

“alguém pode apenas especular sobre o diferente curso da história [...] se Froom e seus associados não tivessem sido divisivos na sua manipulação das questões relacionadas à natureza humana de Cristo [...]” (p. 21).

Knight após citar algumas afirmações confusas de Ellen White a respeito da natureza pecaminosa de Cristo, e compará-las ao que os autores de QSD disseram e apresentaram, ele afirma honestamente: 

Essas citações, como se poderia esperarforam deixadas de fora da compilação de Questões Sobre Doutrina.” (p. 438).


Assim, o Rev Nicodemus teria que fazer doutorado em Torre de Babel, para entender toda essa salada presente na cristologia adventista da Nossa Senhora Adventista de Todos os Sonhos

Um comentário:

  1. Os ASD não são trinitarianos --trinitários-- e isso pode ser facilmente demonstrado.

    Ellen White ensinou que Deus Pai gerou O Filho de si mesmo em épocas tão imemoriais que para nós se confunde com a própria eternidade.

    Ela disse que o Filho é tão eterno quanto Deus Pai, porque este imprimiu o seu caráter divino no Filho ao tirá-lo de si mesmo, mas ele teve um princípio em Deus.

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